Faz hoje dez anos que encerrou a Expo 98.
Faz hoje igualmente dez anos que, no stand da Hyundai de Huntington, NY, comprei o meu querido Accent vermelho. O único carro que tive na vida.
2008/09/30
2008/09/29
Joaquim Maria Machado de Assis
Morreu faz hoje cem anos. Escrevia muito bem, lindamente, mesmo. Dominava a língua portuguesa como ninguém. Mas, sinceramente, não creio que isso bastasse para fazer dele um grande escritor.
2008/09/26
Assim se vê a força do PC
Creio que com as reformas que são no momento necessárias (e estão ainda em curso) a presença do PCP na governo não seria de todo desejável. (O mesmo se aplica ao Bloco de Esquerda: em política interna, não vejo diferença absolutamente nenhuma entre os dois partidos. Em política externa há e não é pouca, mas ninguém põe a hipótese de termos um ministro dos negócios estrangeiros destes partidos.) Não tenho votado na CDU nas eleições legislativas e nem tenciono votar nas próximas. Mas ao ler textos como este do João Galamba, palavra que me apetece ir a correr votar no PCP. Não o farei, mas outros o farão por mim. Se o João Galamba escolhe ostracizar estes portugueses, é com ele. Eu não ostracizo, e merecem-me todo o respeito, mesmo não concordando com eles. E sei que chegará o dia em que vão perceber melhor o mundo em que vivem. Mas parece-me um reeo crasso julgá-los irrelevantes ou alheados deste mundo. Pelo respeito que me merecem, não me sinto capaz de os tratar como “dementes”. O João trata-os. Mas o João também se acha no direito de criticar António Damásio por não ter lido este ou aquele livro. Se ele me permite, recomendo-lhe este trecho de um artigo do Público de 18.09.2008, por Constança Cunha e Sá.
Esta semana, também, foi publicada uma sondagem, no Correio da Manhã, que para além de assegurar a vitória do PS e a descida do CDS e do PSD, confirma, mais uma vez, o peso eleitoral do PCP e do Bloco de Esquerda, que, juntos, conseguem obter cerca de 20 por cento das intenções de voto. O Partido Comunista, em particular, surge em terceiro lugar, com um resultado superior a dez por cento, como, aliás, já tinha acontecido numa sondagem anterior. É verdade que, com o tempo, a popularidade de Jerónimo de Sousa deixou de ser uma "novidade", transformando-se num facto normal e previsível que já não suscita a admiração de ninguém. No entanto, a persistência do fenómeno não só não lhe retira singularidade como lhe acrescenta relevância política. O voto de protesto, embora explique parte do sucesso, não justifica, por si só, a capacidade de mobilização que tem, neste momento, o partido.
Ao contrário do Bloco de Esquerda, que sempre beneficiou do interesse dos jornalistas, o PCP, visto como uma aberração ideológica, foi durante muito tempo um partido ignorado, incapaz de contribuir para um debate sério sobre o desenvolvimento do país. Envelhecido, desprovido de quadros e sem intelectuais ao dispor, o PCP parecia ter os dias contados: para todos os efeitos, era uma espécie de relíquia histórica que mais tarde ou mais cedo acabaria por desaparecer, levado pela inflexibilidade de uma ortodoxia que se recusava a evoluir. Quando Carlos Carvalhas, o espelho do impasse em que se encontrava o PCP, abandonou a liderança, foi substituído, como se disse, pela velha guarda do partido. Imune às subtilezas da teoria, Jerónimo de Sousa confirmou as piores expectativas dos "renovadores". Com ele, os comunistas deixaram-se de evasivas ideológicas e, recuando no tempo, recuperaram acriticamente as suas teses do passado. Mas - e isso passou desapercebido - sem se preocuparem excessivamente com elas: o novo líder do PCP podia ser estalinista, sonhar com a antiga União Soviética ou defender regimes totalitários, mas nunca perdeu tempo a discutir o estalinismo, o modelo soviético ou o regime de Fidel. Ignorando ostensivamente as grandes questões doutrinais que envolveram a queda do Muro e o futuro do socialismo, Jerónimo de Sousa reduziu o debate ideológico aos problemas concretos dos portugueses. Daí à famosa "afectividade" que supostamente o distingue foi um passo que se acelerou com a eleição do eng.º Sócrates e com o "socialismo de mercado" que actualmente nos governa.
Pode-se dizer que a necessidade de controlar o défice, o arranque de algumas reformas e o progressivo esvaziamento dos direitos adquiridos é um terreno fértil ao florescimento do PCP e à demagogia de grande parte das suas propostas. Como se pode dizer que o projecto apresentado pelos comunistas não tem viabilidade, nem representa qualquer tipo de alternativa. Mas não se pode ignorar que grande parte da força que o PCP tem, neste momento, ultrapassa um modelo de desenvolvimento que nem sequer existe e se prende com a hipocrisia de um sistema cada vez mais desigual que privilegia os fortes e prejudica os fracos. A sobranceria do Governo e de grande parte da comunicação social em relação às questões sociais revela um arrivismo insuportável e uma total incompreensão da realidade humana e dos problemas dos mais desfavorecidos. Entre o autismo de uns e os êxtases liberais de outros, o triste quotidiano de grande parte dos portugueses fica necessariamente de fora, entregue à afectividade (se é isso que lhe querem chamar) de qualquer Jerónimo de Sousa.
Ana Rita Canário
Se havia pessoa que não gostava de praxes e tradição académica era a Rita.
Em memória da Rita está a ser feito um blogue.
Em memória da Rita está a ser feito um blogue.
2008/09/25
Chama-se provincianismo
Acerca de uma questão com um ano:
23.09.2008 - 00h58 - Tuga, Berlenga
O recrudescimento da praxe em Portugal mostra que em diversas vertentes o país andou para trás. Ela é bem o reflexo do nosso atraso de mentalidade (se fosse só económico!...). Mas a cobardia - e em demasiados casos a simpatia e até a concordância - das autoridades escolares e governativas tem sido clamorosa. Para os que acham muito úteis estas praxes à portuguesa, mesmo quando despojadas da sua quase sempre boçalidade, sugiro-lhes que procurem coisa semelhante nas faculdades de Paris, Roma, Berlim, Londres, etc. Durante a ditadura a praxe foi quase até ao fim um bastião do conservadorismo e do regime. E em Lisboa, cidade mais aberta, evoluida e cosmopolita, não existia. Agora está por todo o lado. Qual será de facto esta doença profunda que nos impede de evoluir?
