2007/10/03

O PSD, o PS e as campanhas

Não creio que as recentes eleições no PSD venham a afectar muito a situação política portuguesa. Estas eleições foram desinteressantes e pouco atractivas para os “notáveis” pela mesma razão que as análogas no PS, há três anos, foram atractivas. Há três anos os militantes do PS escolhiam aquele que seria o futuro primeiro-ministro, e sabiam isso. Quem os militantes do PSD agora escolheram, muito provavelmente (espero eu!) nunca será primeiro-ministro. Se fosse ao contrário seria a mesma coisa.
O afastamento dos notáveis do PSD não é de agora: já foi claríssimo nas eleições para a Câmara de Lisboa, onde só apresentaram um candidato de terceira escolha. A culpa não é de Marques Mendes.
Quando foi que Mendes começou a perder influência? Teve um bom resultado nas autárquicas de 2005 e o seu candidato ganhou as presidenciais. A meu ver terá sido com o referendo ao aborto. Não digo que um partido não deva dar liberdade de voto em questões tão fracturantes, mas os seus dirigentes devem tomar uma posição pública clara, seja para ganhar ou perder. Durante dois ou três meses não se falou de outra coisa em Portugal que não do aborto, e Marques Mendes não aparecia. Não fazia campanha. Eclipsou-se e não voltou a aparecer.
Só para comparação, a situação no PS em 1998 era análoga: o líder tinha a sua posição mas não fez campanha e o partido não tomou posição. António Guterres ainda ganharia umas eleições, mas a sua relação com o seu eleitorado desde esse referendo não voltaria a ser a mesma.

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