2010/08/17

Na sequência do desenho de André Carrilho

Um vídeo notável de Norman Finkelstein via Renato Teixeira. A ver com atenção.

2010/08/16

A evolução das espécies

Desenho de André Carrilho publicado a 01-08-2010 no Diário de Notícias.

A impunidade de Israel explica-se pelas reações como as que assistimos a propósito desta desenho. Israel (e a "comunidade israelita") ou não se apercebem ou fingem não se aperceber do mal que causam aos outros (os palestinianos). E têm a desfaçatez de falarem em nome de "toda a gente": "toda a gente" terá ficado indignada com este desenho, segundo o sr. Carp (exceto os anti-semitas, claro). Olhe, sr. Carp: eu não fiquei. O que me indigna, e o que deveria indignar "toda a gente", é o tratamento diariamente inflingido por Israel ao povo palestiniano.

2010/08/12

Lisboa, a capital do vazio

O excelente El País, "periódico global em espanhol" onde muitas vezes se encontra a melhor informação sobre Portugal e o mundo, publicou no fim de semana passado uma reportagem sobre o abandono a que são votadas muitas casas na capital portuguesa. Destaco a seguinte passagem:
Romão Lavadinho, presidente de la Asociación de Inquilinos Lisboetas, reconoce que "hay muchos pisos en mal estado, por los que el inquilino paga unos 70 euros al mes". "Pero no es menos cierto", añade, "que muchos propietarios dejan que las casas estén al borde de la ruina, para lograr su demolición y construir un inmueble con más pisos y más rentable". Lavadinho también acusa a los ayuntamientos de ciudades como Lisboa y Oporto: "Son los mayores propietarios y los que tienen el patrimonio más deteriorado".

2010/08/11

António Dias Lourenço (1915-2010)

É de pessoas assim que o PCP se deve orgulhar. Vale a pena ler o depoimento do Nuno Ramos de Almeida e esta pequena biografia, de que destaco as seguintes partes:

"Sou membro do Comité Central do PCP, mas recuso-me a dizer seja o que for", declarou, quando foi preso pela primeira vez, em 1949, antes de ser espancado a cassetete com a preocupação de manter uma expressão que não fosse de dor, como conta no documentário "O Segredo", de Edgar Feldman.

Na fuga de Peniche, quando viu que o grupo de pescadores com quem seguia queria entregá-lo à polícia, abriu o jogo: "Sou membro do PCP, acabei de fugir do Forte, vocês têm de me ajudar". Eles ajudaram.

Em 1960, é Dias Lourenço quem organiza a fuga de Álvaro Cunhal e de mais dez membros do PCP, num "trabalho meticuloso e sigiloso que durou muitos meses", como o próprio recordou numa entrevista dada em 2004 ao jornal Setúbal em Rede.

Entre 1962 e Abril de 1974, haveria de voltar à prisão onde "não podia inventar nada, porque nem papel tinha para escrever".

Mas Dias Lourenço "ia pensando em tudo, fazendo versos, cantando cá para mim", como recorda numa das muitas vezes que voltou a Peniche para recordar passo a passo a audaciosa fuga de 1954.

"Engendrou tudo sozinho, estudou as marés, avisou que ia partir, destruiu a vedação de uma cela solitária, atirou-se ao mar em pleno Dezembro - quando a polícia chegou ao local, constatou que é preciso gostar muito da liberdade para fugir daquela maneira".

2010/08/06

Outras utilidades da água suja do imperialismo

Jogo de xadrez construído com garrafas de Coca-Cola (ou 7-UP ou Pepsi ou outra coisa dessas). Colónia do Sacramento, Uruguai.

2010/08/05

Ainda Mário Bettencourt Resendes

Vale a pena ler os testemunhos de Maria Elisa e João Céu e Silva ("a 24 horas de morrer não se rendeu à fatalidade") e a última crónica escrita enquanto provedor (sobre figuras públicas que expõem debilidades de saúde).

2010/08/03

Mário Bettencourt Resendes (1952-2010)

Da minha experiência pessoal com o recém falecido provedor do DN, recordo a correspondência com ele trocada: sobre o caso "eles" (com direito a referência na coluna) e sobre outros dois casos (aqui e aqui), sem direito a publicação mas que mereceram sempre uma resposta (educada), ende me era garantido que, apesar de a carta não ser publicada, seria encaminhada para os jornalistas responsáveis.
Como jornalista, Mário Bettencourt Resendes foi a imagem e a grande referência do DN na década de 90 e na pimeira metade da década de 90. Como o seu amigo Mário Soares na política, no jornalismo Mário Bettencourt Resendes arriscou muitas vezes, falhou algumas mas acertou muitas mais. Errou no apoio à Guerra do Iraque em 2003 (embora tivesse como diretor adjunto úm tal António Ribeiro Ferreira - como aceitou tal situação é algo que nunca compreendi e nunca compreenderei). Mas o melhor que o DN teve foi sob a sua direção.
Vale a pena ler o que quem com ele trabalhou diz: Albano Matos, Ferreira Fernandes e Luís Delgado. Na blogosfera destaco o Pedro Correia, Pedro Rolo Duarte e a BD de Bandeira.
O DN perdeu a sua grande referência e o jornalismo português ficou mais pobre.