2006/06/27

No Vondelpark de Amesterdão

...durante uma partida de ultimate frisbee, um jogo muito engraçado e que eu desconhecia. Mas que requer uma boa preparação física, especialmente se jogarmos com a táctica da marcação homem-a-homem. Tentei marcar jovens de vinte e poucos anos. Está certo que um deles nas horas vagas corre maratonas, mas ainda assim logo se revelou a minha falta de fôlego. O único jogador que eu consegui marcar minimamente foi o meu orientador de doutoramento, com mais vinte anos do que eu.
Como com qualquer tipo de jogo que requeira coordenação motora, cedo revelei a minha inépcia: um disco ou uma bola lançados por mim nunca se sabe onde vão parar; a sua localização final é uma variável aleatória. O capitão da equipa, e praticante mais entusiasta da modalidade, dava-nos instruções. No meu caso, e aos outros azelhas, como lançar o disco correctamente: como o segurar, como colocar o braço, a altura a lançá-lo. Éramos jogadores de diversas nacionalidades: para além de mim havia indianos, marroquinos, checos, franceses, holandeses. A maioria deles bons jogadores. Mas ninguém se ria dos azelhas; antes procuravam ajudar-nos a jogar melhor, incitavam-nos e encorajavam-nos. Se fosse em Portugal, se fossem portugueses, à primeira azelhice que surgisse toda a gente se estaria a rir e a humilhar o azelha. A pequenez e a falta de auto-estima do povo português reflectem-se nestes pequenos pormenores. Pequenez na subserviência para com os poderosos e no fazer pouco dos mais fracos. Falta de auto-estima quando muitas vezes outros azelhas se reúnem na risota geral.
Fica a fotografia a documentar um fim de tarde agradável e bem passado com um jogo colectivo, como há muito tempo eu não tinha. Nem sei se alguma vez tinha tido.

Sem comentários: