2007/03/12

Quando as letras não pagam as expectativas II

Seguiu-se uma discussão muito interessante na caixa de comentários do meu texto “Quando as letras não pagam as expectativas”, que vale a pena ser lida.
Entre os comentários que recebi por email estão os de um sociólogo que me fez ver um lapso meu: para entrar no curso de Sociologia é necessária a frequência de Matemática nos ecundário. Dos cinco licenciados referidos, “apenas” quatro não tiveram Matemática.
Também valem a pena serem lidos dois textos do Tiago Mendes, um que eu já conhecia e outro que o autor teve a gentileza de me fazer chegar: Licença para pensar, sobre a empregabilidade dos cursos das universidades inglesas, e Rigor criativo, sobre a importância da Matemática.
De tudo o que eu li, gostaria de acrescentar que na situação portuguesa muitos alunos nunca chegam (e nunca chegaram) a estudar realmente matemática a partir do 6º ano: pura e simplesmente “desistem” da matemática. Decidem que irão para letras e logo se vê, pois sabem que o “pesadelo” das ciências exactas só dura até ao 9º ano.
Por outro lado, o ensino da matemática não deve ser feito a pensar que todos os alunos serão matemáticos, ou sequer estudarão ciências. Não defendo que haja falta de matemáticos; agora, há um excesso de licenciados sem nenhuns conhecimentos de matemática, que orientaram todos os seus estudos só para fugirem à matemática, e por isso mesmo não se sabe muito bem o que se lhes há-de fazer. Pior: nem esses licenciados sabem muito bem o que hão-de fazer fora da sua área de estudos. A flexibilidade e a capacidade de adaptação de que o Tiago Mendes fala, e que são absolutamente indispensáveis num mundo em evolução tecnológica vertiginosa, só se podem alcançar com uma boa base matemática. Se não compreendermos isto arriscamo-nos a continuar a formar reveladores de fotografias na era da fotografia digital.

1 comentário:

gogol disse...

Sim; mas a base cultural e artística, a dita "formação humanística", também nunca deve ser esquecida ou desvalorizada.

E corremos esse risco se encararmos os estudantes de letras como "fugitivos" das matemáticas ou "reveladores de fotografias".