2007/12/31
Adieu Carrefour
Nem sequer são as histórias de Paris. As dorades que eu comprava para grelhar (tinha que as preparar na cozinha colectiva), e que me permitiam travar conecimento com meninas portuguesas. Vinham ter comigo a perguntar-me, timidamente e em francês, onde é que eu tinha comprado aquele peixe, de que gostavam muito e que comiam com frequência no país delas. Eram portuguesas, claro.
Nem a vélo com que me passeei e transportei em Paris. São mesmo coisas do quotidiano. De Portugal.
Mantendo-me no ciclismo: desaparece em Portugal a marca Topbike. Este fim de semana veio um selim para a minha bicicleta, antes que desaparecesse. Sete euros. Agora, só em Espanha se arranjam. Em Portugal, ou são caros (e vendidos por comerciantes que não querem abrir ao domingo), ou são maus.
A galette des rois. Onde se arranja uma galette por quatro euros em Lisboa? E toda a pastelaria francesa e portuguesa.
O queijo. Eu costumava rir ao ver os folhetos de propaganda do Continente a anunciarem queijo Brie a 9,90€ o quilo como uma “grande promoção”. Chegava ao Carrefour (como cheguei a semana passada) e encontrava o mesmíssimo queijo, de leite pasteurizado mas artesanal, a 4,90€ o quilo. “Refeição económica”. Costumava rir, dizia. Agora, vou chorar.
Os “produtos 1”, “os mais baratos da região”, e os produtos Carrefour em geral. Os patés a um euro e pouco. E como era desolador ver as prateleiras vazias, sabendo que não seriam mais reabastecidas.
Os legumes e frutas. Fica aqui o desafio: onde se encontra, em Lisboa, batata a 0,39€ o quilo (no máximo; ainda há pouco estava a 0,25€) todo o ano?
Última refeição de 2007: as últimas douradas compradas no Carrefour. Até sempre. Foi um prazer ser vosso cliente.
Nem a vélo com que me passeei e transportei em Paris. São mesmo coisas do quotidiano. De Portugal.
Mantendo-me no ciclismo: desaparece em Portugal a marca Topbike. Este fim de semana veio um selim para a minha bicicleta, antes que desaparecesse. Sete euros. Agora, só em Espanha se arranjam. Em Portugal, ou são caros (e vendidos por comerciantes que não querem abrir ao domingo), ou são maus.
A galette des rois. Onde se arranja uma galette por quatro euros em Lisboa? E toda a pastelaria francesa e portuguesa.
O queijo. Eu costumava rir ao ver os folhetos de propaganda do Continente a anunciarem queijo Brie a 9,90€ o quilo como uma “grande promoção”. Chegava ao Carrefour (como cheguei a semana passada) e encontrava o mesmíssimo queijo, de leite pasteurizado mas artesanal, a 4,90€ o quilo. “Refeição económica”. Costumava rir, dizia. Agora, vou chorar.
Os “produtos 1”, “os mais baratos da região”, e os produtos Carrefour em geral. Os patés a um euro e pouco. E como era desolador ver as prateleiras vazias, sabendo que não seriam mais reabastecidas.
Os legumes e frutas. Fica aqui o desafio: onde se encontra, em Lisboa, batata a 0,39€ o quilo (no máximo; ainda há pouco estava a 0,25€) todo o ano?
Última refeição de 2007: as últimas douradas compradas no Carrefour. Até sempre. Foi um prazer ser vosso cliente.
2007/12/28
2007/12/26
Cinco filmes
Uma nova cadeia, a segunda em menos de um mês, cortesia do Hugo Mendes. Aqui vão os meus cinco filmes:
- Dancer in the Dark, de Lars von Trier;
- Jules e Jim, de François Truffault;
- Ladrões de Bicicletas, de Vittorio de Sica.
Estes três são garantidos. Nos dois restantes já tenho mais dúvidas, mas escolhi (sem ser em definitivo)
- O Padrinho, de Francis Ford Coppola;
- O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, com argumento de Dias Gomes.
