2006/09/07

As mexidas na Câmara de Setúbal

Sobre o caso da Câmara de Setúbal: que fique bem claro que eu lamento profundamente a saída de Carlos de Sousa. Se o PCP está a procurar simplesmente “limpar a cara” por causa do caso das aposentações compulsivas ou não, é algo que não fica claro. Agora uma coisa é certa: nas eleições autárquicas há uma hierarquia clara dos candidatos, pelo que na saída do presidente os eleitores sabem quem é o vice-presidente. Votam numa lista. Já nas legislativas não é assim, pois só conhecem o nome do candidato a Primeiro Ministro. Santana Lopes não participou sequer nas eleições legislativas de 2002, ao contrário da Presidente indigitada da Câmara de Setúbal. A substituição de Carlos de Sousa, sendo sempre lamentável (pelo autarca que é), é muito mais comparável à “rotação” de deputados anteriormente praticada pelo Bloco de Esquerda. É esta a minha resposta a esta entrada do velho Daniel Oliveira que, com o seu costumeiro moralismo, lança acusações aos outros sem antes olhar bem para a sua própria “casa”.
Também não concordo com João Pedro Henriques quando, ao comparar este caso com o de Fátima Felgueiras, fala em "dois pesos e duas medidas". Primeiro, não creio que este caso seja comparável ao de Fátima Felgueiras (ou os de Gondomar, Oeiras ou Marco de Canavezes), onde as acusações de corrupção aos autarcas visam crimes de peculato e um enriquecimento ilícito pessoal. Já em Setúbal, se houve alguma ilegalidade (ninguém confirmou ainda), foi em proveito... da autarquia (que está na bancarrota, já desde a anterior gestão) e de alguns trabalhadores (e à custa do Estado). Finalmente, não me parece que as atitudes dos partidos (o PS, ao preservar Fátima Felgueiras para ganhar eleições; o PCP, ao substituir Carlos Sousa para evitar a dissolução da Câmara e eleições antecipadas) sejam assim tão diferentes: ambas visam simplesmente a preservação do poder.
O assunto não é simples e nem permite uma interpretação única, mas do que foi dito concordo plenamente com Vital Moreira.

2 comentários:

Ricardo Alves disse...

«nas eleições autárquicas há uma hierarquia clara dos candidatos, pelo que na saída do presidente os eleitores sabem quem é o vice-presidente. Votam numa lista. Já nas legislativas não é assim, pois só conhecem o nome do candidato a Primeiro Ministro»

Não é bem assim. Nas legislativas vota-se em listas distritais, que aliás estão afixadas à entrada das secções de voto. Quem quer conhecer os nomes dos candidatos, lê.

«Santana Lopes não participou sequer nas eleições legislativas de 2002, ao contrário da Presidente indigitada da Câmara de Setúbal»

Aqui já tens razão.

Filipe Moura disse...

Eu nem me exprimi bem nesse ponto, tens razão. Obrigado. É a eterna confusão: escolhem-se deputados, não um governo.