23.09.2008 - 00h58 - Tuga, Berlenga
O recrudescimento da praxe em Portugal mostra que em diversas vertentes o país andou para trás. Ela é bem o reflexo do nosso atraso de mentalidade (se fosse só económico!...). Mas a cobardia - e em demasiados casos a simpatia e até a concordância - das autoridades escolares e governativas tem sido clamorosa. Para os que acham muito úteis estas praxes à portuguesa, mesmo quando despojadas da sua quase sempre boçalidade, sugiro-lhes que procurem coisa semelhante nas faculdades de Paris, Roma, Berlim, Londres, etc. Durante a ditadura a praxe foi quase até ao fim um bastião do conservadorismo e do regime. E em Lisboa, cidade mais aberta, evoluida e cosmopolita, não existia. Agora está por todo o lado. Qual será de facto esta doença profunda que nos impede de evoluir?
É por isso que eu gosto desta escola (e deste curso)
Uma selecção minha dos comentários à notícia do Público
23.09.2008 - 10h14 - jsgm, Lisboa, Portugal
Em Setembro de 1995 um caloiro recusou as praxes "voluntárias". Perante a pressão dos veteranos que o empurravam e queriam encurralar num canto do Pav. de Civil deu um soco num "veterano". Foi perseguido por uma horda que queria tirar desforço da afronta. Refugiou-se no Conselho Directivo e os "assaltantes" quiseram rebentar as portas para o extrair de lá e "fazerem justiça". Perguntem aos Prof. Gaspar Martinho e Carlos Salema que lá estavam quanto tempo durou o cerco, que só terminou com a chegada de uma secção da PSP para dispersar a turba e escoltar o caloiro para fora do campus da Alameda.
23.09.2008 - 06h26 - Tiago Marques, Lisboa, Portugal
Acabei este ano um curso de Engenharia no IST e como tal vejo-me na condição de poder comentar este assunto. Ao longo dos 5 anos que passei no Técnico vi bastantes praxes (apesar do meu curso ser o único anti-praxe do IST) entre as quais muitas verdadeiramente humilhantes. Sem dúvida aplaudo esta decisão do Prof. Matos Ferreira, uma vez que discordo completamente da necessidade de praxe. Os seus defensores vão dizer que é para receber e integrar os alunos do primeiro ano, mas para tal não são precisas praxes. Vejam o exemplo do meu curso, Engenharia Física e Tecnológica em que tínhamos uma comissão de recepção aos alunos do primeiro ano para os integrar, mostrar-lhes o Técnico e Lisboa e realizar uma série de actividades como jogos, desporto e jantares. Acho a praxe representativa daqueles alunos que estão mais preocupados com "a vida académica" do que com a Universidade. No Técnico é para se trabalhar, se estão mal vão para a Independente.
23.09.2008 - 00h35 - Anónimo, Lisboa
Estudei no Técnico e por lá continuo, sou investigador e estudante de Doutoramento... Acho esta manifestação completamente disparatada, porque praxes, que me lembre acho que tive um dia ou dois, e não foi coisa que me fizesse perder muito tempo... Acho que existem formas diferentes de se conhecer pessoas do que a partir de um conceito completamente ultrapassado. Normalmente as pessoas no Técnico unem-se por grupos, e não é por haver praxe que se unem mais ou menos... É completamente ultrapassado e seria bom acabar com esse conceito de uma vez por todas... Hoje em dia acho que não faz sentido absolutamente nenhum...
22.09.2008 - 23h44 - Anónimo, Lisboa, Portugal
Haja alguém com bom senso!! Parabéns pela decisão Prof. Matos Ferreira. Tão ridículo quanto as praxes, só mesmo os trajes académicos e toda a atitute parva que normalmente a acompanha. Este país tem que perder a "mania da importância de ser dr". Ser estudante universitário ainda é um previlégio e escusam de exibi-lo a tanta e tanta gente que nunca o consegui ser. Sejam educados. Divirtam-se, mas educadamente
22.09.2008 - 21h52 - Tiago Carvalho, Lisboa
Muito boa medida do Sr. Reitor, porque em Portugal o que se quer é não respeitar a autoridade enquanto se atropelam outros direitos arrogando-se, claro está, também duma autoridade. E digo isto no sentido mais amplo. No caso do IST, como antigo estudante e actual bolseiro: só quem é parvo é que defende as praxes por estas servirem para integrar. Não há mais maneiras de as pessoas conhecerem-se senão através de jogos ridículos que só servem para acentuar a diferença hierárquica? Piadas foleiras e sexuais acompanhadas de cerveja? É singular observar-se que as mesmas alimárias que defendem e exercem a praxe são os mesmos imbecis que se vão arrastando pelo curso sem empenho e trabalho e têm a sua masturbação trajada de capa e batina só quando os caloiros entram em Setembro. Com sorte pescam uma caloira e depois entregam-nos todos à sua sorte. Não tenham dúvidas: as pessoas que praxam não são exemplo, bem pelo contrário, são um tipo de sujeitos totalmente acéfalo e preguiçosa que regozijam com a humilhação dos outros; dos caloiros não tenho pena nenhuma porque também se deixam submeter. Se querem "integrar" combinem uma hora, façam uma vaquinha, bebam uns copos. Simples e garantido
22.09.2008 - 20h58 - afonso, Portugal
a polícia fascista do politicamente correcto anda a fazer das suas... a verdadeira praxe no IST é acabar o curso
22.09.2008 - 21h13 - GZP, Lisboa
É mentira que as praxes no IST sejam puramente voluntárias. Eu entrei em Eng. Civil em 1995 e consegui escapar às brincadeiras grosseiras desses meninos por pura sorte e manha. No ano seguinte esforcei-me por ajudar outros alunos recém-chegados a fazerem o mesmo e quase que fui agredido. Concordo inteiramente com a medida do reitor: o IST não tem que ser conivente com este tipo de práticas bárbaras; se o fizerem fora do campus, no espaço público, aí valem claramente as leis civis que proíbem a agressão e a coacção.
22.09.2008 - 20h50 - F. Correia, Porto
Eu fui praxado, quando entrei na FCUL, contra a minha vontade. Fui lancado ao lago do campo grande, em Lisboa, por me recusar a obedecer aos 'veteranos' do meu curso. O resultado foi ter ficado uma semana doente (provavelmente devido à ingestao da àgua estagnada)... Nunca percebí esta necessidade que muitos estudantes universitários têm de achincalhar e abusar dos seus colegas mais novos. Mesmo nas suas manifestacoes mais brandas, a praxe resume-se a comandar os caloiros. Se esta é a forma correcta de colegas se tratarem, vou alí e já venho.
