Gaitinhas avistou Gineto logo à entrada da feira. A lua, bondosa, iluminava as barracas. E, se acaso se escondia entre as nuvens, lá estavam as mil lâmpadas de cores para a substituir.Este texto, do meu livro de leitura da 4ª classe, marcou a minha infância. Esteiros, o romance de onde foi tirado, e que li no meu oitavo ano, marcou-me de forma indelével. Inesquecíveis as aventuras do Gineto, do Gaitinhas, do Maquineta, do Malesso, do Sagui... O autor, Soeiro Pereira Gomes, nasceu há cem anos.
Gineto e Gaitinhas pararam junto dos carróceis que eram dois. O maior, iluminado por lâmpadas multicores, tentava os olhos. Tinha cavalinhos com as patas no ar, galos de crista alta, bichos variados sobre um tapete rolante que oscilava como os barcos do rio. O outro, perro e mal iluminado, só tinha cavalinhos.
- Qual queres? – perguntou Gineto.
Gaitinhas demorou a resposta. Olhou o carrocel velho, sem ninguém, e os cavalinhos tristes, parados. A voz rouca do dono parecia chamá-lo.
- Vai andar...Vai andar...
- Vamos neste – disse Gaitinhas.
O cavalo galopava no espaço, através das estrelas e ele levava um sorriso nos lábios. O carrocel parou. Mas a alegria da viagem ficou ainda a bailar nos olhos de Gineto e nos lábios de Gaitinhas.
2009/04/14
"Vai andar...Vai andar..."
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