2008/06/07
Hoje corto uma fita
Passou-se o mês de Maio, os 40 anos do Maio de 68, e não referi a alergia que me causam slogans como "sejamos realistas, peçamos o impossível" e, sobretudo, "a imaginação ao poder". Imaginação ao poder para quê? Sem abdicar das convicções e das ideias, em política é preferível o realismo e o bom senso. Já é sabido, desde Lenine a José Sócrates, passando por Hillary Clinton e, espero, por Barack Obama. 40 anos depois do Maio de 68, espero que a esquerda (francesa e não só) se livre da "tralha imaginosa". Abordo esta questão, num contexto governativo e futebolístico português, num texto que escrevi para o Corta Fitas, através de um simpático convite do Pedro Correia (a quem aqui agradeço). Convido-vos agora a irem lê-lo.
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2 comentários:
Parece-me que estás a ser redutor na tua análise de que os políticos não têm imaginação.
Lembro-me por exemplo do Churchill que ganhou o prémio Nobel da literatura, para um exemplo terra-a-terra.
Veio-me à memória o Martin Luther King, que imaginou uma América em que todos fossem iguais.
Recordo-me do Mário Soares que imaginou um Portugal livre, tal como tantos outros que lutaram contra a ditadura. Tornaram realidade o slogan "sejamos realistas, peçamos o impossível".
Mesmo o Sócrates de quem não sou grande fã, teve a imaginação de achar que podia fazer reformas no país.
Não se deve confundir imaginação com falta de rigor, penso agora no Santana Lopes, seria o mesmo que confundir os inventores de coisas estúpidas e irrelevantes com os verdadeiros cientistas.
No teu trabalho tal como no meu a imaginação é tudo, senão passamos a vida a fazer o que outros já fizeram, o que é extremamente frequente na ciência actual. Quem se atreve a ter alguma imaginação, mesmo que de forma rigorosa, não publica.
Na realidade, creio que o que falta a Portugal é imaginação e rigor para implementar o que se imagina. Por outras palavras, uma atitude mais científica.
Tu até és um bom exemplo de imaginar o impossível, que é fazer investigação altamente teórica em Portugal.
"Quem se atreve a ter alguma imaginação, mesmo que de forma rigorosa, não publica."
Quem não se atreve, queres dizer. Mas será que querias ter um físico como primeiro ministro? Bem, já há a Angela Merkel, mas olha que ela não se distingue pela imaginação...
Quanto aos teus exemplos, o Martin Luther King, o Mário Soares, tiveram ideias, tiveram alguma audácia. Não creio - principalmente no caso do Soares - que se trate de imaginação. Então o Sócrates não tem imaginação nenhuma!
Mas tens razão quando afirmas que o que mais nos faz falta é o poder de concretização e implementação. E o rigor. Talvez haja uma tendência da minha parte a associar excesso de imaginação com falta de rigor. Creio que na política, pelo menos a executá-la, o rigor seja mais importante.
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