22.09.2008 - 19h31 - CM, Lisboa
Eh pessoal, mas nao acham que essa coisa de praxes cheira a provincianismo com pouca graca? Saudacoes
22.09.2008 - 19h25 - vg, oeiras
Estes meninos deviam ter juizo.Quando lá andei,aquilo era uma escola para rapazes ,com boas instalações desportivas.Agora são "tunas " e praxes à moda do Norte...Bimbos
22.09.2008 - 19h17 - Anónimo, Caldas da Rainha
As praxes são tradição no IST??????? Quando oiço falar nas praxes e na capa e batina no IST é rir a bandeiras despregadas com a historieta.
22.09.2008 - 19h01 - JT, Portugal
Praxe voluntária? Ter um brotamontes mais velho, desconhecido, numa cidade desconhecida a gritar-te aos ouvidos, enquanto estás de joelhos a olhar para o chão, que se não fores praxado és um mer... que vais ser posto de parte durante o tempo que durar o curso, etc,... isso torna a praxe voluntária? Srs Estudantes, que tal um pouco de raciocínio, de preferência antes da sétima imperial? Será que é verdade, que no século XXI , o conservadorismo obscurantista que sempre foi combatido a partir dos meios académicos, agora é defendido, sobre o pretexto do álcool, por estes? As razões dos estudantes(?) são tão válidas com as dos que defendiam que as mulheres não tinham inteligência suficiente para votar (alguns deles, de caneca na mão dirão "E têm?"), ou que os não nobres não tinham capacidades governativas (E o estudante com a capa cheia de cerveja dirá "pois claro, hic, não estudavam...")
22.09.2008 - 19h00 - Anónimo, lisboa
Concordo plenamente com o fim das praxes. As mesmas não são mais que: fizeste-me a mim, hei-de fazer a ti. É tempo de os nossos futuros Engenheiros pensarem em receber dignamente os nossos caloiros em que a maior parte deles necessita de apoio e não de praxes. Uma brincadeira de uma hora ou um dia aceito, agora praxe de uma semana? Não sejam ridículos e defendam um nome tão grande como Instituto Superior Técnico. Eu fui aí estudante e nunca participei em nenhum evento dessa natureza.
23.09.2008 - 10h14 - jsgm, Lisboa, Portugal
Em Setembro de 1995 um caloiro recusou as praxes "voluntárias". Perante a pressão dos veteranos que o empurravam e queriam encurralar num canto do Pav. de Civil deu um soco num "veterano". Foi perseguido por uma horda que queria tirar desforço da afronta. Refugiou-se no Conselho Directivo e os "assaltantes" quiseram rebentar as portas para o extrair de lá e "fazerem justiça". Perguntem aos Prof. Gaspar Martinho e Carlos Salema que lá estavam quanto tempo durou o cerco, que só terminou com a chegada de uma secção da PSP para dispersar a turba e escoltar o caloiro para fora do campus da Alameda.
23.09.2008 - 06h26 - Tiago Marques, Lisboa, Portugal
Acabei este ano um curso de Engenharia no IST e como tal vejo-me na condição de poder comentar este assunto. Ao longo dos 5 anos que passei no Técnico vi bastantes praxes (apesar do meu curso ser o único anti-praxe do IST) entre as quais muitas verdadeiramente humilhantes. Sem dúvida aplaudo esta decisão do Prof. Matos Ferreira, uma vez que discordo completamente da necessidade de praxe. Os seus defensores vão dizer que é para receber e integrar os alunos do primeiro ano, mas para tal não são precisas praxes. Vejam o exemplo do meu curso, Engenharia Física e Tecnológica em que tínhamos uma comissão de recepção aos alunos do primeiro ano para os integrar, mostrar-lhes o Técnico e Lisboa e realizar uma série de actividades como jogos, desporto e jantares. Acho a praxe representativa daqueles alunos que estão mais preocupados com "a vida académica" do que com a Universidade. No Técnico é para se trabalhar, se estão mal vão para a Independente.
23.09.2008 - 00h35 - Anónimo, Lisboa
Estudei no Técnico e por lá continuo, sou investigador e estudante de Doutoramento... Acho esta manifestação completamente disparatada, porque praxes, que me lembre acho que tive um dia ou dois, e não foi coisa que me fizesse perder muito tempo... Acho que existem formas diferentes de se conhecer pessoas do que a partir de um conceito completamente ultrapassado. Normalmente as pessoas no Técnico unem-se por grupos, e não é por haver praxe que se unem mais ou menos... É completamente ultrapassado e seria bom acabar com esse conceito de uma vez por todas... Hoje em dia acho que não faz sentido absolutamente nenhum...
22.09.2008 - 23h44 - Anónimo, Lisboa, Portugal
Haja alguém com bom senso!! Parabéns pela decisão Prof. Matos Ferreira. Tão ridículo quanto as praxes, só mesmo os trajes académicos e toda a atitute parva que normalmente a acompanha. Este país tem que perder a "mania da importância de ser dr". Ser estudante universitário ainda é um previlégio e escusam de exibi-lo a tanta e tanta gente que nunca o consegui ser. Sejam educados. Divirtam-se, mas educadamente
22.09.2008 - 21h52 - Tiago Carvalho, Lisboa
Muito boa medida do Sr. Reitor, porque em Portugal o que se quer é não respeitar a autoridade enquanto se atropelam outros direitos arrogando-se, claro está, também duma autoridade. E digo isto no sentido mais amplo. No caso do IST, como antigo estudante e actual bolseiro: só quem é parvo é que defende as praxes por estas servirem para integrar. Não há mais maneiras de as pessoas conhecerem-se senão através de jogos ridículos que só servem para acentuar a diferença hierárquica? Piadas foleiras e sexuais acompanhadas de cerveja? É singular observar-se que as mesmas alimárias que defendem e exercem a praxe são os mesmos imbecis que se vão arrastando pelo curso sem empenho e trabalho e têm a sua masturbação trajada de capa e batina só quando os caloiros entram em Setembro. Com sorte pescam uma caloira e depois entregam-nos todos à sua sorte. Não tenham dúvidas: as pessoas que praxam não são exemplo, bem pelo contrário, são um tipo de sujeitos totalmente acéfalo e preguiçosa que regozijam com a humilhação dos outros; dos caloiros não tenho pena nenhuma porque também se deixam submeter. Se querem "integrar" combinem uma hora, façam uma vaquinha, bebam uns copos. Simples e garantido
22.09.2008 - 20h58 - afonso, Portugal
a polícia fascista do politicamente correcto anda a fazer das suas... a verdadeira praxe no IST é acabar o curso
22.09.2008 - 21h13 - GZP, Lisboa
É mentira que as praxes no IST sejam puramente voluntárias. Eu entrei em Eng. Civil em 1995 e consegui escapar às brincadeiras grosseiras desses meninos por pura sorte e manha. No ano seguinte esforcei-me por ajudar outros alunos recém-chegados a fazerem o mesmo e quase que fui agredido. Concordo inteiramente com a medida do reitor: o IST não tem que ser conivente com este tipo de práticas bárbaras; se o fizerem fora do campus, no espaço público, aí valem claramente as leis civis que proíbem a agressão e a coacção.
