2006/10/19

Cromos da Cité Universitaire - 2 - o servente da cantina


Foram vezes sem conta as refeições que este empregado me serviu. Ele e o colega. Sempre com a mesma cara, verdadeiramente impassível. Inalterada. De autómato. O homem atendia-nos automaticamente, todos os dias, uns ao almoço, outros ao jantar, sempre com a mesma expressão inexpressiva.
A teoria do meu colega do Técnico é mais ou menos confirmada: o senhor é notoriamente magro, e os pratos por ele servidos têm geralmente menos comida que os da sua colega referida no texto anterior. Mas com um pormenor que nem toda a gente conhece: ao contrário desta, e mesmo com o aviso, se lhe pedirmos ele não recusa uma colher extra de acompanhamentos. Com a quantidade de comida que é desperdiçada por ficar nos pratos, esta é capaz de ser uma boa solução, partindo do pressuposto que quem lhe pedir a dose extra comerá (como eu) a comida toda. O senhor punha a dose extra. Sempre com a mesma cara.
Na verdade foi graças a este carismático empregado que decidi começar esta série, que se estende até amanhã. E porquê? Primeiro dizia que não me havia de ir embora sem lhe despejar um copo de água em cima, a ver se ele ficava zangado e ao menos punha outra cara. Depois decidi: não, vou é tirar-lhe uma fotografia. E pô-la no blogue. E foi o que eu fiz. Mas, mais uma vez, a fotografia não me saiu como eu queria. É que, ao tirar-lha, ao fim de três anos foi a primeira vez que vi o homem sorrir.

1 comentário:

zazie disse...

ehehehe

deixa lá que também és muito acriançado

":O)))