2008/04/30
Já não há paciência para o Rui Patrício
Eu não estava a brincar quando afirmei que ia ter saudades do Ricardo. Nunca vi o Sporting sofrer tantos golos ridículos numa só época como nesta. Para mim a gota de água foi este fim de semana, no jogo contra o Marítimo. O Rui Patrício simplesmente não sabe segurar uma bola!
Mas pior do que os seus frangos é a atitude perante os seus colegas de defesa, nomeadamente o Anderson Polga. Das imagens da discussão entre Patrício e Polga após o ridículo golo do Marítimo este fim de semana transparecia a falta de respeito do campeão do mundo em 2002 pelo jovem guarda redes, que pode ser promissor mas está claramente a queimar etapas necessárias ao seu desenvolvimento. Já custou muitos pontos ao Sporting (e este fim de semana custaria mais dois, não fosse o árbitro ter sido benévolo ao assinalar uma grande penalidade para mim inexistente, mas que por acaso e para variar foi convertida). Uma equipa com as ambições do Sporting precisa de um guarda redes que transmita confiança e se faça respeitar, e claramente o Rui Patrício, pelo menos por agora, não reúne restas qualidades. O Polga tem toda a razão para ficar irritado. Ricardo, regressa depressa!
2008/04/28
Max Mosley e os traseiros açoitados
No meu texto Viva a liberdade, viva a igualdade, viva a democracia referia-me a liberdades cívicas e, exclusivamente, a liberdades que interferem com as liberdades de outros. (Nos comentários dei o exemplo da liberdade de circular de carro dentro de uma cidade quando existem transportes públicos, o exemplo acabado de uma liberdade burguesa.) Restrições a esse tipo de liberdades são necessárias se se quer combater as desigualdades e lutar por um mundo mais sustentável.
Nada disso tem a ver com liberdades pessoais, de comportamentos que só digam respeito ao próprio indivíduo (e a adultos que voluntariamente se associem). Pertence a este grupo a privacidade sexual, incluindo fetiches que nos possam parecer repugnantes e que estejam associados a uma simbologia e a factos históricos que repudiamos. É este o caso das fantasias sexuais de Max Mosley, presidente da Federação Internacional do Desporto Automóvel, que mais uma vez faltou a um Grande Prémio de Fórmula 1. O passado político do seu pai não se recomenda mesmo nada, mas tal não torna legítimo julgar as suas fantasias sexuais, e muito menos pedir a sua demissão por um caso que não tem nada a ver com a Fórmula 1. Sobre este assunto, recomendo uma das recentes colunas “Piedra de Toque” de Mário Vargas Llosa.
Nada disso tem a ver com liberdades pessoais, de comportamentos que só digam respeito ao próprio indivíduo (e a adultos que voluntariamente se associem). Pertence a este grupo a privacidade sexual, incluindo fetiches que nos possam parecer repugnantes e que estejam associados a uma simbologia e a factos históricos que repudiamos. É este o caso das fantasias sexuais de Max Mosley, presidente da Federação Internacional do Desporto Automóvel, que mais uma vez faltou a um Grande Prémio de Fórmula 1. O passado político do seu pai não se recomenda mesmo nada, mas tal não torna legítimo julgar as suas fantasias sexuais, e muito menos pedir a sua demissão por um caso que não tem nada a ver com a Fórmula 1. Sobre este assunto, recomendo uma das recentes colunas “Piedra de Toque” de Mário Vargas Llosa.