22.09.2008 - 20h50 - F. Correia, Porto
Eu fui praxado, quando entrei na FCUL, contra a minha vontade. Fui lancado ao lago do campo grande, em Lisboa, por me recusar a obedecer aos 'veteranos' do meu curso. O resultado foi ter ficado uma semana doente (provavelmente devido à ingestao da àgua estagnada)... Nunca percebí esta necessidade que muitos estudantes universitários têm de achincalhar e abusar dos seus colegas mais novos. Mesmo nas suas manifestacoes mais brandas, a praxe resume-se a comandar os caloiros. Se esta é a forma correcta de colegas se tratarem, vou alí e já venho.
22.09.2008 - 19h31 - CM, Lisboa
Eh pessoal, mas nao acham que essa coisa de praxes cheira a provincianismo com pouca graca? Saudacoes
22.09.2008 - 19h25 - vg, oeiras
Estes meninos deviam ter juizo.Quando lá andei,aquilo era uma escola para rapazes ,com boas instalações desportivas.Agora são "tunas " e praxes à moda do Norte...Bimbos
22.09.2008 - 19h17 - Anónimo, Caldas da Rainha
As praxes são tradição no IST??????? Quando oiço falar nas praxes e na capa e batina no IST é rir a bandeiras despregadas com a historieta.
22.09.2008 - 19h01 - JT, Portugal
Praxe voluntária? Ter um brotamontes mais velho, desconhecido, numa cidade desconhecida a gritar-te aos ouvidos, enquanto estás de joelhos a olhar para o chão, que se não fores praxado és um mer... que vais ser posto de parte durante o tempo que durar o curso, etc,... isso torna a praxe voluntária? Srs Estudantes, que tal um pouco de raciocínio, de preferência antes da sétima imperial? Será que é verdade, que no século XXI , o conservadorismo obscurantista que sempre foi combatido a partir dos meios académicos, agora é defendido, sobre o pretexto do álcool, por estes? As razões dos estudantes(?) são tão válidas com as dos que defendiam que as mulheres não tinham inteligência suficiente para votar (alguns deles, de caneca na mão dirão "E têm?"), ou que os não nobres não tinham capacidades governativas (E o estudante com a capa cheia de cerveja dirá "pois claro, hic, não estudavam...")
22.09.2008 - 19h00 - Anónimo, lisboa
Concordo plenamente com o fim das praxes. As mesmas não são mais que: fizeste-me a mim, hei-de fazer a ti. É tempo de os nossos futuros Engenheiros pensarem em receber dignamente os nossos caloiros em que a maior parte deles necessita de apoio e não de praxes. Uma brincadeira de uma hora ou um dia aceito, agora praxe de uma semana? Não sejam ridículos e defendam um nome tão grande como Instituto Superior Técnico. Eu fui aí estudante e nunca participei em nenhum evento dessa natureza.
É por isso que eu gosto desta escola
Uma vez mais, o Instituto Superior Técnico dá o exemplo para o resto do país.
Comunicado do Presidente sobre praxes académicas no IST
19 Setembro 2008
Na sequência da carta enviada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior dirigida ao Presidente do Conselho de Reitores no passado dia 10 de Setembro, repudiando de forma veemente a prática das praxes académicas infligidas aos estudantes que ingressam no Ensino Superior, e dando conta da intenção de responsabilizar civil e criminalmente, por acção e por omissão, os órgãos próprios da instituição sempre que se demonstre a existência de práticas ofensivas para os estudantes, fica decidido:
Não reconhecer legitimidade a qualquer auto-denominada comissão de praxe, proibindo as actividades que neste momento lhes estão associadas nos campi da Alameda e do Taguspark;
Proibir a prática de praxes académicas nos campi da Alameda e do Taguspark, qualquer que seja a forma como são organizadas.
Qualquer violação a esta directiva deverá ser comunicada ao Conselho Directivo da Escola, que agirá em conformidade, não estando excluída a possibilidade de abertura de um processo disciplinar ao(s) elemento(s) prevaricador(es).
Carlos Matos Ferreira
Presidente do IST
2008/09/24
Sobre o cartão magnético de acesso às escolas
Ponto prévio: acredito que a principal preocupação de muitos pais ainda seja o controlo total dos filhos adolescentes, e partilho a grande preocupação da Maria João Pires quanto a este facto.
Dito isto, eu não vejo a introdução de um cartão magnético necessariamente ou exclusivamente como uma medida de “controlo total”. É-o em parte e é aí que eu o critico. Não me parece razoável que um aluno do secundário não possa entrar e sair livremente da escola. Não me parece sobretudo razoável que alunos do 2º ciclo (de 10 e 11 anos) sejam tratados da mesma forma que adolescentes pré-universitários. São idades muito diferentes, e esta indistinção origina uma imaturidade que hoje já se nota nos alunos do primeiro ano das universidades.
De qualquer forma, da maneira como o cartão é apresentado pela Maria João, parece que as escolas passam a ser uma espécie de “Big Brother”, onde todos os passos lá dentro são vigiados, os intervalos, o convívio com colegas, eventuais demonstrações de afecto e experiências que é suposto ter-se nesta idade. Não é assim, e ainda bem que não é. O cartão parece-me positivo até ao 9º ano, e com algumas alterações e salvaguardas importantes (poder vir cá fora ao café da D. Maria fumar um cigarrinho no intervalo – afinal não se pode fumar dentro das escolas, não é?) também mesmo no secundário.
