2008/08/22

Turismo científico

Vou ali a Veli Losinj. Na volta passo pela Itália. Volto em Setembro.

Cem anos de Henri Cartier-Bresson


Sem palavras. So a imagem.

2008/08/21

Parabéns ao SLB!

Não sou capaz de seguir os Jogos Olímpicos em termos de nacionalidade, pelo que considero ridículas as discussões como a da nacionalidade de Francis Obikwelu. Querer ganhar mais medalhas nos Jogos Olímpicos que outros países é típico de ditaduras e países imperialistas. Os Jogos Olímpicos valem sobretudo pelos atletas. Da mesma forma, não sou capaz de me referir à selecção nacional de futebol, ou mesmo à minha equipa, no plural. Nunca digo “ganhámos”: digo “eles ganharam”. Fazer aproveitamentos políticos, à esquerda ou à direita, de resultados desportivos irrita-me.
Consistentemente com o que escrevi há quatro anos atrás, eu, sportinguista empedernido, tenho que dar os parabéns ao Benfica. Faz muito mais sentido ver os triunfos de atletas do Benfica como do Benfica do que de Portugal. Parabéns ao Benfica, mas acima de tudo parabéns à Vanessa Fernandes e, sobretudo, ao Nelson Évora. E a quem vê o número de medalhas nos Jogos Olímpicos como o índice de desenvolvimento de um país eu sugiro: e se se preocupassem mais com as medalhas nas Olimpíadas de Matemática ou Física?

2008/08/20

Esta não é a Ana Sá Lopes

Ainda o assalto à agência de Campolide do BES. Numa crónica no suplemento Gente do DN de sábado, Ana Sá Lopes insurge-se contra quase toda a opinião publicada na imprensa e na blogosfera, que apoia incondicionalmente a suposta arbitrariedade da polícia, sendo que praticamente a única excepção viria da parte de João Miranda, no DN e no blogue Blasfémias. "Esta não é a minha polícia", afirma a jornalista, indignada, e pede ao ministro da Administração Interna que diga ou faça alguma coisa "de esquerda".
Ninguém deveria ter ficado feliz com a morte do sequestrador. É verdade que muitos comentadores parecem ter ficado, mas tal não resulta de se aceitar a acção da polícia neste caso. Eu e muitas outras pessoas apoiámo-la como mais um entre tantos males que infelizmente por vezes são necessários, mas sinceramente lamento a morte (e como eu, tenho a certeza, muita gente).
Dito isto, creio que há um equívoco da parte de Ana Sá Lopes relativamente à posição de João Miranda. Não vi João Miranda lamentar nenhuma morte. Conforme já aqui escrevi há uns dias atrás, o que incomoda João Miranda em todo este processo não é a morte do sequestrador em si, mas o facto de esta ter sido perpetrada pelo Estado (neste caso, representado pelo agente da polícia). Permitisse a legislação o livre porte de armas, resultasse a morte do sequestrador, nas mesmas circunstâncias, da acção de um segurança privado do banco ou de qualquer outro civil armado (mas nunca de um agente do Estado) e tudo estaria bem para João Miranda. Até poderia ser não só um mas vários sequestradores a morrerem. É esta a forma de pensar da direita libertária.
Embora não concorde, posso respeitar a opinião de quem acha que a polícia não deveria ter aberto fogo, dependendo dos argumentos apresentados (gostaria era de saber qual seria a sua opinião se estas pessoas fossem os reféns). Agora, pedir ao ministro que "faça alguma coisa de esquerda" e, no mesmo texto, invocar a direita libertária, como faz Ana Sá Lopes, é que me custa a perceber. Parece-me que se é assim, como diria outro Lopes, está mesmo tudo doido...
Com os seus cronistas supostamente de esquerda a invocarem desta forma a mais direitista das direitas, quem se fica a rir é o director João Marcelino.

2008/08/19

Os fatos dos nadadores

Acerca da proeza de Michael Phelps, tem havido muita discussãoa cerca dos fatos dos nadadores e da influência que estes têm no seu desempenho, sendo por isso mais fácil atingir melhores marcas hoje em dia, com os fatos modernos, do que era, por exemplo, no tempo de Mark Spitz.
Para resolver esta polémica, proponho que todas as provas de natação passem a ser disputadas... em pelo. Nadadores e nadadoras como vieram ao mundo.

2008/08/18

"É doce morrer no mar.."


Graças à Maria João Pires, fiquei a par da triste notícia: Dorival Caymmi morreu. A propósito, recordo o texto que escrevi na ocasião dos seus noventa anos. Tem um vídeo (uma interpretação de Maracangalha com a família Jobim) que é uma delícia que vale sempre a pena recordar.

