Numa noite cálida de Junho de 1989, à beira do Reno, o chanceler alemão [Kohl] disse-lhe [a Gorbachov]: "Olhe para o rio. Simboliza a História (...). Pode erguer uma barragem, mas a água vai encontrar outra forma de chegar ao mar. É o mesmo com a unidade alemã e a unidade europeia." Ficou em silêncio. Despediram-se com um abraço.
François Mitterrand e Margaret Thatcher - Os que quase soçobraram
Se ainda havia dúvidas sobre as hesitações de Margaret Thatcher e de François Mitterrand perante a queda do Muro e a imparável unificação da Alemanha, que quiseram travar, a abertura antecipada dos arquivos do Foreign Office dissipou-as. A primeira-ministra britânica e o Presidente francês têm, no entanto, uma desculpa: a trágica História europeia da primeira metade do século XX. Dito de outra forma: a "questão alemã". Não foram os únicos. Nas suas memórias, Kohl diz que, de todos os aliados europeus, apenas um o apoiou imediatamente: Felipe González. Thatcher, que não acreditava na integração europeia, não via saída para o renascimento de uma grande Alemanha no coração da Europa. Fez tudo o que esteve ao seu alcance para convencer Bush a opor-se-lhe. Mitterrand, que acreditava na Europa, percebeu que o caminho era outro: amarrar solidamente a Alemanha à integração europeia. Kohl nunca perdoou à líder britânica, mas estabeleceu com o Presidente francês uma amizade que foi crucial para o futuro da Europa. Garantiu que a unificação europeia seria a outra face da unificação alemã.
2009/11/10
20 anos depois - "Muro de Berlim: Os protagonistas da História"
Por Teresa de Sousa no Público:
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