Um dos aspectos importantes do cartão é o controlo da assiduidade. É aqui que eu não concordo com a Maria João, nomeadamente com a frase “A ideia de que alguém se mostre satisfeito pela existência de um cartão que lhe permite, por exemplo, ser avisado em tempo real de uma simples balda de um filho arrepia-me.” O controlo da assiduidade e o combate ao absentismo são de uma extrema importância em todas as actividades profissionais ao longo da vida, e a escola secundária é um bom local para começar a aprendê-lo. Nenhum aluno é impedido de faltar por isto. Aliás, tanto quanto eu sei, a única alteração deste cartão vai ser mesmo a comunicação da falta em tempo real ao encarregado de educação, pois ele já poderia tomar conhecimento de todas as faltas (não em tempo real) se assim desejasse. O cartão é é uma medida de responsabilização: o estudante deve habituar-se a assumir a responsabilidade pelos seus actos, nomeadamente pelas suas faltas. Não é encarando-as como “uma simples balda”, um “pequeno disparate” a que não se liga muito que se fomenta essa responsabilidade. A este respeito convém recordar as reacções dos alunos que vêm do estrangeiro, nomeadamente filhos de imigrantes, ao compararem a escola dos seus países de origem com a portuguesa. Todos referem que a escola portuguesa é menos exigente, que a atitude dos alunos portugueses é muito diferente da deles. Para eles a escola é para se aprender, e “uma simples balda” é algo impensável. É com estes alunos que temos que nos comparar e é como estes alunos que devemos querer que os nossos filhos sejam.
Resumindo, para mim a introdução do novo cartão é uma medida a elogiar, embora se deva rever a sua aplicação.
Dito isto, eu não vejo a introdução de um cartão magnético necessariamente ou exclusivamente como uma medida de “controlo total”. É-o em parte e é aí que eu o critico. Não me parece razoável que um aluno do secundário não possa entrar e sair livremente da escola. Não me parece sobretudo razoável que alunos do 2º ciclo (de 10 e 11 anos) sejam tratados da mesma forma que adolescentes pré-universitários. São idades muito diferentes, e esta indistinção origina uma imaturidade que hoje já se nota nos alunos do primeiro ano das universidades.
De qualquer forma, da maneira como o cartão é apresentado pela Maria João, parece que as escolas passam a ser uma espécie de “Big Brother”, onde todos os passos lá dentro são vigiados, os intervalos, o convívio com colegas, eventuais demonstrações de afecto e experiências que é suposto ter-se nesta idade. Não é assim, e ainda bem que não é. O cartão parece-me positivo até ao 9º ano, e com algumas alterações e salvaguardas importantes (poder vir cá fora ao café da D. Maria fumar um cigarrinho no intervalo – afinal não se pode fumar dentro das escolas, não é?) também mesmo no secundário.
Um dos aspectos importantes do cartão é o controlo da assiduidade. É aqui que eu não concordo com a Maria João, nomeadamente com a frase “A ideia de que alguém se mostre satisfeito pela existência de um cartão que lhe permite, por exemplo, ser avisado em tempo real de uma simples balda de um filho arrepia-me.” O controlo da assiduidade e o combate ao absentismo são de uma extrema importância em todas as actividades profissionais ao longo da vida, e a escola secundária é um bom local para começar a aprendê-lo. Nenhum aluno é impedido de faltar por isto. Aliás, tanto quanto eu sei, a única alteração deste cartão vai ser mesmo a comunicação da falta em tempo real ao encarregado de educação, pois ele já poderia tomar conhecimento de todas as faltas (não em tempo real) se assim desejasse. O cartão é é uma medida de responsabilização: o estudante deve habituar-se a assumir a responsabilidade pelos seus actos, nomeadamente pelas suas faltas. Não é encarando-as como “uma simples balda”, um “pequeno disparate” a que não se liga muito que se fomenta essa responsabilidade. A este respeito convém recordar as reacções dos alunos que vêm do estrangeiro, nomeadamente filhos de imigrantes, ao compararem a escola dos seus países de origem com a portuguesa. Todos referem que a escola portuguesa é menos exigente, que a atitude dos alunos portugueses é muito diferente da deles. Para eles a escola é para se aprender, e “uma simples balda” é algo impensável. É com estes alunos que temos que nos comparar e é como estes alunos que devemos querer que os nossos filhos sejam.
Resumindo, para mim a introdução do novo cartão é uma medida a elogiar, embora se deva rever a sua aplicação.
2008/09/23
Edward Norton Lorenz (1917-2008)
Lorenz, o pai do "efeito borboleta", durante a Segunda Guerra Mundial trabalhou como meteorologista para as Forças Armadas americanas, e descobriu este comportamento caótico enquanto estudava modelos para a previsão do tempo. A descoberta foi feita completamente por acaso: ao reintroduzir os mesmos dados no mesmo modelo, Lorenz obteve resultados completamente diferentes! Ao reexaminar mais cuidadosamente os seus dados, verificou que se enganara numa casa decimal, que significara uma diferença pequeníssima numa condição inicial!
Para saber mais, os sítios do costume: o obituário do The New York Times, o The Reference Frame e a Gazeta de Física, de onde o texto foi retirado (nº 3 do volume 31).
Para saber mais, os sítios do costume: o obituário do The New York Times, o The Reference Frame e a Gazeta de Física, de onde o texto foi retirado (nº 3 do volume 31).
2008/09/22
Na semana da mobilidade
Mais uma vez, o “Dia sem carros” que, em Lisboa, consiste em fechar o trânsito entre o Rossio e o Terreiro do Paço. De utilidade muito duvidosa esta medida. Bem mais úteis são as medidas anunciadas para o transporte público nocturno ao fim de semana e véspera de feriado. De parabéns a Câmara Municipal de Lisboa, Secretaria de Estado dos Transportes e Ministério da Administração Interna.
O “Dia sem carros” é presentemente uma iniciativa simbólica que não incomoda ninguém, e não resolve o problema principal – andar de carro, em Portugal, é uma questão de status. Ainda “parece mal” andar de transporte público ou bicicleta. O “crédito fácil”, a “bolha” que parece que está a rebentar e que se traduz em os portugueses viverem aima das suas possibilidades também se reflecte no número elevado de carros novos. No entanto, conforme é visível, cada vez há mais portugueses a andarem de bicicleta. Por muito que isso custe aos bondosos proponentes destas campanhas cívicas, tal atitude dos portugueses só começou quando começaram a sentir no bolso os efeitos da – abençoada! – “crise do petróleo”.
É útil aliás perder um pouco de tempo a ler os comentários dos leitores destas notícias e comparar os comentários dos portugueses residentes no estrangeiro com alguns dos de residentes em Portugal. Como sempre, em Portugal, o bom exemplo tem que vir de fora – dos países onde há muito andar de bicicleta é um hábito corrente. Talvez assim se torne moda – se torne chic!
O “Dia sem carros” é presentemente uma iniciativa simbólica que não incomoda ninguém, e não resolve o problema principal – andar de carro, em Portugal, é uma questão de status. Ainda “parece mal” andar de transporte público ou bicicleta. O “crédito fácil”, a “bolha” que parece que está a rebentar e que se traduz em os portugueses viverem aima das suas possibilidades também se reflecte no número elevado de carros novos. No entanto, conforme é visível, cada vez há mais portugueses a andarem de bicicleta. Por muito que isso custe aos bondosos proponentes destas campanhas cívicas, tal atitude dos portugueses só começou quando começaram a sentir no bolso os efeitos da – abençoada! – “crise do petróleo”.