2008/04/25
Viva a liberdade, viva a igualdade, viva a democracia
Existe a tendência de chamar ao 25 de Abril o Dia da Liberdade. É verdade que, durante o fascismo salazarista, o bem mais escasso, o bem mais reprimido, era a liberdade. Não havia liberdades políticas, liberdades cívicas, liberdades mínimas. Porém, num regime totalitário existe sempre uma classe para quem tudo é permitido. Para essa classe a liberdade existe, e é uma liberdade que não conhece limites. Que se confunde com prepotência. Que não acaba nos limites dos que não a têm, ou seja, é uma liberdade que não é admissível numa democracia. No fascismo salazarista, a liberdade era para muito poucos; com o 25 de Abril, a liberdade passou a ser para todos. E isto é liberdade, mas também é igualdade. É a esta combinação que se chama democracia, e é esta a grande conquista do 25 de Abril. Por isso, a meu ver o 25 de Abril deveria chamar-se não Dia da Liberdade, mas Dia da Democracia.
Não é correcto associar-se o 25 de Abril somente à liberdade (ignorando a igualdade) porque, como é bem sabido (na blogosfera é o que não falta) há muita gente que defende a liberdade e não quer nada com a igualdade. A recente (com pouco mais de um ano) campanha para o branqueamento do ditador Salazar, que culminou na sua designação como “O Maior Português” num programa de televisão, teve origem na blogosfera que só defende a liberdade (mas que eu nunca vi defender a democracia). Aliás eu tenho cá para mim que a maior ameaça à democracia, presentemente, provém (não só em Portugal) dos chamados “libertários”, os defensores incondicionais da liberdade. Eles próprios dizem: o 25 de Abril não é o dia deles.
A liberdade não pode ser ilimitada, porque acaba por colidir com a liberdade dos outros. Só pode ser irrestrita quando tal não originar conflitos com a igualdade. Senão, tal viola a democracia. Sobretudo, a mais liberdade corresponde sempre mais responsabilidade. Querer mais liberdade só por querer tem sempre outras consequências. Para o indivíduo e para todos. Pensem nisto.
Bom 25 de Abril.
Não é correcto associar-se o 25 de Abril somente à liberdade (ignorando a igualdade) porque, como é bem sabido (na blogosfera é o que não falta) há muita gente que defende a liberdade e não quer nada com a igualdade. A recente (com pouco mais de um ano) campanha para o branqueamento do ditador Salazar, que culminou na sua designação como “O Maior Português” num programa de televisão, teve origem na blogosfera que só defende a liberdade (mas que eu nunca vi defender a democracia). Aliás eu tenho cá para mim que a maior ameaça à democracia, presentemente, provém (não só em Portugal) dos chamados “libertários”, os defensores incondicionais da liberdade. Eles próprios dizem: o 25 de Abril não é o dia deles.
A liberdade não pode ser ilimitada, porque acaba por colidir com a liberdade dos outros. Só pode ser irrestrita quando tal não originar conflitos com a igualdade. Senão, tal viola a democracia. Sobretudo, a mais liberdade corresponde sempre mais responsabilidade. Querer mais liberdade só por querer tem sempre outras consequências. Para o indivíduo e para todos. Pensem nisto.
Bom 25 de Abril.
2008/04/23
O divórcio e o código laboral
Do editorial de sábado do DN:
Dito isto, é claro que está implícita uma sensação de confiança e tranquilidade no trabalhador casado, que não existe se de um momento para o outro puder ser despedido ou o seu cônjuge pedir (e obtiver) automaticamente o divórcio. A sensação de insegurança é a mesma. É claro que se for essa a opção dos cônjuges, nada a opor. Em, teoria, nenhuma das opções (divórcio imediato a pedido ou só por comum acordo) viola a igualdade dos cônjuges, e a meu ver deveriam poder existir ambas. Cada casal escolheria a que quisesse e que mais se adaptasse à sua forma de encarar o casamento. Ao decidir assim unilateralmente pela possibilidade do divórcio a pedido, sem dar satisfações ao cônjuge, e sem salvaguardar o modelo anterior, o governo está a dar um sinal de que os termos de todos os contratos devem passar a ser assim, unilaterais. De que a precariedade deve passar a ser estendida ao casamento. Embora a nova legislação laboral não consagre esse princípio (e ninguém crê que alguém no governo julgue que devesse consagrar), o sinal dado é claro. Os editorialistas de direita e o patronato já estão a aproveitar esse sinal. Que o Bloco de Esquerda não o distinga, não me surpreende. O que me surpreende é o PS e, principalmente, o PCP não o distinguirem. Agora aturem-nos.
