2007/12/13

A situação no Técnico - comentários

O Tárique pediu-me a minha opinião sobre a situação actual do Instituto Superior Técnico, onde trabalho. A minha resposta sucinta é: se é verdade, como se diz, que o novo Regime Jurídico do Ensino Superior foi feito "à medida do IST" (e por que não do ISCTE?), eu pergunto: por que não há o IST de avançar com ele, nem que seja a título experimental?
Entretive-me a ler os comentários dos leitores do Público à notícia. Seleccionei alguns (minha escolha pessoal), que reproduzo aqui com a devida vénia (destaques meus):

  • 11.12.2007 - 22h07 - Anónimo, Lisboa SER OU NÃO SER EIS A QUESTÃO. IST, para onde vais ... Ao longo dos anos, mais de sessenta, sempre tive em referência o IST como uma Universidade de alto gabarito, onde se formam jovens com qualidade técnica e cientifica excepcionais. Mas, há sempre um mas, quando se tenta levar esta Instituição ao sabor de ventos e marés para uma encosta de arribas escarpadas. Será que é importante em termos Científicos e Pedagógicos esta Faculdade passar a Fundação? Será que os homens querem passar uma esponja sobre a história desta Instituição Universitária? Que diria o saudoso NABUNDA, criado e apoiado com carinho por toda a comunidade escolar? Certamente iria morder algumas canelas e fundilhos de calças a alguns senhores que não ponderam sobre o futuro dessa casa e das suas necessidades mais prementes e urgentes. Sou pai, pago atempadamente as propinas devidas do meu educando que frequenta esta Universidade, exijo trabalho e não facilitismo, mas não vou perder esta oportunidade para formular as seguintes questões já que tantas estão a ser colocadas: - O Conselho Directivo e Cientifico já procedeu a um estudo de quantos alunos abandonam essa Universidade e qual o motivo? - Qual é a percentagem de alunos que entra anualmente e a que conclue a Licenciatura? - Qual a média de anos necessários para a conclusão de uma Licenciatura nos diversos Cursos aí ministrados e qual a comparação percentual com outras Universidades? - Em prestação de exames e frequências, qual é a percentagem de níveis negativos por pauta e por disciplina? - Em que disciplinas existe o maior índice de níveis negativos? - A Avaliação de Docentes é feita positivamente pelo número de níveis negativos que inscrevem nas pautas? - Há verificação sistemática da qualidade nutricional e de confecção das refeições servidas nos refeitórios? - Os refeitórios estão certificados no que se refere a equipamentos e higiene? - A venda de bebidas alcoólicas está prevista dentro desse estabelecimento de Ensino? Muitas outras questões poderia colocar, penso que estas vão ocupar, as entidades competentes, no sentido de ponderarem qual o melhor caminho a trilharem para o bom nome do IST.
  • 11.12.2007 - 22h24 - Anónimo, Lisboa, Portugal
    O que se passou no IST foi - também - um bloqueio imposto pela mediocridade que se pretende defender do mérito, da avaliação dos resultados e da concorrência aberta. É um proteccionismo que não vingará, porque são os contribuintes que o pagam. E pagar incompetência sai caro, já o sabemos. O lider da AEIST, do qual é injusto dizer que traduz a opinião dos estudantes (foi eleito por 2% dos estudantes, mas será que ele liga aos números?), fez declarações na linha tradicional da cerveja boémia que caracteriza a associação e menos na linha de responsabilidade que a devia caracterizar. É a lógica do arraial, das épocas especiais. Perdem os estudantes mais estudiosos e interessados. Não foi desta, mas está para breve a queda das torres de marfim que ainda por cá moram.
  • 11.12.2007 - 22h45 - Anónimo, Lisboa, Portugal
    Provavelmente, digo eu, o ministro Mariano Gago quis induzir a mudança na Universidade portuguesa a partir do IST, reformando os seus estatutos do tempo da outra senhora através da passagem a Fundação, e iniciar o caminho em direcção à Universida moderna, que continua aberta aos melhores mas só mantém - e aqui é que começam os problemas, os bloqueios e os corporativismos do costume - os melhores professores. Esta é que é a questão. Não resultando a abordagem subtil, terá de avançar a moca, utensílio rude mas extremamente útil em tempos difíceis. Não haverá por aí nenhum jornalista disposto a estudar esta história, ou será que já só basta a parangona mal explicada? Foça Gago, força Matos Ferreira. Para a frente é que é Lisboa!
  • 12.12.2007 - 14h46 - Ricardo Marques, estudante do IST, Lisboa
    Agradecia que alguém, com mínimo conhecimento do assunto em causa, me pudesse esclarecer as mudanças que a passagem a fundação de direito privado implica. É pena que a AEIST não tivesse esclarecido aos estudantes o tema ou, se o fez, não foi divulgado da forma correcta. Tal informação é necessária para que os estudantes que compõem o IST possam tomar uma posição.
  • 12.12.2007 - 22h14 - J.A., IST
    Como é que este barracosa tem coragem de afirmar isto: «Bruno Barracosa acusa Carlos Matos Ferreira de defender apenas os seus próprios ideais» mesmo com toda gente a saber que, mesmo é campanha e depois da eleição, é um "chupista" a mando do PSD. Secção H da JSD de Lisboa, Bruno Barracosa militante nº 135321 http://www.jsdseccaoh.com/lista_cp.html ganha vergonha...


