"Worse than working on a credible theory that is far from experiment is to work on a theory close to experiment but which is not credible." (J. Polchinski)
"It has been a historical mistake not to pay more attention to what theorists say." (J. Maldacena)
Na conferência Quantum Gravity in the Southern Cone em que participo.
2010/07/30
2010/07/29
Elas dançam sozinhas
Muitos estudantes da Universidade Nacional de La Plata, na província de Buenos Aires, foram vítimas dos crimes da ditadura argentina nos anos 70. Estes estudantes, e muitos outros cidadãos, eram raptados, provavelmente para serem atirados vivos de aviões. Mas desapareciam sem deixar rasto. As famílias não eram informadas. Nunca mais ninguém sabia deles.
Em frente ao Departamento de Física da Faculdade de Ciências Exatas da Universidade de La Plata existe o monumento da foto, aos estudantes da faculdade desaparecidos. Cada tijolo que falta representa um desses estudantes. Um deles era filho de uma das mais conhecidas “mães de Maio”. Na inauguração do monumento, a faculdade naturalmente convidou-a. Ela não compareceu, alegando que não acredita que o seu filho tenha desaparecido.
Em frente ao Departamento de Física da Faculdade de Ciências Exatas da Universidade de La Plata existe o monumento da foto, aos estudantes da faculdade desaparecidos. Cada tijolo que falta representa um desses estudantes. Um deles era filho de uma das mais conhecidas “mães de Maio”. Na inauguração do monumento, a faculdade naturalmente convidou-a. Ela não compareceu, alegando que não acredita que o seu filho tenha desaparecido.
2010/07/26
A bordo
Não resisto a escrever uma postagem a bordo do Buquebus para Buenos Aires, após um excelente fim de semana no Uruguai. Este barco parece um paquete!
2010/07/19
Numa suíte de um hotel em Barajas, Madrid...
...à espera da ligação para Buenos Aires. A ligação original, esta madrugada, foi impossível de apanhar graças ao atraso do vôo Lisboa-Madrid.
2010/07/18
Rumo ao sul
Vou à terra da Mafalda por duas semanas. Não deixarei de a visitar, como é óbvio. E verificarei se é mesmo verdade que no hemisfério sul as ideias nos caem. E os turbilhões giram em sentido contrário.
2010/07/16
Resumo rápido do Mundial de Futebol
Um campeão do mundo inédito – e uma proeza inédita para uma seleção europeia: ser campeã fora do seu continente. A única seleção que até hoje conseguira tal desiderato fora o Brasil – em 1958 (campeão na Suécia) e em 2002 (campeão na Coreia e no Japão).
Integrando ao longo do tempo (em linguagem comum, historicamente) a Holanda merecia mais um campeonato do mundo do que a Espanha. Mas a verdade é que esta Espanha, nos dias de hoje, é muito mais herdeira do vistoso futebol holandês da década de 70 do que a atual Holanda. Parabéns aos campeões. E aos derrotados, e a todos os que fizeram este magnífico e emocionante mundial.
Integrando ao longo do tempo (em linguagem comum, historicamente) a Holanda merecia mais um campeonato do mundo do que a Espanha. Mas a verdade é que esta Espanha, nos dias de hoje, é muito mais herdeira do vistoso futebol holandês da década de 70 do que a atual Holanda. Parabéns aos campeões. E aos derrotados, e a todos os que fizeram este magnífico e emocionante mundial.
2010/07/11
A mais importante das coisas menos importantes
Por estes dias, nos blogues de esquerda quase só se fala de futebol.
Embora eu concorde plenamente com este texto do Nuno Ramos de Almeida – a política não é definitivamente chamada para explicar o que se passa no relvado -, é
bastante consensual que a forma de jogar das seleções reflete caraterísticas nacionais. Os exemplos são vários: a organização e o coletivo alemães, o individualismo e o improviso sul-americanos, o cinismo e o maquiavelismo italianos… Penso mesmo que as extrapolações da política para o futebol têm mais a ver com as extrapolações destas caraterísticas para a política. E no dia a dia estas caraterísticas, se não fazem a política, fazem parte da realidade internacional.
Um bom exemplo de tais extrapolações será o definir-se, como é habitual, um futebol mais baseado nos rasgos individuais como “de esquerda”, enquanto um futebol mais disciplinado taticamente seria “de direita”. Num contexto internacional, quem pratica o primeiro tipo de futebol são países emergentes como o Brasil ou a Argentina e “PIGS” como Portugal, enquanto o arquétipo de quem pratica o segundo tipo de futebol é quem dita a ordem na Europa, a Alemanha. Mas estes países, como todos os outros, já tiveram governos de esquerda e de direita, e nem por isso as suas caraterísticas mudaram. Esta distinção pode fazer sentido para altermundialistas para quem quem governa é sempre de direita, mas não creio que tenha grande utilidade prática.
Dito isto, falar-se em futebol “de esquerda” como o mais espetacular, o mais aberto, em oposição a um futebol “de direita” mais fechado e mais interessado no resultado preocupa-me pelo que indicia. Então a esquerda não está preocupada com o resultado? Só a direita é que está interessada em ganhar?
Embora eu concorde plenamente com este texto do Nuno Ramos de Almeida – a política não é definitivamente chamada para explicar o que se passa no relvado -, é
bastante consensual que a forma de jogar das seleções reflete caraterísticas nacionais. Os exemplos são vários: a organização e o coletivo alemães, o individualismo e o improviso sul-americanos, o cinismo e o maquiavelismo italianos… Penso mesmo que as extrapolações da política para o futebol têm mais a ver com as extrapolações destas caraterísticas para a política. E no dia a dia estas caraterísticas, se não fazem a política, fazem parte da realidade internacional.