José António Barros, o próximo presidente da Associação Empresarial de Portugal, veio a público lamentar o facto de "ser mais fácil uma pessoa divorciar-se do que despedir um empregado, o que é um contra-senso porque o casamento deveria ser mais estável do que a legislação laboral". Casado pela quarta vez, o empresário sabe do que fala e põe o dedo na ferida de duas liberdades cuja ampliação esteve esta semana em cima da mesa. (...) Não faz sentido que continue a ser mais fácil uma pessoa divorciar-se do que despedir um empregado.“Isto” é “João Marcelino” puro (mesmo que até nem tenha sido ele a escrever). A comparação entre o casamento e um contrato de trabalho não é para ser tomada à letra (como o editorialista, bem como o presidente da AEP, tomam). Isto porque o casamento é uma relação que deve pressupor igualdade de direitos e deveres entre ambos os cônjuges, não existindo perante a lei um mais poderoso. Já numa relação patrão-empregado tal igualdade não existe: o empregado será sempre o elo mais fraco. É isto que a direita liberalizadora se “esquece” sempre de referir. E será sempre assim, a menos que o trabalhador pudesse passar a poder despedir o patrão... Por isso os trabalhadores precisam de sindicatos e de legislação que lhes dê direitos e garantias (e que os proteja da arbitrariedade dos patrões). Não é legítimo querer alterar as leis laborais com base nas recentes alterações à lei do divórcio.
Dito isto, é claro que está implícita uma sensação de confiança e tranquilidade no trabalhador casado, que não existe se de um momento para o outro puder ser despedido ou o seu cônjuge pedir (e obtiver) automaticamente o divórcio. A sensação de insegurança é a mesma. É claro que se for essa a opção dos cônjuges, nada a opor. Em, teoria, nenhuma das opções (divórcio imediato a pedido ou só por comum acordo) viola a igualdade dos cônjuges, e a meu ver deveriam poder existir ambas. Cada casal escolheria a que quisesse e que mais se adaptasse à sua forma de encarar o casamento. Ao decidir assim unilateralmente pela possibilidade do divórcio a pedido, sem dar satisfações ao cônjuge, e sem salvaguardar o modelo anterior, o governo está a dar um sinal de que os termos de todos os contratos devem passar a ser assim, unilaterais. De que a precariedade deve passar a ser estendida ao casamento. Embora a nova legislação laboral não consagre esse princípio (e ninguém crê que alguém no governo julgue que devesse consagrar), o sinal dado é claro. Os editorialistas de direita e o patronato já estão a aproveitar esse sinal. Que o Bloco de Esquerda não o distinga, não me surpreende. O que me surpreende é o PS e, principalmente, o PCP não o distinguirem. Agora aturem-nos.
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2008/04/22
John Archibald Wheeler (1911-2008)
Foi o introdutor do termo “buraco negro” na terminologia corrente (apesar de não ter sido o descobridor dos “buracos negros” – só inventou a terminologia). Mas tem trabalhos importantes em física nuclear e introduziu a matriz S em teoria quântica de campo. Foi o orientador de físicos celebérrimos como Jakob Bekenstein (percursor da termodinâmica dos buracos negros) e Richard Feynman (que, a seu respeito, costumava dizer: “toda a gente diz que Wheeler está a dar em maluco, mas ele sempre foi maluco!”). Participou no Projecto Manhattan e apoiou a Guerra do Vietname. Para mim, há de ser recordado como um dos autores do horrendo “Gravitation”, um calhamaço de mais de cinco quilos que nunca ninguém leu. Nem os próprios autores o leram todo: o livro tem o texto principal (com que os três autores estavam de acordo) e umas caixas, a fundo cinzento (com que, diz a lenda, só um dos autores concordava, mas que eram publicadas na mesma). O resultado foi aquilo. Tive oportunidade de comprar o Gravitation, como novo, em segunda mão, por cinco ou dez dólares. Recusei.
