2006/11/16

A América segundo Miguel Sousa Tavares

Tudo acontecia como nos filmes, era tudo rigorosamente verdade: aquela era verdadeiramente “ the land of the free”, um país onde a liberdade individual, a sensação de que se é absolutamente dono de si, do seu tempo, da sua vontade e do seu destino, era tal forma inebriante que era preciso um esforço de contenção diário para não se deixar ir atrás do fluxo, aparentemente sem nexo, das coisas e do tempo.


Um excelente artigo no Expresso, que eu encontrei aqui via Aspirina B. Está recheado de imprecisões históricas diligentemente colectadas por Joaquim Vieira, mas que em nada afectam a ideia principal do texto, como sempre muito bem transmitida. Que alguém se dê ao trabalho de expor estas imprecisões (algumas bem óbvias, outras nem tanto) sem ao mesmo tempo comentar sequer o conteúdo do (repito, óptimo) artigo só revela como o Miguel Sousa Tavares é objecto de inveja para muito boa gente. No caso de Joaquim Vieira, deve ter a ver com a extinta “Grande Reportagem”.

12 comentários:

JV disse...

Na mouche.
Essa é que é essa.

Aspirina B disse...

Não vejo onde esteja o "óptimo". Trata-se da enésima formulação das mesmas generalidades anti-Bush de sempre. Já li aquele artigo para aí umas 5 vezes. Com a agravante de o MST não acertar um facto e de mentir quanto o que viu na sua viagem aos EUA.

João Pedro disse...

Não acerta uma facto? Ai, acerta, acerta, e não são poucos.

Filipe Moura disse...

Olá Aspirina,
vai uma grande confusão naquela cabeça quanto à viagem de há 30 anos. O MST deve ter visto outra coisa (talvez a conclusão dos inquéritos, mas depois de o Nixon estar bem demitido) e a memória atraiçoou-o. Agora daí a afirmar peremptoriamente que ele "mente", enfim... Fica com quem o afirma. Só é pena que não o afirmes assinando com o teu nome.
Não me lembro de alguma vez ter lido um parágrafo como o que transcrevi escrito por um europeu. São poucos os europeus que o poderiam escrever. São poucos os europeus que fizeram a viagem que o MST fez e viram o que ele descreve.

Aspirina B disse...

Que encontrou uma Am�rica igual � dos filmes? Whoa. Que coisa original. Continuas sem distinguir lugares-comuns de ideias.
E claro que ele mente ao escrever que l� esteve a tempo do bicenten�rio e das audi�ncias do Watergate. Ou parece-te poss�vel? Pois.

LR

Filipe Moura disse...

Que a data que o Miguel Sousa Tavares apresenta é incompatível com o facto que ele relata, isso é indiscutível. Agora eu julgava que, para se acusar uma pessoa de estar a mentir, era preciso ter provas de que sabe que não fala a verdade (isso é que é "mentir" - faltar à verdade deliberadamente e não por lapso). Sem essas provas, não se põe em causa a boa fé das pessoas. O homem podia estar com os copos ou simplesmente baralhado. É - como é que tu costumas dizer? - um "lugar comum".
Julgava eu que isto se sabia. Mas não, pois claro, eu não sei nada. O Luís Rainha é que decide o que é "lugar comum" e o que é "ideia". O Luís Rainha sabe tudo. Até sabe que o Miguel Sousa Tavares mente.

Filipe Moura disse...

Temos definições diferentes de mentira. Para ti a mentira é o que eu chamo "falsidade" ou "erro". Para mim (e para a generalidade das pessoas) mentira, hoje em dia (esquece o latim) tem o significado que vem na Wikipedia:

«Mentira é uma declaração feita por alguém que acredita ou suspeita que ela seja falsa, na expectativa de que os ouvintes ou leitores possam acreditar nela. Portanto uma declaração verdadeira pode ser uma mentira se o falante acredita que ela seja falsa; e histórias de ficção, embora falsas, não são mentiras. Dependendo das definições, uma mentira pode ser uma declaração falsa genuína ou uma verdade seletiva, uma mentira por omissão, ou mesmo a verdade se a intenção é enganar ou causar uma ação que não é do interesse do ouvinte.»

Enfim, já que hoje o blogger não me deixa escrever textos, vou escrevendo comentários...

Filipe Moura disse...

Pronto, está visto que temos conceitos diferentes de mentira. Uma mentira para mim tem de ser voluntária; por isso "mentir é feio". Chamar mentiroso a alguém para ti é um juízo de facto; para mim, é um juízo de valor. Experimenta fazer um inquérito junto das pessoas que conheceres. Olha: pergunta ao afixe ou ao gibel, que são advogados.

Unknown disse...

Rapazes:

Fica aqui combinado um jantar para quando tivermos 80 anos para discutir estas e outras matérias ...

Sugiro um pirequita. (Se na altura ainda existir.)

Aspirina B disse...

Advogados? Santo Deus: arranja-me é um dicionário que concorde com o teu entendimento, por favor. Até lá, estás apenas a teimar onde não se entrevê nem amostra de razão.

Filipe Moura disse...

Um dicionário? É já a seguir!

men.tir, intransitivo

dizer que é verdadeiro o que se sabe ser falso;
negar o que se sabe ser verdade;
enganar.

http://pt.wiktionary.org/wiki/mentir

É preciso esclarecer isto quando se fazem campanhas do tipo "eles mentem, eles perdem".

Pergunta ao afixe e ao gibel, a sério. Por razões profissionais eles lidam com questões de honra e coisas assim. Ou já te disse: pergunta a qualquer outra pessoa. Ou fica na tua. Eu é que já disse o que tinha a dizer.

Filipe Moura disse...

Se não queres perguntar a mais ninguém já disse: fica na tua. Em qualquer língua que eu conheça, "mentir" tem o significado que eu dei. Tu não achas, e pelos vistos achas que eu estou a mentir. Quem está a mentir, com a tua definição, és tu.