2015/09/29

Se alguém lhe falar em "momento", isso é impulso

Em inglês, o que nós designamos tecnicamente por "momento linear" (na escola secundária por "quantidade de movimento", um nome bem primitivo) é designado pelo termo em latim "momentum". Essa designação é frequentemente extrapolada para a política, em contexto de eleições: "the candidate has the momentum". A tradução deste "momentum" para português como "momento" é frequente, mas infeliz: dizer-se que "o candidato tem momento" soa sempre absurdo, e só é eventualmente percetível para quem souber o que é o momento linear.
Provavelmente consciente disso, Ana Sá Lopes aqui utilizou o termo original (do latim) que se usa em inglês, "momentum", em vez da tradução "momento". Uma vez mais, creio que não resulta percetível.
A tradução (em português do Brasil) da "Mecânica", do Curso de Física Teórica de Landau e Lifshitz, refere-se a "impulso" para o momento linear. (Por comparação, nessa mesma tradução o momento angular é "momento do impulso"! Compare-se com a designação "moment of momentum" que é dada ao momento angular nalguma literatura em inglês - tudo é consistente e faz sentido.) Creio que é essa mesma a melhor designação para o "momentum" em política - é clara, rigorosa e não requer conhecimentos técnicos de Física. Daqui lanço um apelo: senhores jornalistas, deixem de dizer que "o candidato X tem momento", e passem antes a dizer "tem impulso" ou "ganhou impulso", que soa muito melhor.