Para saber mais: uma página toda dedicada a Wheeler, incluindo os obituários (destaque, como sempre, para o do The New York Times) e o The Reference Frame. E, no fim do mês, um novo volume da sua Gazeta de Física.
Para saber mais: uma página toda dedicada a Wheeler, incluindo os obituários (destaque, como sempre, para o do The New York Times) e o The Reference Frame. E, no fim do mês, um novo volume da sua Gazeta de Física.
2008/04/21
Quem é o responsável pela crise alimentar?
Um muito interessante artigo de Nicolau Santos no Expresso.
Uma equipa fiável e que oferece garantias
Refiro-me ao FC Porto, obviamente, a quem aproveito para dar os parabéns por mais um título de campeão nacional. Espero que mantenham a regularidade a que nos habituaram para a semana, ou a luta emocionante a que eu me referia faz uma semana vai ser mesmo só pelo terceiro lugar.
2008/04/18
Meneses, amigo, estamos contigo!
Com o Santana Lopes era diferente: afinal, ele era primeiro ministro (ainda não sabemos bem como, e nem o próprio deve saber). Havia um motivo. Agora (e esta é uma pergunta aos blógueres de esquerda) qual era o problema com o Luís Filipe Meneses? O Luís Filipe Meneses não passava (e nunca passaria) de líder do PSD. Estou certo de que a principal razão da sua demissão são os ataques vindos de dentro do próprio PSD, e não à esquerda. Mas ainda assim, os blógueres de esquerda escusavam de ter ajudado à festa. Onde é que se vai arranjar alguém que sirva tão bem para líder do PSD como Meneses agora?
Só falta os sportinguistas a seguir começarem a atacar o Chalana e o Luís Filipe Vieira.
Só falta os sportinguistas a seguir começarem a atacar o Chalana e o Luís Filipe Vieira.
2008/04/17
Após o dérbi
Das caixas de comentários do Público:
“Disse aos jogadores que tínhamos o jogo ganho ao intervalo.” ” Aconteceu o quarto golo e depois o quinto”" Temos de levantar a cabeça, falar uns com os outros.”“E os jogadores é que estão lá dentro do campo. E foi isto que aconteceu.” Podiam ser os gato fedorento que também foram a Alvalade mas foi o rapaz que dá a cara pela equipa técnica do Benfica que proferiu estas belas palavras. O rapaz a driblar era o pequeno genial, nas conferências de imprensa o seu bigode e humor lembram Groucho Marx. E essa de tirar o Di Maria a gente agradece.Continuem assim que vão no bom caminho. A caminho do quinto. Ah, e não se esqueçam que o L.F.Vieira sabe o que quer para o Benfica. E quem sabe, sabe. Sabe ele e sabemos nós, que também o queremos lá por muitos e bons anos. A ele e à águia Vitória.
2008/04/15
Dez coisas a saber sobre John McCain
Depois de, nas primárias - a meu ver mal - ter apoiado um candidato (Barack Obama), o movimento de tendência democrata MoveOn resolveu finalmente eleger como seu adversário John McCain, não contribuindo para a divisão do Partido Democrata. E aponta-nos alguns factos dignos de registo, que são interessantes pelo que revelam não só do candidato mas também, principalmente, da direita norte-americana:
10 things you should know about John McCain (but probably don't):
1. John McCain voted against establishing a national holiday in honor of Dr. Martin Luther King, Jr. Now he says his position has "evolved," yet he's continued to oppose key civil rights laws.
2. According to Bloomberg News, McCain is more hawkish than Bush on Iraq, Russia and China. Conservative columnist Pat Buchanan says McCain "will make Cheney look like Gandhi."
3. His reputation is built on his opposition to torture, but McCain voted against a bill to ban waterboarding, and then applauded President Bush for vetoing that ban.
