2006/07/20

Deste proteccionismo sejamos proteccionistas!

O PS quer acabar com as exorbitantes margens de lucro dos restaurantes na venda de vinhos para consumo. Confesso que não esperava esta medida da parte de um governo que no momento tem elementos como Nuno Severiano Teixeira, responsável há cinco anos pela triste ideia do limite da taxa de alcoolemia nos condutores a 0.2 g de álcool por litro de sangue, quando em toda a Europa é 0.5 g/l. Da mesma forma, não conheço cidade em toda a Europa onde os vinhos sejam tão caros nos restaurantes como Lisboa, excepção feita às cidades do Reino Unido tão querido dos nossos neoconservadores. (Deixem-me portanto refazer a frase: não conheço cidade em toda a Europa civilizada...) É talvez por isso que o meu muito prezado e infalível João Miranda se atreve a contestar a medida: é que lá na terra dele os vinhos (e os restaurantes em geral) são muito mais baratos. (Desculpem lá, mas quem diz isto conhece de viagens no último ano restaurantes de França, Espanha, Bélgica, Holanda, Alemanha e Suíça.) A medida em si é profilática, embora a raiz do problema esteja mais num certo pedantismo lisboeta associado ao consumo de vinho (é raro em Lisboa o restaurante que sirva vinho a jarro, por exemplo). Mas nem por isso o João deixa de ter em teoria uma certa razão: tal medida pode levar, de acordo com as infalíveis leis do mercado, a que os empresários da restauração deixem de ter os vinhos mais baratos no menu. Para isso não há nada como ir contra as leis do mercado. É para isso mesmo que temos governos e Estado. Proponho por isso que, em acrescento à proposta anterior, pura e simplesmente se coloque um limite superior no preço do vinho nos restaurantes. E bebamos uns copos com o bom vinho português.

1 comentário:

JSA disse...

Verdade Filipe, se há coisa que é cara na restauração em Portugal é mesmo o vinho. Só não sei se a situação seria assim tão má caso se mexesse nas margens: os clientes poderiam, pura e simplesmente, não beber os vinhos mais caros (precisamente por serem muito caros). Neste caso o raciocínio seria diferente. Dez cliente a beber o vinho de 10 euros no novo sistema (por oposição aos cinco no sistema anterior) não compensariam os vinte que bebiam o de 5 euros e que deixariam de o fazer e prefeririam um prosaico copo de água.