Quem não souber quem era o Nabunda, é favor ler aqui, aqui e aqui. Ainda bem que ele é recordado!

6 comentários:

Miguel Vaz disse...

Agora, nem Nabunda nem Diferencial... mas sempre temos o Barracosa!
Bom postal!

Nuno Teles disse...

Caro Filipe,

Mudanças estatutárias a título experimental? Desculpa, mas não faz sentido.

De resto, fiquei curioso sobre o que pensas do RJIES e suas implicações. Parecem-me muito curtas considerações sobre "universidade moderna", bloqueios corporativistas e idiotas das associações de estudantes.

Filipe Moura disse...

Miguel, obrigado.

Nuno, a ideia não era dizer tudo o que penso sobre o RJIES. No entanto adianto-te que acho que algo tem que mudar e muito na universidade portuguesa. Hei-de voltar a este assunto, mas a ideia era só transmitir os comentários dos leitores do Público e comentar o que se passa no IST, não nas Universidades em geral.
Fiquei no entanto sem resposta à minha pergunta (que não era para ser levada muito a sério, mas já que apareceste...): por que razão não dizes do ISCTE o que disseste do IST?

Nuno Teles disse...

Bem ,não é muito difícil perceber porquê o IST como modelo das vantagens das fundações de direito privado a serem criadas:

- é uma faculdade de engenharia, potenciando assim as ligações ao sector privado. Não imaginas a petrogal como parte integrante do conselho geral da faculdade de letras, pois não?

- é uma faculdade de excelência académica, por isso, teoricamente (atenção ao teoricamente), será mais beneficiada pelo novo arranjo de mercado, quer na relação com o sector privado, quer na potencial selecção de client...alunos.

- é uma faculdade com elevadas receitas próprias. Deves ser imbatível neste campo, consequência dos dois pontos anteriores. Uma pós-graduação no IST "valerá" mais do que uma no ISEL.

- é uma faculdade com conhecidos desejos de "independência" face à UTL. Desejos cumpridos neste modelo.

- "last, but not least". O IST, bem ou mal (não me interessa), tem fornecido os principais quadros que comandam os destinos do ensino superior em Portugal.

Isto não me impede de perceber que, o ISCTE, pelo que sei (e sei pouco), estará, infelizmente, bem alinhado com este novo modelo.

Finalmente, só mais uma nota: não tenho qualquer ligação orgânica ao ISCTE.

Luís Aguiar-Conraria disse...

Eu tambem esperava que fosse o IST a liderar este processo. Basicamente concordo com os argumentos do Nuno Teles. Tenho pena que o nao faca, porque concordo com o Filipe, o ensino superior esta' a precisar de levar um grande abanao (e o IST tambem, diga-se de passagem, com taxas de endogamia cada vez mais preocupantes).

Nelson disse...

mas... onde está o espanto Filipe? Até parece que não conheces bem os vícios da casa!