4. McCain opposes a woman's right to choose. He said, "I do not support Roe versus Wade. It should be overturned."
5. The Children's Defense Fund rated McCain as the worst senator in Congress for children. He voted against the children's health care bill last year, then defended Bush's veto of the bill.
6. He's one of the richest people in a Senate filled with millionaires. The Associated Press reports he and his wife own at least eight homes! Yet McCain says the solution to the housing crisis is for people facing foreclosure to get a "second job" and skip their vacations.
7. Many of McCain's fellow Republican senators say he's too reckless to be commander in chief. One Republican senator said: "The thought of his being president sends a cold chill down my spine. He's erratic. He's hotheaded. He loses his temper and he worries me."
8. McCain talks a lot about taking on special interests, but his campaign manager and top advisers are actually lobbyists. The government watchdog group Public Citizen says McCain has 59 lobbyists raising money for his campaign, more than any of the other presidential candidates.
9. McCain has sought closer ties to the extreme religious right in recent years. The pastor McCain calls his "spiritual guide," Rod Parsley, believes America's founding mission is to destroy Islam, which he calls a "false religion." McCain sought the political support of right-wing preacher John Hagee, who believes Hurricane Katrina was God's punishment for gay rights and called the Catholic Church "the Antichrist" and a "false cult."
10. He positions himself as pro-environment, but he scored a 0--yes, zero--from the League of Conservation Voters last year.
10 things you should know about John McCain (but probably don't):
1. John McCain voted against establishing a national holiday in honor of Dr. Martin Luther King, Jr. Now he says his position has "evolved," yet he's continued to oppose key civil rights laws.
2. According to Bloomberg News, McCain is more hawkish than Bush on Iraq, Russia and China. Conservative columnist Pat Buchanan says McCain "will make Cheney look like Gandhi."
3. His reputation is built on his opposition to torture, but McCain voted against a bill to ban waterboarding, and then applauded President Bush for vetoing that ban.
4. McCain opposes a woman's right to choose. He said, "I do not support Roe versus Wade. It should be overturned."
5. The Children's Defense Fund rated McCain as the worst senator in Congress for children. He voted against the children's health care bill last year, then defended Bush's veto of the bill.
6. He's one of the richest people in a Senate filled with millionaires. The Associated Press reports he and his wife own at least eight homes! Yet McCain says the solution to the housing crisis is for people facing foreclosure to get a "second job" and skip their vacations.
7. Many of McCain's fellow Republican senators say he's too reckless to be commander in chief. One Republican senator said: "The thought of his being president sends a cold chill down my spine. He's erratic. He's hotheaded. He loses his temper and he worries me."
8. McCain talks a lot about taking on special interests, but his campaign manager and top advisers are actually lobbyists. The government watchdog group Public Citizen says McCain has 59 lobbyists raising money for his campaign, more than any of the other presidential candidates.
9. McCain has sought closer ties to the extreme religious right in recent years. The pastor McCain calls his "spiritual guide," Rod Parsley, believes America's founding mission is to destroy Islam, which he calls a "false religion." McCain sought the political support of right-wing preacher John Hagee, who believes Hurricane Katrina was God's punishment for gay rights and called the Catholic Church "the Antichrist" and a "false cult."
10. He positions himself as pro-environment, but he scored a 0--yes, zero--from the League of Conservation Voters last year.
2008/04/14
Benfica beneficiado em Setúbal
O Vitória de Setúbal foi evidentemente prejudicado no jogo com o FC Porto do passado sábado. O grande beneficiado não é obviamente o FC Porto, mas o Benfica. Apesar de o clube da Luz continuar a ser beneficiado pelas arbitragens, prevejo que até ao fim do campeonato a luta pelo quarto lugar vai ser renhida.
2008/04/11
Paris respeita os direitos do homem em toda a parte
O Rui Pereira, autor do excelente (e infelizmente acabado) Stopping Light, indicou-me um álbum com fotos da passagem da tocha olímpica por Paris. Como a que eu mostro, de um cartaz afixado pela Câmara Municipal no respectivo edifício.