É útil aliás perder um pouco de tempo a ler os comentários dos leitores destas notícias e comparar os comentários dos portugueses residentes no estrangeiro com alguns dos de residentes em Portugal. Como sempre, em Portugal, o bom exemplo tem que vir de fora – dos países onde há muito andar de bicicleta é um hábito corrente. Talvez assim se torne moda – se torne chic!
2008/09/19
Cravos vermelhos
"Para o funeral de uma democrata", disse eu à florista. A Rita gostaria.
Adeus Rita, minha colega no Conselho Pedagógico do IST e um símbolo da LEFT.
Adeus Rita, minha colega no Conselho Pedagógico do IST e um símbolo da LEFT.
2008/09/18
Rita
2008/09/17
Os portugueses e os prazos
Há pouco mais de cinco anos, ainda estava nos EUA, candidatei-me a uma bolsa Marie Curie. Na altura as candidaturas tinham de ser enviadas para Bruxelas pr correio. Havia um prazo (e uma hora) limite para as candidaturas chegarem à Comissão Europeia.
Por atrass e falhas de comunicação com a minha instituição de acolhimento, a verdade é que só enviei a candidatura dois dias antes do prazo. Enviei-a via FedEX, que me garantia a chegada a tempo. Garantia... se não houvesse imprevistos. Mas houve. Ou o camião ficou retido nalguma estrada em Long Island, ou por outro motivo quaquer, o envelope com a minha candidatura só saiu dos EUA 24 horas depois do previsto, e chegou a Bruxelas com um atraso de poucas horas, mas o suficiente para esta não poder ser considerada.
Olhando para trás, acabei por ir para outro sítio (Paris), com outro financiamento que descobri mais tarde, e onde fui muito feliz. Creio que acabou por não ter sido mu, a posteriori, esta candidatura não ter sido bem sucedida. Mas é evidente que é frustrante ela nem sequer ter sido avaliada... E enquanto não tive a bolsa francesa mais frustrante foi. Culpei-me muitas vezes embora nada fizesse prever que a FedEx falhasse logo naquele dia.
Lembrei-me deste episódio ao saber das candidaturas falhadas das câmaras do Seixal e do Barreiro ao QREN. Será que isso só sucede a portugueses (nomeadamente portugueses de esqerda)? Nem por isso. A um amigo meu, alemão e ultra-organizado, que também se candidatava a uma bolsa Marie Curie, sucedeu-lhe exactamente o mesmo que a mim...
Por atrass e falhas de comunicação com a minha instituição de acolhimento, a verdade é que só enviei a candidatura dois dias antes do prazo. Enviei-a via FedEX, que me garantia a chegada a tempo. Garantia... se não houvesse imprevistos. Mas houve. Ou o camião ficou retido nalguma estrada em Long Island, ou por outro motivo quaquer, o envelope com a minha candidatura só saiu dos EUA 24 horas depois do previsto, e chegou a Bruxelas com um atraso de poucas horas, mas o suficiente para esta não poder ser considerada.
Olhando para trás, acabei por ir para outro sítio (Paris), com outro financiamento que descobri mais tarde, e onde fui muito feliz. Creio que acabou por não ter sido mu, a posteriori, esta candidatura não ter sido bem sucedida. Mas é evidente que é frustrante ela nem sequer ter sido avaliada... E enquanto não tive a bolsa francesa mais frustrante foi. Culpei-me muitas vezes embora nada fizesse prever que a FedEx falhasse logo naquele dia.
Lembrei-me deste episódio ao saber das candidaturas falhadas das câmaras do Seixal e do Barreiro ao QREN. Será que isso só sucede a portugueses (nomeadamente portugueses de esqerda)? Nem por isso. A um amigo meu, alemão e ultra-organizado, que também se candidatava a uma bolsa Marie Curie, sucedeu-lhe exactamente o mesmo que a mim...
2008/09/11
Quinze anos
Quinze anos, foi o tempo que passou desde a última derrota da selecção portuguesa em casa numa fase de qualificação.
Quinze anos atrás, e primeiro Portugal e depois o Sporting jogavam muito bem mas não ganhavam nada.
Quinze anos atrás, não havia mentalidade ganhadora e nem maturidade de segurar um resultado. "Merecia-se ganhar", mas perdia-se.
Quinze anos, foi quanto o futebol português regrediu ao substutuir Scolari por Carlos Queirós. E espanta-me que haja quem (principalmente sendo adepto do FCP) não perceba este facto tão básico.
Quinze anos atrás, e primeiro Portugal e depois o Sporting jogavam muito bem mas não ganhavam nada.
Quinze anos atrás, não havia mentalidade ganhadora e nem maturidade de segurar um resultado. "Merecia-se ganhar", mas perdia-se.
Quinze anos, foi quanto o futebol português regrediu ao substutuir Scolari por Carlos Queirós. E espanta-me que haja quem (principalmente sendo adepto do FCP) não perceba este facto tão básico.
2008/09/10
Finalmente LHC
À hora a que começa a funcionar a maior experiência já concebida, é altura de ver mais uma vez o famoso e educativo rap.
2008/09/09
Os media e a física fundamental
Pretendemos, sem ser exaustivos, reflectir sobre a cobertura por parte dos media de algumas notícias relativas à fisica fundamental.
Tomemos como exemplo o badalado reconhecimento, por parte do conhecido astrofísico Stephen Hawking, da sua derrota na famosa aposta (de uma enciclopédia de basebol) com John Preskill sobre a conservação da informação após a evaporação de um buraco negro, no verão de 2004. Na extinta Grande Reportagem, em conjunto com a notícia foi apresentado um resumo biográfico de Hawking, com as principais datas da sua vida. Desse resumo constavam as datas relativas à sua doença, a publicação do seu livro, a aposta com Preskill. Nem uma só palavra sobre os seus enormes sucessos científicos! Nada era dito sobre o que tornou Hawking reconhecido pelos seus pares e que lhe dará um lugar na História da Ciência, que não tem nada a ver com a sua doença ou os seus livros – os teoremas de singularidades, com Roger Penrose, e a radiação dos buracos negros! Os aspectos científicos eram o menos importante nesta biografia do cientista.
