2009/06/02

Crónica da Rússia (1)

Os russos são um povo mais ou menos simpático, mas com a mania das grandezas, indisciplinado e que gosta muito de beber. Exactamente a impressão que eu tinha.
A falta de conhecimentos de inglês dos russos é geral, mesmo em cidades maiores como Moscovo. No laboratório onde estive, frequentado por muitos cientistas de todo o mundo, os empregados não falam inglês. Perguntar a alguém o caminho, ou outra coisa qualquer, é um tormento. Como um bom povo imperialista, não só os russos não falam outra língua que não a sua, como ainda acham que toda a gente deve entendê-la. E assim se se perguntar o caminho para algum lugar, levamos logo uma explicação detalhada em russo. Uma explicação que é uma pura perda de tempo, e que me fazia desesperar, mais a minha impaciência nova-iorquina. Várias vezes tal me sucedeu; várias vezes estive para os interromper e dizer em inglês: “Poupa o teu fôlego. Eu só vou olhar para o que me indicares com as mãos!”
Nesse aspecto os franceses são melhores. Mais eficientes. Também julgam que toda a gente deve falar francês, mas não perdemn muito tempo a explicar. Quem não perceber, pelo menos não perde tanto tempo a ouvi-los. Os franceses são antipáticos, e por isso são-me muito simpáticos. Os russos deveriam aprender com eles.

2 comentários:

JSA disse...

Ai Filipe Filipe, essa intolerância. Os russos realmente não falam muito outras línguas, não especificamente porque sejam imperialistas mas porque são muito orgulhosos da sua língua. E isto nada tem de especial, ainda estou para conhecer o inglês (mais ainda os americanos) que fale mais do que a sua própria língua (decentemente). E quanto à queixa dos empregados não falarem inglês, experimenta ir para muitos outros locais. Em Portugal, no departamento de eng química em coimbra, não creio que algum empregado o soubesse falar. Na Alemanha muitos não o sabiam (uma amiga minha, que trabalhou num Instituto Fraunhoffer, queixou-se que teve de polir o alemão para se fazer entender). A minha companheira queixa-se que os técnicos da empresa dela (uma multinacional petroquímica com sede europeia na Holanda) não falam mais que holandês.

E nenhuma dessas línguas tem a riqueza das línguas eslavas (talvez o alemão). Não te queixes demasiado...

Filipe Moura disse...

"Como um bom povo imperialista, não só os russos não falam outra língua que não a sua, como ainda acham que toda a gente deve entendê-la."

João, esta frase minha obviamente aplica-se se substituires russos por ingleses, americanos, franceses, alemães, espanhóis, italianos...