2006/03/30

Que confusão de brócolos

Cara Fernanda Câncio:
Sei que é uma mulher de causas, e isso parece-me muito bem. Mas nem todas as causas têm a mesma importância, e algumas podem não ter mesmo importância nenhuma, para não dizer que me parecem erradas. Parece-me ser esse o caso da última causa que decidiu abraçar: a do preço dos brócolos no El Corte Inglés. Deixe-me lembrar-lhe uma ou duas coisas. Ninguém vai ao El Corte Inglés à procura de bons preços. O que se compra no supermercado do El Corte Inglés é bem exemplificado nos tais brócolos lavados e sem pé que a sua empregada lhe trouxe. O El Corte Inglés é para isso mesmo: para pessoas da média e alta burguesia mandarem as empregadas fazerem as compras, sem se preocuparem grandemente com os preços. Um supermercado para betinhos. (Espero que o Rodrigo Moita de Deus concorde.) Sobretudo, nenhum cliente do El Corte Inglés inventa causas ou escreve no blogue a queixar-se por três euros. Se tivesse a Fernanda comprado os brócolos na mercearia do seu bairro em vez de mandar a empregada comprá-los, teria ficado muito melhor servida. Para além da mercearia há muitos outros super e hipermercados onde pode fazer compras a preços mais baixos. Sugiro-lhe sobretudo: deixe as causas em paz por um bocadinho, deixe a empregada doméstica com as actividades domésticas propriamente ditas e vá a Fernanda às compras. Experimente e vai ver que descobre coisas muito curiosas. Siga os exemplos que lhe são próximos, mesmo ao lado: o do seu colega de jornal João Miguel Tavares, que ainda há umas semanas publicou no DN um estudo muito interessante sobre supermercados e preços. Ou o do seu colega de blogue João Pedro Henriques (a maior sumidade blogosférica em comércio alimentar a retalho). Vai ver que não se arrepende.
Aceite os meus cumprimentos respeitosos.

7 comentários:

sabine disse...

Caro: os broculos sao exemplo de tudo o que queira. O modo como sao fabricados, como, por quem e quanto custam. Acho que uma causa por 3 euros é uma causa justa (ainda para mais hoje, que tudo custa um dinheirão).

sabine disse...

Já vo causas que nem 3 cêntimos mereciam... Esta não é uma delas!

Anónimo disse...

Mas como é que a senhora - sempre tão preocupada em alardear que não é suburbana... já foi n vezes a NY, usa Prada, moleskines, bebe kefir... etc coisa e tal... - haveria de anunciar que tem "empregada doméstica"??? Ainda há tempos ela dizia que era um castigo carregar os sacos de lixo até ao ecoponto... Reparem na evolução social... agora já tem empregada doméstica! E exemplo para a nação de mulheres empenhadas em causas revela que se preocupa com o preço dos legumes. De treta em treta, Fernanda Câncio, vai revelando que não tem "chá" algum e que, oportunisticamente, vai esbracejando para atirar água aos olhos dos circundantes na vaga ilusão de querer ser modelo de coisa nenhuma.
Ficamos é a perceber porque é que ainda se põe a questão de quotas femininas...

Anónimo disse...

Nem é pelos preços praticados que é ridícula a crónica/causa da dita senhoreca, porque ninguém obriga ninguém a comprar lá seja o que for! É ridículo é que a senhoreca ainda não percebeu que quanto mais barafusta menos se lhe liga! Então, quando escreve que está "em fúria" como se a alguém intimidasse... é o máximo! Assim, a modos de Margarida Rebelo Pinto...

Filipe Moura disse...

Eu não faço compras lá também por causa de todo o conceito da loja, que me desagrada. Mas já lá fui ao cinema uma ou outra vez. Quando fui ver o Good Bye Lenin estava lá o Jorge Sampaio e a Maria José Ritta.
Ah, Sampa... O que eu gostava de ir a Sampa! Tenho um blogue cujo título vem de Sampa, e eu nunca fui a Sampa...! Há de chegar o dia!

Filipe Moura disse...

É mesmo essa a impressão que eu tenho de São Paulo, Ana: uma Nova Iorque lusófona e mais pobre, talvez com ainda mais contrastes que a original. Quando acabei o doutoramento poderia ter escolhido Paris ou São Paulo para pós doutoramento (foram os dois sítios de onde tive ofertas de pós-doutoramento). Depois de NY as duas cidades que em poderiam encher as medidas... Escolhi Paris (que também não conhecia) e não me arrependi nada, mas tenho a certeza de que também seria feliz se tivesse escolhido São Paulo. Há de vir, pelo menos uma viagem, mas não pode ser para já. Mas há-de vir.

António Conceição disse...

Não tenho ideia que o "El Corte Inglés" venda especialmente caro. O que não vende é artigos baratos. Quer dizer, não tem, com certeza PCs de marca branca como muitas outras lojas de computadores.Mas os MACs que vende, penso eu, não mais caros do que os MACs em qualquer outro estabelecimento.
Do mesmo modo, não vende roupa barata. Mas a que vende da "Hugo Boss" da "Gant" ou da "Hermenegildo Zenha" não me parece mais cara do que a das outras lojas que também a venda. Digo eu, que só compro roupa sem marca.