Um exemplo mais recente é o da publicidade nunca vista acerca da publicação de um preprint (artigo disponível na internet, sem arbitragem científica) por parte de Garrett Lisi, em Novembro de 2007, com o sugestivo título Uma Teoria de Tudo Excepcionalmente Simples. Apesar de toda essa publicidade, mais de oito meses passaram e o artigo ainda não foi aceite por nenhuma revista da especialidade. Nestes oito meses o artigo conta somente com seis citações (há artigos que atingem tal marca em menos de uma semana, e sem publicidade nenhuma na comunicação social). A única dessas citações que corresponde a um artigo efectivamente publicado tem como co-autor o consagrado Sergio Ferrara, um dos inventores da supergravidade, premiado com a medalha Dirac em 1993, e refere-se ao modelo de Lisi só para o qualificar como “sem futuro”.
Note-se que não pretendemos contestar o valor de Lisi enquanto cientista; independentemente do destino que a História reservar à sua proposta, ninguém põe em causa o seu mérito ao apresentá-la. Tão-pouco pretendemos julgar cientificamente e de uma forma definitiva a sua proposta; uma vez mais, só a História o fará. Mas do que não restam dúvidas é que, como esta proposta, há muitas outras mais, só que nenhuma mereceu tal atenção da comunicação social. A proposta de Lisi teve grande destaque nos principais jornais de referência mundiais, sendo inclusive a capa de uma prestigiada revista francesa de divulgação científica, que lhe dedicou um dossiê especial. Como explicar tal atracção da comunicação social por um trabalho que, até agora, e segundo os usuais critérios científicos, se revelou tão pouco relevante?
Uma explicação reside no facto de Lisi ser um físico fora da universidade; vive num lago no estado americano do Nevada, totalmente isolado do mundo académico e dedicando grande parte do seu tempo aos desportos radicais. Tem um perfil bem diferente do cientista tradicional, tal como Gregory Perelman, o matemático que resolveu a conjectura de Poincaré (um resultado também disponível na internet e nunca publicado em nenhum jornal). Só que o trabalho de Perelman, premiado com a medalha Fields em 2006, é reconhecido unanimemente por toda a comunidade científica, o que está muito longe de acontecer com o trabalho de Lisi. Talvez algum público tenha visto em Lisi um novo Perelman, mas cremos que o principal motivo de interesse jornalístico não é esse.
O principal motivo, a nosso ver, é o mesmo que justifica que a perda da aposta por Hawking tenha mais interesse que os seus enormes sucessos científicos: na Física fundamental, essa ciência ingrata, a razão para a notícia é sempre o fracasso de algo. A principal novidade, para o leigo, da Teoria da Relatividade, mais do que o trabalho de Einstein, era o fracasso da mecânica de Newton. No caso de Hawking, o fracasso seria mais o seu, o de um cientista que já teve muitos sucessos que não foram notícia, ao perder a aposta (se a tivesse ganho, o fracasso seria muito maior: seria o da mecânica quântica!).
No caso de Lisi, o sucesso da sua teoria seria o fracasso das outras tentativas de quantizar a gravidade, nomeadamente (e principalmente) a mais mediática: a Teoria de Supercordas. Mas estas teorias estão longe de poderem ser vistas como acabadas ou definitivas; no entanto, frequentemente são apresentadas como as “teorias de tudo” ou as “teorias finais” em livros de divulgação. São por isso vítimas do seu próprio mediatismo, tornando-se um “alvo a abater”. Só que se as teorias de cordas não são comparáveis à mecânica newtoniana, muito menos o modelo de Lisi é comparável à relatividade. É muito positiva e desejável a atenção do público à Física fundamental, mas a discussão tem que ser mais séria e não ter como principal objectivo o de vender livros ou jornais.
Publicado no nº 3 do volume 31 da Gazeta de Física
Tomemos como exemplo o badalado reconhecimento, por parte do conhecido astrofísico Stephen Hawking, da sua derrota na famosa aposta (de uma enciclopédia de basebol) com John Preskill sobre a conservação da informação após a evaporação de um buraco negro, no verão de 2004. Na extinta Grande Reportagem, em conjunto com a notícia foi apresentado um resumo biográfico de Hawking, com as principais datas da sua vida. Desse resumo constavam as datas relativas à sua doença, a publicação do seu livro, a aposta com Preskill. Nem uma só palavra sobre os seus enormes sucessos científicos! Nada era dito sobre o que tornou Hawking reconhecido pelos seus pares e que lhe dará um lugar na História da Ciência, que não tem nada a ver com a sua doença ou os seus livros – os teoremas de singularidades, com Roger Penrose, e a radiação dos buracos negros! Os aspectos científicos eram o menos importante nesta biografia do cientista.
Um exemplo mais recente é o da publicidade nunca vista acerca da publicação de um preprint (artigo disponível na internet, sem arbitragem científica) por parte de Garrett Lisi, em Novembro de 2007, com o sugestivo título Uma Teoria de Tudo Excepcionalmente Simples. Apesar de toda essa publicidade, mais de oito meses passaram e o artigo ainda não foi aceite por nenhuma revista da especialidade. Nestes oito meses o artigo conta somente com seis citações (há artigos que atingem tal marca em menos de uma semana, e sem publicidade nenhuma na comunicação social). A única dessas citações que corresponde a um artigo efectivamente publicado tem como co-autor o consagrado Sergio Ferrara, um dos inventores da supergravidade, premiado com a medalha Dirac em 1993, e refere-se ao modelo de Lisi só para o qualificar como “sem futuro”.
Note-se que não pretendemos contestar o valor de Lisi enquanto cientista; independentemente do destino que a História reservar à sua proposta, ninguém põe em causa o seu mérito ao apresentá-la. Tão-pouco pretendemos julgar cientificamente e de uma forma definitiva a sua proposta; uma vez mais, só a História o fará. Mas do que não restam dúvidas é que, como esta proposta, há muitas outras mais, só que nenhuma mereceu tal atenção da comunicação social. A proposta de Lisi teve grande destaque nos principais jornais de referência mundiais, sendo inclusive a capa de uma prestigiada revista francesa de divulgação científica, que lhe dedicou um dossiê especial. Como explicar tal atracção da comunicação social por um trabalho que, até agora, e segundo os usuais critérios científicos, se revelou tão pouco relevante?
Uma explicação reside no facto de Lisi ser um físico fora da universidade; vive num lago no estado americano do Nevada, totalmente isolado do mundo académico e dedicando grande parte do seu tempo aos desportos radicais. Tem um perfil bem diferente do cientista tradicional, tal como Gregory Perelman, o matemático que resolveu a conjectura de Poincaré (um resultado também disponível na internet e nunca publicado em nenhum jornal). Só que o trabalho de Perelman, premiado com a medalha Fields em 2006, é reconhecido unanimemente por toda a comunidade científica, o que está muito longe de acontecer com o trabalho de Lisi. Talvez algum público tenha visto em Lisi um novo Perelman, mas cremos que o principal motivo de interesse jornalístico não é esse.