Passo então a corrente a outros blógueres. Escolho dois cinéfilos ilustres, o Rui Curado Silva e o João André, e ainda o André Abrantes Amaral (que vai indicar os Woody Allens que eu omiti), o Don Vito, o Zé Mário Silva e o Luís M. Jorge. As minhas desculpas a quem já tiver respondido antes a este inquérito.
2007/12/24
Um Natal buarqueano
Especial Chico Buarque, esta semana, todos os dias às 0:55 na RTP2. Hoje, para variar do It´s a Wonderful Life, o primeiro episódio: Meu Caro Amigo. Fica aqui a sugestão e, mais uma vez, os votos de Feliz Natal para todos.
2007/12/21
Boas festas
Com o vídeo do Cocas leitor do André Azevedo Alves, na mensagem anterior, saúdo a chegada do inverno e do frio. Desejo aos meus leitores uma feliz quadra festiva, esperando que seja cheia de chocolate quente, natas e outras coisas boas.
Vem aí o inverno
Regressam os dias frios, e nada melhor do que um chocolate quente com natas... Para quem está (como eu) com saudades do Conan, que só regressa a 2 de Janeiro, com uma nova equipa de argumentistas. A greve na Broadway, entretanto, continua.
(Late Night with Conan O'Brien, Fevereiro de 2007)
(Late Night with Conan O'Brien, Fevereiro de 2007)
2007/12/19
"Blairista e determinado"
Vale a pena ler o perfil de José Sócrates traçado esta semana no Libération, e as histórias a ele associadas. Se há coisa de que eu gosto, confesso, é ler notícias sobre Portugal na imprensa estrangeira. No caso do perfil do Libé, certas pessoas são descritas de uma forma muito mais assertiva do que em Portugal. O dono do "Público", por exemplo, é descrito como o "pior inimigo" de Sócrates. Os rumores sobre uma sua homossexualidade, a relação com Fernanda Câncio, "muito mais aberta em termos de costumes": está lá tudo. Sócrates pela primeira vez afirma-se com clareza como um "blairista", e rejeita a herança dos socialistas franceses, que considera "ultrapassada". Sócrates "já era social-democrata, mesmo durante a revolução de 1974". Tudo dito com uma clareza que nunca se leu em Portugal. Vale mesmo a pena ler.
2007/12/18
O acordo ortográfico, num sol de quase dezembro
O que eu penso sobre a questão do acordo ortográfico é sumarizado neste artigo do Pedro Lomba, cuja leitura recomendo a todos aqueles que alimentam pretensões de o português de Portugal poder sobreviver na era da globalização. O acordo ortográfico é como o Tratado de Lisboa: mais importante do que o que eles dizem é mesmo assiná-los.
Dito isto, não gosto de tudo o que o acordo propõe, mas é o acordo possível. E seguramente é muito melhor do que haver duas grafias oficiais. Nunca percebi a necessidade das consoantes mudas – por cada exemplo que se der de vogal por elas “aberta”, arranja-se um contraexemplo. O próprio Francisco Frazão reconhece isso.
Uma das questões que deveriam ser resolvidas de vez no acordo é a diferença entre “por que” e “porque”. Até há muito pouco tempo julguei que sabia essa diferença. Só muito recentemente aprendi – no processo de edição do último volume da Gazeta de Física, na revisão deste artigo – que as regras são diferentes em Portugal e no Brasil, e que as regras que eu sempre apliquei (e – garanto aprendi na escola) são as brasileiras. E experimente-se explicar essas regras a um estrangeiro que esteja a aprender português. As regras brasileiras para o “por que” são inteiramente consistentes e muito mais simples. (Eu não percebo as portuguesas, e vou continuar a escrever o “por que” à brasileira, como sempre escrevi.) Para além disso, as regras brasileiras não são usadas pelo MEC, e só o prazer de corrigir o MEC justifica que sejam estas as utilizadas. Por isso “duas palavras” não, caro Francisco: três palavras, como o Caetano canta numa das mais belas canções desta língua que as nossas línguas tanto gostam de roçar. Eu vou, por que não? Por que não? Por que não?
Dito isto, não gosto de tudo o que o acordo propõe, mas é o acordo possível. E seguramente é muito melhor do que haver duas grafias oficiais. Nunca percebi a necessidade das consoantes mudas – por cada exemplo que se der de vogal por elas “aberta”, arranja-se um contraexemplo. O próprio Francisco Frazão reconhece isso.