2008/04/10
O orgulho português em França
O primeiro português a transportar a tocha olímpica na história das Olimpíadas. Precisamente aquele que é o maior símbolo da comunidade portuguesa em França. Devemos agradecer ao Pauleta, mas também ao actual Presidente da Câmara de Paris: este reconhecimento deve-se também a ele. Parabéns, Pauleta.
A tocha olímpica desceu o Boulevard Jourdan, passou pela Cité Universitaire mesmo à porta da “minha” casa, até chegar ao Stade Charlety (mesmo ao lado da Casa de Portugal). Alguém tem fotos do evento?
2008/04/09
O concerto de Mark Knopfler no Campo Pequeno
Uma combinação equilibrada entre temas recentes e clássicos, a solo e principalmente dos Dire Straits.
Sempre gostei das melodias dos Dire Straits, mais do que das letras. O que me entra no ouvido é sobretudo a música. Mas havia muita gente que entoava as músicas dos Dire Straits, claramente as que eram do maior agrado da plateia, composta por gente de muito diversas idades.
Não contabilizei os tempos das canções, mas Expresso Love, Romeo and Juliet, Sultains of Swing e Brothers in Arms devem ter andado perto dos dez minutos cada uma e Telegraph Road passou-os de certeza. Preferi deleitar-me com os solos de guitarra. Aos 58 anos, Knopfler está em grande forma. Belo final ao som de Going Home.
O Mark Knopfler não levava fita na cabeça porque já não tem muito cabelo para segurar, mas havia fãs dele que ainda assim usaram no concerto o adereço que nos anos 80 era a sua imagem de marca. Esses fãs também já eram carecas.
Sempre gostei das melodias dos Dire Straits, mais do que das letras. O que me entra no ouvido é sobretudo a música. Mas havia muita gente que entoava as músicas dos Dire Straits, claramente as que eram do maior agrado da plateia, composta por gente de muito diversas idades.
Não contabilizei os tempos das canções, mas Expresso Love, Romeo and Juliet, Sultains of Swing e Brothers in Arms devem ter andado perto dos dez minutos cada uma e Telegraph Road passou-os de certeza. Preferi deleitar-me com os solos de guitarra. Aos 58 anos, Knopfler está em grande forma. Belo final ao som de Going Home.
O Mark Knopfler não levava fita na cabeça porque já não tem muito cabelo para segurar, mas havia fãs dele que ainda assim usaram no concerto o adereço que nos anos 80 era a sua imagem de marca. Esses fãs também já eram carecas.
2008/04/08
Miguel Sousa Tavares: uma sociedade sem deveres
Não tenho tido oportunidade de escrever sobre as propostas de lei do casamento civil do PS e do Bloco de Esquerda. Mas subscrevo quase todo o conteúdo do último artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso. Para não entrar numa outra discussão que agora não vem a propósito, transcrevo-o omitindo uma pequena parte.
Uma sociedade sem deveres
Começo por apresentar o meu cadastro 'fracturante': fui sempre a favor da despenalização do aborto, porque nunca entendi que a maternidade pudesse ser imposta como um castigo a quem engravidou sem querer, ou o aborto, nessas circunstâncias, fosse tratado como um crime; sou a favor da equiparação de direitos entre as uniões de facto e os casamentos - mas sou contra a transposição integral dos direitos do casamento para as uniões de facto, que é um regime onde apenas existem direitos e não existem deveres; sou a favor do casamento entre homossexuais, exactamente porque a simples união de facto, ainda que com deveres consagrados legalmente, não lhes permite aceder a um regime em que possam ter todos os direitos conjugais e respectivos deveres, apenas porque é diversa a sua orientação sexual; (...) sou contra 'o fim do divórcio litigioso', tal como previsto no projecto chumbado do BE e a ser retomado em breve pelo PS, em moldes semelhantes. Em matérias ditas fracturantes, estou assim completamente fracturado. Mas tenho a presunção de manter alguma coerência neste ziguezague ideológico: defendo os regimes em que existem direitos a que correspondem obrigações. Rejeito aqueles em que apenas existem direitos sem deveres.
