2007/10/09

“Sem perder a ternura...”


Faz hoje 40 anos que morreu o Cristo da esquerda ingénua, Ernesto Che Guevara.
A meu ver o principal motivo para recordarmos Che (tal como Trotsky, outro ídolo de uma esquerda já não tão ingénua) não é propriamente o seu legado em vida, mas a forma cruel como foram mortos. A forma como ambos foram assassinados demonstra a crueldade de quem os assassinou (mesmo se um um assassinato não tem absolutamente nada a ver com o outro). Dito isto, a maneira como ainda hoje são recordados tem a ver com o mito de pureza revolucionária que lhes está associado. Um estudo mais aprofundado das suas vidas mostra que nenhum deles era um exemplo de pureza. Mas não há dúvida de que principalmente Che é um ícone do século XX. Um ídolo pop. Tem muito a ver com ser argentino.

Imagem tirada ao Arrastão.

2 comentários:

JV disse...

O comunismo pode ser entendido como um mito na medida em que recupera para o proletário o papel de “eleito” e “ mensageiro”. Tem, portanto, antecedentes míticos – no cristianismo o redentor é Deus, no comunismo o redentor é o proletariado. Por outro lado, também a sociedade sem classes e o consequente desaparecimento dos conflitos sociais, tem antecedentes mitológicos – o mito da idade de ouro nas sociedades tradicionais. Marx acentuou este mito através de uma ideologia messiânica em que o proletariado tem um papel profético, traduzida numa vitória do bem sobre o mal. Ou seja o mito comunista encerra um grande optimismo: o paraíso está ao alcance dos homens.

Filipe Moura disse...

Muito bem, JV.