Uma das questões que deveriam ser resolvidas de vez no acordo é a diferença entre “por que” e “porque”. Até há muito pouco tempo julguei que sabia essa diferença. Só muito recentemente aprendi – no processo de edição do último volume da Gazeta de Física, na revisão deste artigo – que as regras são diferentes em Portugal e no Brasil, e que as regras que eu sempre apliquei (e – garanto aprendi na escola) são as brasileiras. E experimente-se explicar essas regras a um estrangeiro que esteja a aprender português. As regras brasileiras para o “por que” são inteiramente consistentes e muito mais simples. (Eu não percebo as portuguesas, e vou continuar a escrever o “por que” à brasileira, como sempre escrevi.) Para além disso, as regras brasileiras não são usadas pelo MEC, e só o prazer de corrigir o MEC justifica que sejam estas as utilizadas. Por isso “duas palavras” não, caro Francisco: três palavras, como o Caetano canta numa das mais belas canções desta língua que as nossas línguas tanto gostam de roçar. Eu vou, por que não? Por que não? Por que não?
2007/12/17
"Este tratado ameaça os interesses americanos"!!!
E lá fui ao debate na sexta feira. E confesso que saí de lá, se não apoiante do "não", pelo menos mais apreensivo relativamente ao Tratado de Lisboa (pior que a anterior "Constituição", cheio de cedências ao Reino Unido). Tal não é surpreendente se considerarmos que ouvi dois memebros daquele que considero ser, presentemente, o melhor blogue de esquerda português. (Disse-o lá, quando intervim. Deveria ser a única pessoa na sala pelo "sim"!) Rui, ajudas-me a recuperar o meu eurooptimismo? Ou terei de recorrer para isso ao (apesar de tudo sempre indispensável) André Azevedo Alves?
2007/12/15
Niemeyer
Niemeyer e Lucio Costa aproveitaram para pôr em prática os conceitos modernistas de cidade: ruas sem trânsito (Niemeyer diria que é um desrespeito ao ser humano que ele tome mais de 20 minutos no transporte de uma região a outra), prédios erguidos por pilotis (apoiados em colunas e permitindo o espaço em baixo livre), integração com a natureza. Uma ideologia socialista também se ensaiou: em Brasília todos os apartamentos deveriam ser do governo que os cedia para seus funcionários, não havia regiões mais nobres, ministros e operários dividiriam o mesmo prédio. Brasília deveria ser uma cidade contida em si, não se expandir além dos projetos originais, previa-se que assim que ficasse cheia, outras em moldes parecidos seriam construídas em diversas regiões.
2007/12/14
Eventos (3) - Groove Intercourse
Eventos (2) - debate sobre o Tratado de Lisboa
Hoje às 21:30 no Instituto Franco-Português em Lisboa. Com os honoráveis António Figueira, Daniel Oliveira e Ricardo Paes Mamede. Uma organização do Le Monde Diplomatique.
Eventos (1)
O Nuno Anjos, que me acompanhou (e a mais físicos) no primeiro blogue em que participei de raíz, desde a fundação, completa o seu doutoramento hoje. Parabéns, Nuno!
2007/12/13
A situação no Técnico - comentários
O Tárique pediu-me a minha opinião sobre a situação actual do Instituto Superior Técnico, onde trabalho. A minha resposta sucinta é: se é verdade, como se diz, que o novo Regime Jurídico do Ensino Superior foi feito "à medida do IST" (e por que não do ISCTE?), eu pergunto: por que não há o IST de avançar com ele, nem que seja a título experimental?
Entretive-me a ler os comentários dos leitores do Público à notícia. Seleccionei alguns (minha escolha pessoal), que reproduzo aqui com a devida vénia (destaques meus):
Quem não souber quem era o Nabunda, é favor ler aqui, aqui e aqui. Ainda bem que ele é recordado!
