Com toda a sinceridade: quando li no Público de há uma semana uma matéria sobre o queijo da serra kosher, duvidei da sua relevância. Não do queijo kosher e dos seus fabricantes, a quem felicito pela iniciativa de divulgar o que de melhor há em Portugal por outras comunidades e desejo as maiores felicidades. Mas a relevância da notícia em si. O Público interessa-se pelo queijo kosher mas nunca se interessou pelo peixe congelado “Gonsalves” (assim com “s” para os americanos pronunciarem bem) vindo de Peniche, que eu comprava nos EUA. Da mesma forma também nunca se interessou pela comida das comunidades imigrantes em Portugal – já há lojas especializadas em produtos da Europa de leste, pelo menos em Lisboa, bem como da China e da Índia ou do Brasil ou África. Mas não é de se estranhar: afinal trata-se do mesmo jornal que conta entre os seus colunistas (para defender incondicionalmente Israel) com Esther Mucznik, representante de uma confissão religiosa ultraminoritária em Portugal, mas nem um único negro.
Foi por esse critério do Público que eu achei natural a referência ao queijo kosher. Mas qual não é o meu espanto quando descubro que há quem ache que tal artigo não é propaganda (gratuita) suficiente, e depois de tudo o que eu disse ainda consegue encontrar nele… anti-semitismo! Um gajo qualquer decide fabricar queijo kosher para exportação; o Público dedica duas páginas a tão importante e relevante matéria e ainda é anti-semita! Sinceramente tal blogue, em vez de “Boina Frígia”, deveria chamar-se “kippah”. Dá má fama à República – republicanos são estes. Mas nem se pense que isto tem algo a ver com república ou monarquia – o blogue onde encontrei a referência a tal texto até tem autores com fama de terem simpatias monárquicas. Não sei se tal é o caso de Henrique Burnay. Burnay não é nome de banqueiro? Pois… bem me queria parecer. Não há paciência para esta gente. Eu, pelo menos, não tenho.
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7 comentários:
Filipe, o Público tem o Kalaf Ângelo a escrever no P2. É pouco, bem sei, mas é o que se vai arranjando. Já é melhor que nada. E sempre contradiz a afirmação de não ter um único negro.
O P2 tem menor expoisção...
E duvido que o Kalaf ângelo escreva sobre «negritude» com a frequência que a Esther Mucznick fala do judaísmo e de Israel (que é todas as semanas, essencialmente). Mas se calhar ele é que está bem.
Bom post, Filipe.
Caro Filipe,
Agradeço a referência à Boina, embora discorde do conteúdo e das acusações.
Claro que não estamos em nenhuma competição para sermos mais ou menos republicanos que os outros blogs, mas creio que foi bastante injusto e precipitado da sua parte dizer que a Boina dá má fama à República...
Peço-lhe que reconsidere, mesmo mantendo a sua objecção em relação ao post referido (ou mesmo a todos os posts deste tema), e admita que terá ido longe demais nesta consideração geral sobre o “Boina Frígia”.
Caro Pimenta,
muito obrigado pelo seu comentário. De facto o meu texto foi escrito a quente, depois de ter lido o texto lincado no Boina Frígia. De facto dizer que o Boina dá má fama à República pode ser exagerado, mas é um blogue muito dado a "sanhas justiceiras e correctivas" http://boinafrigia.blogspot.com/2009/03/o-publico-admite-que-erra-nos-ja.html sempre para o mesmo lado (não tem nada a ver com o Público). Ou pelo menos um dos seus elementos, mas que tem sido de longe o mais activo. Essa "sanha justiceira" desse elemento do Boina Frígia é obsessiva, e acaba por se tornar a principal imagem passada pelo blogue.
Repare, é o próprio Oppenheimer a falar no seu texto que linquei aqui no comentário na "sanha justiceira e correctiva" do blogue, e não dele. Ou seja, ele fala em nome do blogue. A partir daí surgiu a minha generalização.
Cumprimentos.
Caro Filipe,
Agradeço o seu comentário e compreendo perfeitamente que, estando indignado, tenha reagido "a quente". De facto não me compete comentar os posts do Cidadão Oppenheimer, por isso digo-lhe apenas que o Boinafrigia não pretende ser imparcial nas posições que toma nem equilibrado nos temas que aborda. Como qualquer blog o boinafrigia é necessariamente a soma das sensibilidades dos seus participantes, sejam elas de revolta contra a qualidade do jornalismo nacional (o mesmo exercício poderia ser, e já foi, feito com o DN), sejam pela defesa de Israel para a qual não há falta o contraditório na blogosfera.
Cumprimentos
Caro Filipe
Deixe-me só dizer-lhe que a expressão "sanha justiceira e correctiva" até era suposta ser irónica, no sentido em que eu próprio lido de forma jocosa com a minha "mania" de detectar erros no Público. Mas desafio-o a encontrar uma só ocasião onde eu fui injusto com o Público, um só exemplo de um erro deles que foi inventado por mim. Mas não sei porque é que estamos a discutir a minha tendência - confesso - um bocadinho obsessiva de expôr os disparates do Público: o argumento principal do seu post é o de que a Boina Frígia está à procura de anti-semitismo onde ele não existe e que por isso (nas suas palavras)"sinceramente tal blogue, em vez de “Boina Frígia”, deveria chamar-se “kippah”." Acho esta acusação injusta e a ironia de mau gosto. E deixe-me acrescentar que é difícil encontrar um tema mais "republicano" do que a luta contra o anti-semitismo, o racismo, o sexismo e outras formas de obscurantismo. Acho curioso o Filipe ficar mais zangado com a Bóina por esta zurzir nos anti-semitas, do que com os anti-semitas. Ah, e deixo-lhe aqui uns links para uns posts da Boina, escolhidos aleatoriamente, que não têm nada a ver nem com a mediocridade do Público, nem com anti-semitismo, nem com Israel:
- um sobre Darfur:
http://boinafrigia.blogspot.com/2009/03/darfur.html
- um sobre a islamofobia da ICAR:
http://boinafrigia.blogspot.com/2009/01/um-experiente-conselheiro-matrimonial.html
- um sobre os 30 anos do SNS:
http://boinafrigia.blogspot.com/2009/02/30-anos-de-sns.html
- Três exemplos dos muitos posts sobre Obama:
http://boinafrigia.blogspot.com/2009/02/neste-caso-progresso-e-voltar-atras.html
http://boinafrigia.blogspot.com/2009/01/pricles-ccero-maquiavel-condorcet.html
http://boinafrigia.blogspot.com/2009/01/change-has-come-to-america.html
Enfim, alguns exemplos. Garanto-lhe que um blog chamado "kippah" dificimente se debruçaria sobre a mesma diversidade de temas.
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