2008/08/17

Começar bem


Quero ver muito essas línguas ao longo da temporada.

2008/08/13

O outro texto do João Miranda

Refiro-me agora ao texto publicado no Blasfémias sobre o assalto à dependência do Banco Espírito Santo em Lisboa. Começo por esclarecer a minha posição: concordo com o procedimento da polícia. Embora lamente sinceramente que tenha sido perdida uma vida, estavam outras vidas, perfeitamente inocentes, em jogo, pelo que creio que a opção não poderia ter sido outra. Dito isto, também não concordo que se equivalham as posições do João Miranda e da maior parte das pessoas que criticam a actuação da polícia neste caso. É que quis-me parecer (mas posso estar errado) que o que mais incomoda o João Miranda é, mais do que a morte em si, o facto de esta ter sido perpetrada por um agente do Estado (polícia, neste caso). Sendo assim, e para esclarecer melhor esta minha dúvida, gostaria de colocar algumas questões ao João Miranda, nomeadamente:
  • Qual é a opinião do João Miranda sobre a pena de morte? O João já escreveu sobre isto, mas não é um juiz um agente do Estado?
  • Qual é a opinião do João Miranda sobre o livre porte de armas?
  • Tomaria o João Miranda a mesma posição sobre a morte caso a mesma operação de resgate (com a mesma morte do assaltante) tivesse sido efectuada por um privado? Digamos que por vigilantes contratados pelo próprio banco e não pelo Estado?
Obrigado pela atenção, e peço desculpa se alguma destas respostas já foi dada nos quase 400 comentários ao referido texto (não me é possível lê-los). Aguardo pelos esclarecimentos, se possível.

Grande texto, João Miranda

Refiro-me a este, publicado no DN de 9 de Agosto. Começa por ser sobre o computador "Magalhães", mas vai muito para além deste assunto. Leiam (também no De Rerum Natura), que vale bem a pena.

2008/08/08

08-08-08, 08:08

No início do milénio toda a gente reparava nestas datas; agora, talvez por ser Agosto e menos gente estar a trabalhar, ninguém repara (e já só "falta" uma neste século: 09-09-09). Ninguém repara excepto os chineses, que hoje e a esta hora decidiram começar os Jogos da XXIX Olimpíada. Mas no calendário chinês isto fará algum sentido especial?

2008/08/07

Morreu o bispo de Aveiro

Soam os sinos na igreja sem parar.

2008/08/01

Alô Gil, aquele abraço


Quando chegou ao Ministério da Cultura, foi aclamado internacionalmente como o sucessor de Nana Mouskouri. Mas não deixou de fazer exigências: queria ter tempo para continuar a fazer as suas digressões e dar os seus espectáculos mundo fora. Pior: não queria “perder dinheiro” por ser ministro. Era essa a justificação oficial.
Lula mesmo assim aceitou, e o Brasil passou então a ter o “ministro cantor”.
Eu não estou em condições de julgar o seu trabalho enquanto ministro, e nem é esse o meu objectivo neste texto. É claro que era engraçado e original o Brasil ter um ministro que de dia tinha reuniões políticas e à noite actuava em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, ou em Paris, na Praça da Bastilha. Mas também era agradável para o cantor em questão ser reconhecido como “o ministro”, e seguramente tal não o tornou menos famoso. Nem as iniciativas dentro e fora do Brasil por si patrocinadas. Posso testemunhar as iniciativas associadas ao “ano do Brasil em França “ (2005): o seu nome aparecia em maiúsculas, sempre em lugar de destaque (e sem nenhuma comunicação ou outro motivo que o justificasse). Não bastava a referência às entidades em abstracto (neste caso o Ministério da Cultura): nunca faltava o “Ministro da Cultura - Gilberto Gil”.
Ficou famosa uma greve prolongada dos funcionários do seu ministério (que praticamente o parou) a exigirem melhores salários. Gil não demonstrou nenhuma solidariedade para com o ministro das Finanças, seu colega no governo: preferiu refugiar-se em mais uma digressão pelo estrangeiro e dizer que nada sabia nem tinha a ver com o assunto.
Podem ter-se visto muitos resultados desta passagem de Gil pelo Ministério da Cultura do Brasil; para além do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (que é justo destacar), já disse que não sei. Sei o que nunca se viu (pelo menos que eu tenha dado por isso): um ministro com sentido de Estado, sentido de dever, ética republicana, espírito de missão. Gil sempre se achou mais importante que o país ou o seu ministério. Por “dificuldades para conciliar as atribuições oficiais do cargo de ministro da Cultura com a sua carreira artística”, Gilberto Gil já não é ministro da Cultura do Brasil. E o Rio de Janeiro continua lindo.