Entretive-me a ler os comentários dos leitores do Público à notícia. Seleccionei alguns (minha escolha pessoal), que reproduzo aqui com a devida vénia (destaques meus):
- 11.12.2007 - 22h07 - Anónimo, Lisboa SER OU NÃO SER EIS A QUESTÃO. IST, para onde vais ... Ao longo dos anos, mais de sessenta, sempre tive em referência o IST como uma Universidade de alto gabarito, onde se formam jovens com qualidade técnica e cientifica excepcionais. Mas, há sempre um mas, quando se tenta levar esta Instituição ao sabor de ventos e marés para uma encosta de arribas escarpadas. Será que é importante em termos Científicos e Pedagógicos esta Faculdade passar a Fundação? Será que os homens querem passar uma esponja sobre a história desta Instituição Universitária? Que diria o saudoso NABUNDA, criado e apoiado com carinho por toda a comunidade escolar? Certamente iria morder algumas canelas e fundilhos de calças a alguns senhores que não ponderam sobre o futuro dessa casa e das suas necessidades mais prementes e urgentes. Sou pai, pago atempadamente as propinas devidas do meu educando que frequenta esta Universidade, exijo trabalho e não facilitismo, mas não vou perder esta oportunidade para formular as seguintes questões já que tantas estão a ser colocadas: - O Conselho Directivo e Cientifico já procedeu a um estudo de quantos alunos abandonam essa Universidade e qual o motivo? - Qual é a percentagem de alunos que entra anualmente e a que conclue a Licenciatura? - Qual a média de anos necessários para a conclusão de uma Licenciatura nos diversos Cursos aí ministrados e qual a comparação percentual com outras Universidades? - Em prestação de exames e frequências, qual é a percentagem de níveis negativos por pauta e por disciplina? - Em que disciplinas existe o maior índice de níveis negativos? - A Avaliação de Docentes é feita positivamente pelo número de níveis negativos que inscrevem nas pautas? - Há verificação sistemática da qualidade nutricional e de confecção das refeições servidas nos refeitórios? - Os refeitórios estão certificados no que se refere a equipamentos e higiene? - A venda de bebidas alcoólicas está prevista dentro desse estabelecimento de Ensino? Muitas outras questões poderia colocar, penso que estas vão ocupar, as entidades competentes, no sentido de ponderarem qual o melhor caminho a trilharem para o bom nome do IST.
- 11.12.2007 - 22h24 - Anónimo, Lisboa, Portugal
O que se passou no IST foi - também - um bloqueio imposto pela mediocridade que se pretende defender do mérito, da avaliação dos resultados e da concorrência aberta. É um proteccionismo que não vingará, porque são os contribuintes que o pagam. E pagar incompetência sai caro, já o sabemos. O lider da AEIST, do qual é injusto dizer que traduz a opinião dos estudantes (foi eleito por 2% dos estudantes, mas será que ele liga aos números?), fez declarações na linha tradicional da cerveja boémia que caracteriza a associação e menos na linha de responsabilidade que a devia caracterizar. É a lógica do arraial, das épocas especiais. Perdem os estudantes mais estudiosos e interessados. Não foi desta, mas está para breve a queda das torres de marfim que ainda por cá moram. - 11.12.2007 - 22h45 - Anónimo, Lisboa, Portugal
Provavelmente, digo eu, o ministro Mariano Gago quis induzir a mudança na Universidade portuguesa a partir do IST, reformando os seus estatutos do tempo da outra senhora através da passagem a Fundação, e iniciar o caminho em direcção à Universida moderna, que continua aberta aos melhores mas só mantém - e aqui é que começam os problemas, os bloqueios e os corporativismos do costume - os melhores professores. Esta é que é a questão. Não resultando a abordagem subtil, terá de avançar a moca, utensílio rude mas extremamente útil em tempos difíceis. Não haverá por aí nenhum jornalista disposto a estudar esta história, ou será que já só basta a parangona mal explicada? Foça Gago, força Matos Ferreira. Para a frente é que é Lisboa! - 12.12.2007 - 14h46 - Ricardo Marques, estudante do IST, Lisboa
Agradecia que alguém, com mínimo conhecimento do assunto em causa, me pudesse esclarecer as mudanças que a passagem a fundação de direito privado implica. É pena que a AEIST não tivesse esclarecido aos estudantes o tema ou, se o fez, não foi divulgado da forma correcta. Tal informação é necessária para que os estudantes que compõem o IST possam tomar uma posição. - 12.12.2007 - 22h14 - J.A., IST
Como é que este barracosa tem coragem de afirmar isto: «Bruno Barracosa acusa Carlos Matos Ferreira de defender apenas os seus próprios ideais» mesmo com toda gente a saber que, mesmo é campanha e depois da eleição, é um "chupista" a mando do PSD. Secção H da JSD de Lisboa, Bruno Barracosa militante nº 135321 http://www.jsdseccaoh.com/lista_cp.html ganha vergonha...