A lei actual prevê que, não havendo acordo para um divórcio por mútuo consentimento, o cônjuge que se ache não culpado da situação de ruptura conjugal possa intentar contra o outro uma acção de divórcio litigioso, com fundamento em qualquer facto que, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de continuidade da vida comum, designadamente a violação dos deveres de coabitação, assistência e fidelidade. Num mundo perfeito e numa situação serena, esta possibilidade deveria manter-se letra morta, porque um divórcio litigioso nunca aproveita a ninguém: nem ao requerente, nem ao requerido, nem, sobretudo, aos filhos comuns. Mas, apesar de tudo, há alguma salvaguarda que a lei garante ao cônjuge declarado não culpado de um divórcio litigioso - na partilha de bens, por exemplo - e é legítimo que quem não teve culpa no divórcio possa reclamá-la para si. E, acima de tudo, existe uma razão de ordem pessoal e íntima para que alguém recuse divorciar-se contra sua vontade ou, no limite, só aceite fazê-lo de forma litigiosa e pedindo ao tribunal que declare então o outro culpado pela ruptura: acontece com os que pensam que o casamento é um contrato inquebrável, até à morte, e que defendê-lo sempre, por mais difíceis que sejam as circunstâncias, é um dever e um direito que lhes assiste. Eu não penso assim, mas não me sinto no direito de impor o que penso aos casamentos alheios.
Isto quer dizer que não há actualmente, na nossa lei civil, a possibilidade de requerer o divórcio, mesmo que o outro não queira, dizendo simplesmente que se deixou de o amar. Dito desta maneira, pode parecer muito chocante, nas sociedades urbanas e sentimentalmente libérrimas em que vivemos, mas convém olhar as coisas com mais cautela. Em primeiro lugar, embora o princípio legal vigente seja este, existe uma excepção que tudo muda: a lei prevê que possa ser fundamento de divórcio litigioso a separação de facto existente - dantes, ao fim de seis anos, agora de três e em breve de um ano apenas, que é quase o mesmo que nada. Ou seja, não apenas o cônjuge abandonado pode invocar tal facto como fundamento de divórcio, como também aquele que abandonou o pode fazer: sai de casa, espera um tempo e obtém o divórcio contra a vontade do outro e sem culpa do outro. Parece que já chegava e sobrava como defesa suficiente da instabilidade sentimental. Mas não: pretende-se também acabar de vez com a possibilidade de alguém obter em tribunal a declaração de que não foi culpado no divórcio. E, na reveladora justificação do líder parlamentar do PS, consagrar um regime legal que estipule que 'o casamento baseia-se nos afectos e não nos deveres'.
Eu sou contra isto. Contra uma sociedade que, em todos os domínios da vida, acha que faz parte dos direitos fundamentais do indivíduo nunca ter deveres. Pegando num exemplo recente, são os pais que acham que não têm o dever de educar os filhos e que basta dar-lhes telemóveis e iPod's para que eles não chateiem; são os filhos que acham que não têm o dever de obedecer e respeitar os professores na escola; os professores e os conselhos directivos que acham que não têm o dever de impor disciplina e respeito, custe o que custar; e os teóricos da educação que acham que não têm o dever de castigar a sério os alunos mal-educados, pondo-os a fazer trabalhos para a comunidade nos dias de folga, em lugar de os suspender ou transferi-los de escola. Esta teoria chega agora ao casamento e ao direito de família, pela mão da modernidade imbecil do PS e do Bloco de Esquerda. Estão convencidos de que assim mostram a sua abertura de 'esquerda', mas estão completamente enganados: fora dos meios urbanos, ricos e cultivados das grandes cidades, no país pobre, interior e onde a família conjugal é, a maior parte das vezes, a única defesa contra a solidão, a doença e as agruras da vida, o fim instantâneo do casamento por simples vontade de uma das partes vai traduzir-se apenas na vontade do mais forte contra o mais fraco. Mas talvez isto seja demasiado complicado para explicar àquelas cabecinhas pré-formatadas dos socialistas e dos bloquistas.
