2006/06/04

A verdade inconveniente e a verdade insurgente

Para encerrar esta questão. Sou um defensor das boas traduções, e ao contrário de certos amigos meus eu prefiro ler um livro numa tradução portuguesa, sempre que esta exista. (Neste momento por acaso até sou responsável pela revisão científica da tradução portuguesa de um livro de divulgação de um físico holandês.) Como utilizador do Babelfish reconheço perfeitamente a importância de um bom tradutor, e sei que este precisa saber muito mais do que línguas. Não deveria ter usado a expressão "tradutor" no texto A Verdade Inconveniente; tal não era necessário para reforçar o meu ponto de vista: o facto de o Rui Oliveira estar a emitir opinião sobre um assunto que não domina. Claro que eu também faço isso (e a maior parte dos blogues) e ainda bem; a opinião é livre, e não se tem de todo de se escrever só sobre aquilo em que se tem formação académica! Só acho que, especialmente se for esse o caso (de não se ser especialista na área) um autor deve fazer um esforço de se informar e não estar simplesmente a repetir chavões (noutra altura chamava-se a cassete). Claro que mesmo assim o Rui Oliveira tem o direito de se limitar a repetir aquilo que (do meu ponto de vista) são só chavões; a opinião é livre. Mas por isso mesmo também eu tenho o direito de afirmar que ele se limita a escrever chavões, quando for esse o caso.
Quanto ao julgamento do André Azevedo Alves sobre as minhas "capacidades cognitivas", não me poderia afectar menos. Não me afecta a opinião sobre as minhas capacidades cognitivas de um indivíduo que acha que a fonte suprema de todo o conhecimento é a Bíblia. Os meus conhecimentos não vêm na Bíblia, é um facto. Não sei ao certo quais serão as minhas capacidades cognitivas, mas acho que elas ainda serão suficientes para saber identificar métodos de um fanático obscurantista.

2 comentários:

Rui Oliveira disse...

Filipe, por mim também encerro de bom grado a questão. Quanto à questão do tradutor, tal como eu dizia, folgo em ver que a nossa posição, afinal, não é distinta. Também eu recorro a especialistas quando preciso para s minhas traduções, como, por outro lado, há alguns especialistas, quando são eles que fazem as traduções que, frequentemente, pedem a minha revisão, sobretudo ao nível de português, mas também a nível de terminologia (sobretudo quando se tem que cunhar novas palavras, há que atentar às regras de formação em português, mas não só...).

Quanto há questão dos chavões. Bem, os chavões estou sobretudo no campo dos adeptos do aquecimento global antropogénico, não acha? A nova ideia da CE com uma campanha que diz que nós, individualmente, podemos controlar as alterções climáticas é um pouco ridícula, não? Há um furacão mais forte, a culpa é do aquecimento global e do homem. O Verão é mais quente, a culpa é do aquecimento global e do homem. Os Invernos são mais frios, a culpa é do aquecimento global do homem, etc., etc. repetido até exaustão. Se isto não é um chavão, é o que? Ciência? Peço desculpa, mas climatologia baseada em modelos ainda não me convence.
Quanto mim, meu caro, sem ressentimentos, mas continuo a pensar que os chavões não estão com quem é céptico em relação ao aquecimento global, mas, sobretudo, entre quem o defende.
Eesperemos por evoluções futuros da ciência.

Peregrino a Meca disse...

"climatologia baseada em modelos ainda não me convence."
So por esta frase, lamento informar-lhe a perda de credibilidade para falar de questões directamente relacionadas com os aspectos "técnicos" da ciencia (qualquer).
Mas não ha razão para preocupações, todos os outros temas cientificos estão plenamente abertos: etica, historia da ciencia, implicacões sociais e legais, situação actual dos cientistas portugueses... muitos temas, qual deles o mais interessante.