Quem não souber quem era o Nabunda, é favor ler aqui, aqui e aqui. Ainda bem que ele é recordado!
2007/12/12
Conjectura de Poincaré: geometria para entender o universo
Os astrónomos e os cosmólogos observam o mundo à nossa volta procurando compreender as leis da matéria e da energia, as leis que regem a evolução do Universo. A partir da Teoria da Relatividade de Einstein sabemos que essas leis estão intimamente ligadas à geometria (a "forma") do Universo.Já tinha falado sobre a conjectura de Poincaré aqui, aqui, aqui, e aqui. Recomendo a palestra de Marcelo Viana, matemático brasileiro de origem portuguesa, colaborador do meu amigo Artur, hoje à tarde na Gulbenkian.
Sabemos por exemplo que se a densidade da matéria contida no Universo for suficientemente grande, então ele deverá ser um espaço fechado, limitado; caso contrário, deverá ser um espaço aberto. Qual destas possibilidades ocorre realmente? Qual é a forma do Universo?
Ao mesmo tempo os matemáticos analisam as formas puras do pensamento para entenderem que modelos são possíveis e permitir, portanto, identificar analisar os que melhor se adaptam às observações cosmológicas.
A Conjectura de Poincaré, um dos mais famosos problemas da Matemática, insere-se naturalmente nesse estudo. Afirma a Conjectura de Poincaré que todo o espaço tridimensional fechado "sem buracos" tem uma forma essencialmente esférica. Formulada no início do século XX pelo grande matemático francês Henri Poincaré – também um dos principais artífices da Teoria da Relatividade – esta Conjectura permaneceu um problema em aberto durante cerca de cem anos. Até que, no final de 2003, o matemático russo Gregori Parelman começou a publicar na internet uma série de artigos científicos que contêm a solução desse problema.
Durante o século XX, a Conjectura de Poincaré foi um foco motivador para avanços notáveis na Geometria e na Topologia. A sua história, antes e depois da sua resolução, está recheada de personagens interessantes e episódios rocambolescos, que atraíram a atenção dos meios de comunicação mundial e do público em geral.
2007/12/11
A plus tard, peut-être, Carrefour!
Confirmou-se a má notícia, a pior que eu tive este ano a seguir a o Desportivo das Aves não ter pontuado no Dragão na última jornada do campeonato: o Carrefour vai mesmo sair de Portugal. A decisão estava há muito tomada e não era a Autoridade para a Concorrência que a ia impedir. Quanto muito, poderia levar a uma renegociação, mas a saída do Carrefour é voluntária e nem sequer é por não dar lucro! No entanto parece que só hoje é que eu acredito. E ainda não quero acreditar. Não há mesmo nada que se possa fazer. A não ser lamentar.
O Carrefour era a minha grande superfície de eleição, em Portugal e em França. Em Paris eu pedalava um arrondissement inteiro (o 13º), pelos Boulevards des Maréchaux, para ir da Cité Universitaire a Bercy abastecer-me de carne e peixe variadas e aos melhores preços. O mesmo em Lisboa e em Aveiro. E não só comestíveis. Ainda a semana passada veio de lá um belíssimo roupão. Pude experimentá-los à vontade e sem ninguém a chatear-me se o levava ou não. Não havia o meu número da cor do meu agrado exposto. Pedi-o a uma empregada, que solicitamente interrompeu o que fazia para mo ir buscar ao armazém.
O Carrefour representou uma melhoria a olhos vistos no comércio a retalho em Portugal. Basta olhar para a fotografia – quem introduziu em Portugal o sistema da moeda nos carrinhos? Antes do Carrefour os parques de estacionamento dos supermercados eram um caos de carrinhos desarrumados. É um espaço organizado, com qualidade e variedade.