O PSD levou a sua liderança bicéfala ao 'Alentejo profundo' - o que quer dizer Alqueva. E quando um político vai ao Alqueva, é fatal que oiça queixas. Tantos anos a reclamar a barragem e, afinal, depois de pronta, depois dos milhões a perder de vista investidos na albufeira e nos sistemas de irrigação agrícola, quando seria de esperar que estivessem agradecidos ao esforço financeiro do país, é o contrário que se passa. Porque, como explicou um autarca local a Luís Filipe Menezes, "temos água com fartura, mas não temos mais nada". A Aldeia da Luz queixa-se que (depois de lhes terem feito uma aldeia nova, inteirinha) ainda não fizeram o centro de dia; a Aldeia da Estrela queixa-se que tem a água à porta, mas não tem um pontão para barcos; outros queixam-se do "olival intensivo dos espanhóis" (a quem eles venderem as terras por um preço dez vezes acima do que vigorava antes do Alqueva); e outros ainda queixam-se porque "o Governo não previu os efeitos económicos das alterações climáticas" e eles venderam aos espanhóis o girassol (que serve para fazer biocombustíveis) a 250 euros a tonelada e agora vale 620. Menezes ouviu tudo e concordou: "o governo fez questão de não apostar no empreendedorismo local". Eis um retrato do Portugal profundo: todos têm direitos inesgotáveis, sem deveres alguns. Nem ao menos o de aproveitarem as oportunidades que lhes caiem do céu. Menezes, como está na oposição, chama a isto "empreendedorismo". Eu chamo-lhe a atitude de estar sentado no café à espera do subsídio e a dizer mal de tudo.
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2008/04/07
A classe média e o ensino privado
A minha opinião sobre uma intervenção no último Prós e Contras (e sobre "classe média" em geral) no Cinco Dias.
2008/04/04
Right becomes wrong and left becomes right
Numa entrevista antiga, que li anos depois na rede mas de que perdi o rasto, Caetano Veloso queixava-se da pouca atenção que as rádios brasileiras devotavam à sua canção Terra (uma música que, apesar dos seus muitos fãs, eu nunca achei nada de especial). Caetano falava mais ou menos nestes termos ao jornal (se eu bem me recordo, o JB): “Todo o mundo canta Terra, mas os radialistas nunca passam Terra porque dizem que é muito longo! Mas estão sempre passando essa merda de Dire Straits – cada canção dura dez minutos!”
Eu gosto muito do Caetano, mas logo não vou perder a oportunidade de assistir ao concerto do vocalista dos Dire Straits (e um dos maiores guitarristas de sempre), no Campo Pequeno, em Lisboa. Talvez até leve uma fita para o cabelo.
2008/04/03
2008/04/02
Revista das petas de 1º de Abril
Em A Bola, "a águia Vitória está desaparecida". No Record, Rui Alves "não gosta de portugueses" e quer a independência da Madeira. O que até é capaz de nem ser mentira nenhuma...
Não vislumbrei nenhuma mentira no Diário de Notícias. O matutino dirigido por João Marcelino só dedicou as centrais a recordar algumas partidas pregadas aos leitores em anos anteriores. No tempo em que o DN contava mentiras a 1 de Abril. No tempo em que o DN era um jornal sério.
Não vislumbrei nenhuma mentira no Diário de Notícias. O matutino dirigido por João Marcelino só dedicou as centrais a recordar algumas partidas pregadas aos leitores em anos anteriores. No tempo em que o DN contava mentiras a 1 de Abril. No tempo em que o DN era um jornal sério.
2008/04/01
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