O principal motivo, a nosso ver, é o mesmo que justifica que a perda da aposta por Hawking tenha mais interesse que os seus enormes sucessos científicos: na Física fundamental, essa ciência ingrata, a razão para a notícia é sempre o fracasso de algo. A principal novidade, para o leigo, da Teoria da Relatividade, mais do que o trabalho de Einstein, era o fracasso da mecânica de Newton. No caso de Hawking, o fracasso seria mais o seu, o de um cientista que já teve muitos sucessos que não foram notícia, ao perder a aposta (se a tivesse ganho, o fracasso seria muito maior: seria o da mecânica quântica!).
No caso de Lisi, o sucesso da sua teoria seria o fracasso das outras tentativas de quantizar a gravidade, nomeadamente (e principalmente) a mais mediática: a Teoria de Supercordas. Mas estas teorias estão longe de poderem ser vistas como acabadas ou definitivas; no entanto, frequentemente são apresentadas como as “teorias de tudo” ou as “teorias finais” em livros de divulgação. São por isso vítimas do seu próprio mediatismo, tornando-se um “alvo a abater”. Só que se as teorias de cordas não são comparáveis à mecânica newtoniana, muito menos o modelo de Lisi é comparável à relatividade. É muito positiva e desejável a atenção do público à Física fundamental, mas a discussão tem que ser mais séria e não ter como principal objectivo o de vender livros ou jornais.
Publicado no nº 3 do volume 31 da Gazeta de Física
2008/09/08
Os snipers no BES e nas FARC
Regressando de viagem verifico que pelo Blasfémias pouco mudou.
João Miranda continua entretido com as suas teses libertárias, mas não percebo como pode falar em “presunção de inocência” (neste caso necessariamente do falecido assaltante) num crime que era flagrante e que estava a ser transmitido em directo pela TV. Se a polícia tivesse que pressupor sempre inocência, nunca poderia actuar e mais valia acabar com ela. No fundo, segundo a lógica habitual de Miranda milícias privadas não custariam dinheiro ao contribuinte.
Mas ocorreu-me uma comparação interessante entre o assaltante do BEs e o membro das FARC assassinado no resgate de Ingrid Betancourt e outros reféns das FARC. Este último resgate teve o júbilo merecido e justificado da maioria da blogosfera portuguesa (o meu incluído). No entanto, e embora este motivo não seja suficiente para eu lamentar a operação, tenho pena de que tenha havido uma baixa, de um guerrilheiro das FARC. Embora não defenda nem um bocadinho procedimentos das FARC (apesar de achar que existem justas razões de queixa contra o governo colombiano), aqui admito que tive pena de que aquele homem tinha morrido. E tive pena por várias razões: ele não era um dos comandos principais das FARC e, sobretudo, teve azar – estava no momento errado na hora errada.
Ao contrário do assaltante do BES, que em conjunto com o seu colega era totalmente responsável pelo que se estava a passar e deveria saber os riscos que corria, ainda assim tomando a decisão de manter o rapto e não se render, quando teve oportunidades para isso. O guerrilheiro das FARC está certo que se juntou à organização por escolha sua, e um pouco responsável seria sempre, mas não era de longe o único responsável por aquela situação. Não sabemos se teve oportunidade de se render no acto do resgate. E não há dúvida de que, em vez dele, poderia ter sido outro qualquer a morrer, pelo que evidentemente teve azar. Eu tive pena dele.
Cronistas como Ferreira Fernandes dedicaram uma crónica inteira a dizer que a morte do guerrilheiro das FARC foi justa e valeu a pena. Mas coerentemente Ferreira Fernandes também defendeu a morte do assaltante do BES.
O resgate de Ingrid Betancourt foi efusivamente comemorado no Blasfémias, onde João Miranda continua a lamentar a morte do assaltante do BES por parte da polícia do Estado. Por que razão não lamentou então João Miranda a morte do combatente das FARC?
João Miranda continua entretido com as suas teses libertárias, mas não percebo como pode falar em “presunção de inocência” (neste caso necessariamente do falecido assaltante) num crime que era flagrante e que estava a ser transmitido em directo pela TV. Se a polícia tivesse que pressupor sempre inocência, nunca poderia actuar e mais valia acabar com ela. No fundo, segundo a lógica habitual de Miranda milícias privadas não custariam dinheiro ao contribuinte.
Mas ocorreu-me uma comparação interessante entre o assaltante do BEs e o membro das FARC assassinado no resgate de Ingrid Betancourt e outros reféns das FARC. Este último resgate teve o júbilo merecido e justificado da maioria da blogosfera portuguesa (o meu incluído). No entanto, e embora este motivo não seja suficiente para eu lamentar a operação, tenho pena de que tenha havido uma baixa, de um guerrilheiro das FARC. Embora não defenda nem um bocadinho procedimentos das FARC (apesar de achar que existem justas razões de queixa contra o governo colombiano), aqui admito que tive pena de que aquele homem tinha morrido. E tive pena por várias razões: ele não era um dos comandos principais das FARC e, sobretudo, teve azar – estava no momento errado na hora errada.
Ao contrário do assaltante do BES, que em conjunto com o seu colega era totalmente responsável pelo que se estava a passar e deveria saber os riscos que corria, ainda assim tomando a decisão de manter o rapto e não se render, quando teve oportunidades para isso. O guerrilheiro das FARC está certo que se juntou à organização por escolha sua, e um pouco responsável seria sempre, mas não era de longe o único responsável por aquela situação. Não sabemos se teve oportunidade de se render no acto do resgate. E não há dúvida de que, em vez dele, poderia ter sido outro qualquer a morrer, pelo que evidentemente teve azar. Eu tive pena dele.
Cronistas como Ferreira Fernandes dedicaram uma crónica inteira a dizer que a morte do guerrilheiro das FARC foi justa e valeu a pena. Mas coerentemente Ferreira Fernandes também defendeu a morte do assaltante do BES.
O resgate de Ingrid Betancourt foi efusivamente comemorado no Blasfémias, onde João Miranda continua a lamentar a morte do assaltante do BES por parte da polícia do Estado. Por que razão não lamentou então João Miranda a morte do combatente das FARC?
2008/09/07
2008/09/06
Antes do primeiro jogo de qualificação
Futebolisticamente, prefiro os admiradores de Pinochet aos emuladores de Cavaco.
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