2008/12/18

"PCP e BE vão perder pau e bola"

Muita gente se queixa da marginalização a que o Bloco de Esquerda e, sobretudo, o PCP são votados. De o PS não contar com estes partidos para parceiros de governo. Admitindo tal como verdadeiro, será que a culpa é mesmo do PS? Sobre este assunto, e a propósito do recente Fórum das Esquerdas, aqui fica a maior parte de um artigo certeiro de Raposo Antunes no Público de segunda feira.
Este aparente estado de graça que vivem o Bloco de Esquerda e o PCP - fruto da contestação social de que é alvo o Governo por falta de políticas de esquerda, mas, sobretudo, por parte das corporações (professores, médicos, magistrados, etc.) - pode ser, na verdade, uma faca de dois gumes.
Nem BE nem PCP dão sinais de poderem corporizar um apoio pós-eleitoral ao PS se este não atingir a maioria absoluta nas legislativas do próximo ano. A "ética" do PCP não permite esse hipotético acordo. Se o permitisse, seria seguramente mais fiável como parceiro do que o BE. Mas não pode. Ponto final.
O Bloco de Esquerda ainda não é seguramente um bloco - é antes uma soma de personalidades, umas mais afastadas do que outras da extrema-esquerda estalinista e trotskista que se exibiu no pós-25 de Abril. Há quem tenha vontade no BE de vir a ser parceiro do PS (o caso Sá Fernandes é exemplar), mas muitos preferem cultivar esse lado de esquerda alegre. Outros temem que o PCP possa explorar eleitoralmente no futuro a perda da marca irreverente do BE.
É por isso que nem o PCP nem o BE têm condições para vir a ser aliados dos socialistas. E se não o são agora, quando estão em alta, quando o serão? Provavelmente, nunca. E sabe-se como ser poder atrai ou repele imprevisivelmente os eleitores. Assim, não só o BE e o PCP podem estar votados a ficarem eternamente na margem do poder, como podem também estar a contribuir para encostar o PS aos sectores colocados à sua direita, cavando um fosso inultrapassável. Ou seja, bloquistas e comunistas perderiam pau e bola. Mesmo que Manuel Alegre se exponha a protagonizar mais algum papel ingrato.

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