2007/05/17

Dr. House: transmissão eminente

Cenas comuns na TV portuguesa: a excelente série Dr. House sempre deu na TVI às quintas à noite. Esta semana - não se sabe se excepcionalmente, se será a regra - a série dá à quarta. Não se sabe se dá outro episódio amanhã ou não. Hoje não vinha nada nos jornais. Amanhã, provavelmente, os jornais anunciarão a transmissão do episódio que foi transmitido... hoje.
Os espectadores não podem fazer nada. Se querem ver o Dr. House, só podem estar sempre sintonizados na TVI. Se quiserem ver as novelas e séries da SIC, só podem estar sempre sintonizados na SIC. Nunca se sabe o que é que os programadores vão fazer à última da hora.
Tentar alterar alguma coisa? Propor uma lei? Não se pode. Tudo em nome da liberdade, claro. Da liberdade... das estações de televisão.

16 comentários:

Luís Aguiar-Conraria disse...

No fim-de-semana ouvi o anúncio na TVI de que a série passava a ser às quartas-feiras. Ontem ainda estive até à meia-noite e meia à espera, mas depois desisti.
Mas fica a informação, em princípio mudou para as quartas-feiras.

Nelson disse...

não sei até que ponto é útil ou recomendável uma tal lei. Essa lei iria estipular padrões de qualidade de um serviço prestado. Deverá essa lei também estipular o tipo de jornalismo dos noticiários? Quanto muito as falhas da TVI enquadram-se no campo da publicidade enganosa, prometendo um serviço e depois recusando-se a prestá-lo. Como consumidor tens bom remédio: não consumas o produto. Se vais a um restaurante que serve má comida (não tou a dizer estragada, tou a dizer mal temperada, pouco saborosa ou coisa no género) exiges uma lei a determinar a qualidade da ementa? Ou passas a escolher outro restaurante?

Para quem não se importa de pagar para ter um serviço melhor tens a TV Cabo e a Fox. Podes ter o serviço de TV+Net 2Mb+Telefone por 35 euros/mês, 41 euros/Mês se quiseres ter o pacote que inclui a Fox. Isto na AR Telecom, o Clix deverá ter serviços análogos e talvez mais baratos porque permite selecção de canais à la carte.

Se não queres pagar por um serviço melhor terás de te contentar com um serviço de pior qualidade ou então aproveitas o facto de sacar coisas da net para consumo próprio não ser penalizado (e recomenda a UE que não seja considerado crime) e sacas os episódios no Bit Torrent.

Eu tenho Fox, vejo o Dr. House todos os dias, religiosamente às 23:15 (3ª temporada) com repetições de séries antigas ao fim de semana. E também saquei a 1ª season pelo BT. Aguardo o fim do mês para sacar a segunda para não ultrapassar o limite de tráfego.

Nelson disse...

PS: "sacar coisas para consumo próprio não ser penalizado" no quadro actual quer apenas dizer que o alvo das investigações judiciais não é quem saca mas sim quem as partilha na net ou vende para benefício próprio.

Unknown disse...

Nelson, na vez de propores ao rapaz que atente contra os direitos de autor, deixa-o lá propor a lei dele ...

Filipe Moura disse...

lfaguiar, pois: foi anunciado... na TVI!
Nelson, a antena de televisão é um serviço concessionado pelo Estado. Não é como ires a um restaurante (podes sempre na próxima vez ir ao do lado): é mais como um transporte público. A alteração da programação é comparável a tu esperares um autocarro a uma dada hora, ele só aparecer muito depois e ainda por cima não ir para onde estava anunciado, porque ao motorista assim apetece (e tu só descobres isso quando estás lá dentro)!

Luis, não preciso das propostas do Nelson... :)

Luís Aguiar-Conraria disse...

"lfaguiar, pois: foi anunciado... na TVI!"

Filipe, eu não estou a argumentar contigo. Só te estou a procurar dar uma informação que é útil. Eu sou tão fã da série como tu, e o comportamento da TVI indigna-me tanto como a ti.
O facto de não querer leis sobre o assunto não é por estar menos indignado, é apenas porque tenho mais bom senso, e percebo que o estado não pode estar a fazer leis e regular o mais ínfimo pormenor das nossas vidas.
LA-C

Nelson disse...

filipe: querias que fosse anunciado onde? na RTP? No Público?

em relação aos outros pontos: o serviço da RTP pode ser comparado ao da Carris. É prestado ou regulado pelo estado e serve o interesse público. A concessão dada à TVI não é feita nos mesmos moldes. É mais comparável, na minha opinião, aos alvarás de operação dos restaurantes. Se fosse a RTP, que funciona com dinheiros públicos, a ter o mesmo comportamento eu concordava contigo. Mas não é, é uma empresa privada.

(o word verification foi complicado de ler: wvrwkvw; foi tão complicado que me enganei...)

Unknown disse...

Filipe:

Bolas pá! E eu que julgava que tu eras um tipo às direitas.

(Às direitas, salvo seja ...)

Filipe Moura disse...

Nélson, se a RTP é comparável à Carris, a SIC e a TVI são comparáveis às diversas empresas privadas de autocarros. Se a RTP é a CP, a SIC e a TVI são a Fertagus. O serviço público (e a RTP, a SIC e a TVI prestam um serviço público) não tem que ser só proporcionado pelo Estado. Mas o Estado tem de o regulamentar.