Um bom exemplo de tais extrapolações será o definir-se, como é habitual, um futebol mais baseado nos rasgos individuais como “de esquerda”, enquanto um futebol mais disciplinado taticamente seria “de direita”. Num contexto internacional, quem pratica o primeiro tipo de futebol são países emergentes como o Brasil ou a Argentina e “PIGS” como Portugal, enquanto o arquétipo de quem pratica o segundo tipo de futebol é quem dita a ordem na Europa, a Alemanha. Mas estes países, como todos os outros, já tiveram governos de esquerda e de direita, e nem por isso as suas caraterísticas mudaram. Esta distinção pode fazer sentido para altermundialistas para quem quem governa é sempre de direita, mas não creio que tenha grande utilidade prática.
Dito isto, falar-se em futebol “de esquerda” como o mais espetacular, o mais aberto, em oposição a um futebol “de direita” mais fechado e mais interessado no resultado preocupa-me pelo que indicia. Então a esquerda não está preocupada com o resultado? Só a direita é que está interessada em ganhar?
2010/07/09
O triunfo dos porcos
Puyol marca contra o dirigismo e protecionismo alemães. Pelos povos do sul, em nome de uma Europa solidária. Dança, Angela Merkel, dança!
2010/07/07
Perplexo e boquiaberto com a situação do Sporting
Claramente o Moutinho é um jogador à Porto. O Paulo Bento também é um treinador à Porto (esperava que Pinto da Costa o tivesse contratado). Quem nunca foi um jogador à Porto, apesar de lá ter jogado alguns anos, foi este diretor desportivo que o atual presidente se lembrou de ir buscar para o Sporting.
O negócio é o que menos interessa. O que me importa é um dos principais ativos recusar-se a jogar e ser vendido de qualquer maneira. Que presidente é este?
Não sei onde o clube vai parar assim.
O negócio é o que menos interessa. O que me importa é um dos principais ativos recusar-se a jogar e ser vendido de qualquer maneira. Que presidente é este?
Não sei onde o clube vai parar assim.
2010/07/02
Diz o Público: enquanto não regionalizarem nem fizerem ciclovias mais vale andarmos todos de popó
O “Público” parece ter descoberto as questões relacionadas com mobilidade. Só é pena que, avaliando pelo suplmento da semana passada, esteja a servir-se dela para promover questões que com ela nada têm a ver, pelo menos diretamente.
Num primeiro artigo, anuncia-nos que “já compramos muitas bicicletas – para andar faltam as ciclovias”. Eu sou um defensor da criação de ciclovias em cidades congestionadas por trânsito automóvel (não necessariamente em lugares turísticos só para efeitos de recreio, como se vê agora). Mas, como utilizador quotidiano de bicicleta (sem ciclovias), não posso aceitar que um jornal “decida” que só com ciclovias é que se pode andar de bicicleta. Essa é uma decisão pessoal, que deve ser estimulada (e a criação de ciclovias onde se justifiquem é um bom estímulo), mas que não deve depender nem ficar à espera da criação das mesmas.
Mas o exemplo mais gritante da utilização das questões da mobilidade para fins políticos que lhe são alheios é esta entrevista onde se defende que “sem regionalização não haverá transportes públicos de qualidade”. Eu compreendo que uma rede integrada de transportes públicos extravasa as autarquias, que têm que atuar em rede de uma forma concertada. Mas o principal problema nos transportes públicos em Portugal é a dispersão de operadores – de empresas.
Num primeiro artigo, anuncia-nos que “já compramos muitas bicicletas – para andar faltam as ciclovias”. Eu sou um defensor da criação de ciclovias em cidades congestionadas por trânsito automóvel (não necessariamente em lugares turísticos só para efeitos de recreio, como se vê agora). Mas, como utilizador quotidiano de bicicleta (sem ciclovias), não posso aceitar que um jornal “decida” que só com ciclovias é que se pode andar de bicicleta. Essa é uma decisão pessoal, que deve ser estimulada (e a criação de ciclovias onde se justifiquem é um bom estímulo), mas que não deve depender nem ficar à espera da criação das mesmas.
Mas o exemplo mais gritante da utilização das questões da mobilidade para fins políticos que lhe são alheios é esta entrevista onde se defende que “sem regionalização não haverá transportes públicos de qualidade”. Eu compreendo que uma rede integrada de transportes públicos extravasa as autarquias, que têm que atuar em rede de uma forma concertada. Mas o principal problema nos transportes públicos em Portugal é a dispersão de operadores – de empresas.
2010/07/01
Durma, dr. Soares!
Foi durante o Prós e Contras desta semana (na segunda parte) que Mário Soares contou a história que aqui reproduzo.
Nos anos 80, era ele primeiro-ministro, por duas vezes o ministro das finanças, Silva Lopes, telefonou para sua casa desesperado, às duas da manhã, a dizer que no dia seguinte o país iria entrar em bancarrota e já não haveria dinheiro para pagar os salários. Das duas vezes Mário Soares respondeu que, se isso fosse mesmo verdade como Silva Lopes temia (e em nenhuma das duas vezes tal se confirmou), no dia seguinte ele, Mário Soares, teria de estar bem desperto para decidir o que fazer. "Por isso, ó Silva Lopes, deixe-me dormir!"
Se, aos 86 anos, o velho cometesse a loucura de se recandidatar a Presidente, eu ainda votaria nele. Mário Soares é o último grande português vivo.
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