2006/11/08

Eu te amo

Conheço várias pessoas que consideram esta a mais bela canção de amor alguma vez escrita. Não concordo. Quando muito, é talvez a mais carnal das canções de amor, com versos como “se nos amamos feito dois pagãos/teus seios ainda estão nas minhas mãos” ou “se na desordem do armário embutido/meu paletó enlaça o teu vestido/e o meu sapato ainda pisa no meu”. Chamem-me lírico, mas nesta canção o meu verso preferido é mesmo o “meu sangue errou de veia e se perdeu”. É uma canção para relações bem maduras; não é a canção ideal para começar uma relação. Eu deveria ter-me apercebido disso naquele recital de poesia na Casa de Portugal da Cite Universitaire de Paris, quando a recitei do princípio ao fim. Ontem, obviamente, voltei a cantá-la sem me enganar.
Seguiu-se Palavra de Mulher, a única canção da Ópera do Malandro neste espectáculo. Também a cantei toda.

O relato continua amanhã.

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