Luís A-C, então preferes ficar feito parvo (desculpa a expressão, mas é assim) à espera de um programa que não sabes se vai dar do que pedires ao Estado que intervenha? Achas que este problema, que afecta os milhões de portugueses que vêem televisão, é "um ínfimo pormenor das nossas vidas"? Não te percebo. Sinceramente não te percebo.

Nelson disse...

errrr... os outros operadores de transportes, sejam de autocarros ou de comboios têm utilidade pública e os seus serviços são comparticipados pelo estado.

A TVI não tem esse tipo de comparticipações, logo não pode ter também o mesmo nível de obrigações. É uma empresa privada, com financiamento privado e presta um serviço. Compete ao estado estipular níveis mínimos de serviço; compete aos clientes (espectadores) julgar a qualidade de serviço e optar pelo serviço que melhor os serve.

Quanto muito temos opiniões diferentes sobre o que é o nível mínimo de qualidade que o estado pode (deve) obrigar.

Filipe Moura disse...

"Optar pelo serviço que melhor os serve."
Onde mais é que eu posso ver o House sem ser a pagar um balúrdio? (Por favor não venhas com a net.)

"Compete ao estado estipular níveis mínimos de serviço"

É isso que eu peço. Dar os programas anunciados a horas, como em qualquer outra televisão de sinal aberto de qualquer outro país do mundo, faz parte do serviço público.

Luís Aguiar-Conraria disse...

"Luís A-C, então preferes ficar feito parvo (desculpa a expressão, mas é assim) à espera de um programa que não sabes se vai dar do que pedires ao Estado que intervenha? "

Não, eu não espero, desisti. Daqui a um ano compro a série em DVD, mas isso que faço é problema meu. Já tu, preferes ficar feito de parvo a clamar por leis que te dêem jeito.
LA-C

Nelson disse...

Filipe: se estás chateado com a falta de respeito pelos tele-espectadores, reclama junto da TVI. É a eles que compete cumprir as promessas que fazem. O Estado apenas garante que se uma entidade promete algo ou dá alguma garantia e depois não cumpre os lesados sejam ressarcidos dos montantes que tenham dispendido.

A distribuição dos programas na grelha da TVI compete única e exclusivamente à TVI. Tás chateado? Eu percebo, se tivesse visto uma hora de telenovelas à espera de um programa e no fim o programa não dá também ficaria chateado. Mas... tanto quanto percebi a alteração da programação até foi indicada e com antecedência pela TVI, única entidade com responsabilidades para o fazer. Certo? Então, de que te queixas? Se não soubeste atempadamente a culpa até foi tua!

Filipe Moura disse...

Nélson, eu não me posso queixar à TVI porque não tenho enquadramento legal para o fazer. É só isso o que eu peço.

Luís, então compra o DVD e não tentes impedir que quem só pode ver a série pela TVI se defenda. Se compras o DVD não tens nada a ver com isto.

É espantoso como este país se dá mal com tudo o que seja "prestar contas". É só isso que e pede às estações de televisão. Um bocadinho de responsabilidade.

Luís Aguiar-Conraria disse...

"Luís, então compra o DVD e não tentes impedir que quem só pode ver a série pela TVI se defenda. Se compras o DVD não tens nada a ver com isto."

Claro que tenho a ver com isto, como não? Se à tua custa se andam a fazer leis por tudo e por nada, é evidente que sou bastante afectado, ou tu pretendes que a lei só tenha efeitos para ti?

"É espantoso como este país se dá mal com tudo o que seja "prestar contas". É só isso que e pede às estações de televisão. Um bocadinho de responsabilidade."

Mas não é isso que estás a pedir. O que estás a pedir é que sejam feitas leis que te convenham e que te ajudem a passar as noites. Se isto não é legislar sobre os mais pequenos pormenores da nossa vida então o que é?
Pedir responsabilidade às televisões é escrever posts a protestar, enviar cartas para os jornais, promover abaixo assinados para serem entregues nas televisões americanas pedindo que não vendam os direitos destas séries à TVI. Isso é que é protestar e pedir responsabilidades, não é andar a clamar por leis a propósito de tudo e de nada e andar a pedir aos outros que resolvam os nossos problemas. (e, já agora, se preparares um abaixo assinado para ser entregue nas promotoras americanas farei questão em assiná-lo)

Filipe Moura disse...

"Se à tua custa se andam a fazer leis por tudo e por nada, é evidente que sou bastante afectado, ou tu pretendes que a lei só tenha efeitos para ti?"

Não estou a falar de leis "por tudo e por nada"; estou a falar de uma lei sobre a televisão. Que só afecta quem vê televisão.

"Isso é que é protestar e pedir responsabilidades, não é andar a clamar por leis a propósito de tudo e de nada e andar a pedir aos outros que resolvam os nossos problemas."

Já te disse: não é um problema só meu. É um problema de um largo sector da sociedade (os espectadores da televisão). O governo serve para isto.

Quanto a fazer um abaixo assinado às distribuidoras americanas, o que é que elas têm a ver com isso? Aí, sim, acho que é uma questão de comércio livre. Do ponto de vista delas, vendem os direitos às TVs portuguesas e elas fazem com as séries o que quiserem. De resto o problema não é só com as séries americanas. É com as brasileiras, com as portuguesas...

Palavra que fico de boca aberta com os malabarismos que tu vais arranjar só para não quereres uma intervençaõ do governo. Já te disse da outra vez: eu gosto de governos interventivos. Não sou um liberal.