Ao contrário de a muitos comentadores que o acusam de “provincianismo” – mas, que, curiosamente, até votaram nele... -, a mim agradou-me a entrevista de Aníbal e Maria Cavaco Silva à SIC onde o Presidente da República se queixava do “picante”. “Eu e a minha mulher não somos apreciadores de picante”, relatava Cavaco, muito rígido, muito sério, para a câmara, enquanto por trás dele a mulher ia metendo umas deixas, qual comadre coscuvilheira (para não dizer emplastra): “temos comido muito iogurte, e muitas frutas...” Achei aquele momento cândido e genuíno, achei aquele casal ternurento, um bom representante do que seria a generalidade dos casais portugueses em visita à Índia. E têm todo o direito de não apreciar picante na comida e de não o esconderem, tal como eu não aprecio especialmente comida japonesa e também não o escondo.
Significa isto que me estarei a render ao cavaquismo, exactamente um ano após a sua eleição, devido talvez a um primeiro ano de mandato que tem sido notoriamente pouco picante (deve ter sido cozinhado pela Maria)? Nem pensem nisso. Durante entrevistas na visita à Índia, Cavaco deixou bem claro que continua a pôr o crescimento económico e a criação de riqueza à frente de qualquer outra meta, pouco ou nada se importando com a justeza da distribuição dessa riqueza. Sobretudo falou na “alta produtividade” dos cidadãos indianos, e de como para isso contribuía uma lei segundo a qual os feriados eram celebrados numa data móvel, próxima do fim de semana, “tal como em Inglaterra”. E, obviamente, tal como ele tinha querido fazer durante um dos seus governos, e “não o tinham deixado”. Quinze anos passaram, e ele não se esquece. Não se iludam. O Prof. Cavaco continua a ser ele, e só ele, a saber o que é bom para o país. O Prof. Cavaco quer acabar agora tudo o que não acabou enquanto primeiro-ministro. Dias mais picantes virão.
2007/01/22
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5 comentários:
A cházada que estamos a levar do Cavaco está mesmo a precisar de um farrapinho de leite...
Esta,mos a levar uma chazada, lá isso estamos.
Nada disto é de espantar mas não se esqueçam que o homem é o mesmo. Pode já reconhecer que por vezes se engana mas creio que continua a não ter dúvidas...
hmmmmmmm, sushi! não partilho a tua falta de apreço pela comida japonesa. por mim comia salmão cru todos os dias e duas vezes ao domingo. também gosto de comida indiana, mas com pouco picante.
quanto ao resto do post é só política, não me diz muito. agora quando o assunto é comida, conta comigo! ;)
Tem graça que, pela minha experiência pessoal, eu julgava que só miúdos de vinte e tal anos gostavam de comida japonesa. Quando se chegava aos 30, deveria ter-se melhor gosto, ó Nélson...
Bem, comida japonesa é coisa que eu nunca apreciei muito. Sempre fui um adiantado mental.
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