2006/10/23

Cidade das ciências e da indústria


A Cité des Sciences et de L’Industrie de Paris fez no fim de semana passado 20 anos. Aproveitei para a visitar por dentro pela primeira vez e deliciar-me com uma demonstração experimental da curva de Gauss com graves em queda em direcção aleatória, simulações de movimento browniano, o caos determinista num simples moinho de água... Pude ainda prever as velocidades de escoamento de fluidos conforme o formato do recipiente, fazer experiências de acústica e óptica... Tudo isto eu mesmo. Com as minhas próprias mãos.
O conceito deu origem a iniciativas como a do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, associado ao programa Ciência Viva. Só é pena que se a Cité des Sciences et de L'Industrie é hoje um dos sítios mais visitados de Paris, o seu equivalente em Lisboa seja muito pouco conhecido. A diferença está na atitude dos públicos. Mas está também em grande parte na programação. A Cité des Sciences et de L’Industrie é um local de referência para a divulgação científica, contando frequentemente com a presença de investigadores franceses a divulgarem o seu trabalho ao público (era só por isso que eu já a visitara antes). Tal não se costuma passar com o Pavilhão do Conhecimento. Globalmente a ciência francesa, para além de ser muito mais competitiva do que a portuguesa, está muitíssimo mais perto do público, sendo por isso mais influente junto da opinião pública. Não digo que os responsáveis do Programa Ciência Viva não façam tudo o que podem para melhorarem a situação portuguesa, mas estes exemplos demonstram que ainda há muito a fazer.

3 comentários:

Nelson disse...

Ó Filipe: o Pavilhão do conhecimento conta com cerca de 50 mil visitantes/ano, sendo a esmagadora maioria estudantes. Não sendo a quase totalidade dos estudantes, entre o Pavilhão do conhecimento, os vários exploratórios Ciência Viva que há por aí e outras iniciativas, uma fatia considerável dos estudantes portugueses (até ao 12º ano) visita pelo menos uma vez este tipo de exposições.

Sim, o público em geral não se interessa. Mas em Portugal o público em geral não se interessa por muita coisa.

Filipe Moura disse...

Ó Nelson, eu não digo de forma nenhuma que o Pavilhão do Conhecimento seja um fracasso. Bem pelo contrário: acredito que seja um sucesso. Mas repara: em Paris há cartazes com as exposições da Cité des Sciences no metro, por todo o lado. Elas também vêm anunciadas e comentadas nos jornais, com as exposições de arte. Estás a ver a diferença?
Eu nunca fui ao Pavilhão do Conhecimento. Tenciono ir visitá-lo em breve e depois volto ao assunto. Mas acho que está mais do que na altura de o Pavilhão do Conhecimento ser mais conhecido.

Nelson disse...

concordo em absoluto!

A divulgação do pavilhão (e outras iniciativas no género) tem sido mais dirigida ao seu "target": escolas básicas e secundárias. Fazem publicidade na TV, na 2:, têm direito a pub institucional.

A exposição sobre a "guerra dos sexos" (diferenças de aptidões entre homens e mulheres) teve honras de telejornal em mais que um canal (penso que quer RTP1 quer SIC dedicaram-lhe uma reportagem), algumas revistas (incluindo a Visão e a revista do Expresso, salvo erro) e programas de rádio de grande audiência, como a Prova Oral na Antena 3. Não sei se nas restantes a divulgação chega a este ponto, mas se calhar a coisa não é tão má como a pintas...

Mas não digo que não haja diferenças abissais entre a divulgação em França e em Portugal, decerto que as há.