Digam-me agora onde vou arranjar marca “branca” (para pilhas recarregáveis ou para queijos franceses) tão credível? Onde compro queijo coulommiers fabriqué en France a 1.50€? Onde vou arranjar melhor relação qualidade/preço em tudo? Não arranjo. Não há.
Eu não sei viver sem o Carrefour. Vou ter que aprender. Ou então voltar a emigrar. Ou talvez fique em Portugal, mas ao pé de Espanha, e vá lá abastecer-me. Em Espanha há Carrefour em todo o lado - vejam lá se eles querem saber do Corte Inglês para alguma coisa!
O Carrefour é talvez o único hipermercado cantado pelo Chico Buarque e pelo Gilberto Gil– no Baticum (ouvir aqui). Só pode ser muito bom.
2007/12/10
Sidney Coleman (1937-2007)
2007 foi um ano fatídico para físicos teóricos. Abrimos um livro ou artigo de revisão de supersimetria e os autores dos principais resultados já não estão todos vivos. Depois de Julius Wess, agora desapareceu Sidney Coleman. Coleman nunca trabalhou em supersimetria, mas descobriu (em conjunto com Mandula) um teorema, sobre as álgebras admissíveis para traduzirem as simetrias de uma teoria quântica de campo, todas elas "clássicas", com geradores e parâmetros comutativos. Para se poder contornar esse teorema e introduzir as simetrias mais gerais possíveis para uma teoria quântica de campo, houve quem tivesse a ideia de considerar superálgebras, com geradores e parâmetros anticomutativos, traduzindo a supersimetria.
Pedagogicamente Coleman ficou conhecido por ser um excelente professor de Teoria Quântica de Campo. Amigos meus, que foram seus alunos em Harvard e no MIT, confirmam-no. Eu nunca fui aluno dele, mas aqui confesso que a minha impressão não é essa. Passo a explicar. Há um conjunto de aulas de Coleman sobre aspectos não-perturbativos da teoria de campo, assunto em que trabalhou, reunidas em livro. O capítulo "Classical lumps and their quantum descendants" é uma referência standard para quem estuda instantões. Eu tentei lê-la e não consegui passar das primeiras páginas. Coleman cultivava um estilo palavroso e com muito poucas fórmulas, que não agradava a quem, como eu, aprecia a concisão e clareza da escola russa. O que mais me irritava, no entanto, era mesmo o seu elaborado estilo de escrita, usando palavras rebuscadas que eu desconhecia! O meu maior problema com as línguas estrangeiras (e mesmo a língua portuguesa) sempre foi o vocabulário, e não a gramática. Eu ainda aceitaria o ler as notas de Coleman e não perceber, se isso se devesse a não entender a Física nelas subjacente. Mas não entender umas notas por não perceber as palavras rebuscadas era um caso único (só me sucedeu com Coleman, e eu tenho muitos anos de estudo em inglês) e para mim muitíssimo irritante. O estilo literário rebuscado não é para as notas de Física, onde deve prevalecer a clareza! Coleman pode ter sido um excelente professor, mas para mim, de acordo com a minha experiência, era um escritor falhado. Lubos Motl e Sean Carroll não pensam assim, porém; eles conviveram de perto com ele e a sua opinião deve ser mais para levar a sério que a minha.
Pedagogicamente Coleman ficou conhecido por ser um excelente professor de Teoria Quântica de Campo. Amigos meus, que foram seus alunos em Harvard e no MIT, confirmam-no. Eu nunca fui aluno dele, mas aqui confesso que a minha impressão não é essa. Passo a explicar. Há um conjunto de aulas de Coleman sobre aspectos não-perturbativos da teoria de campo, assunto em que trabalhou, reunidas em livro. O capítulo "Classical lumps and their quantum descendants" é uma referência standard para quem estuda instantões. Eu tentei lê-la e não consegui passar das primeiras páginas. Coleman cultivava um estilo palavroso e com muito poucas fórmulas, que não agradava a quem, como eu, aprecia a concisão e clareza da escola russa. O que mais me irritava, no entanto, era mesmo o seu elaborado estilo de escrita, usando palavras rebuscadas que eu desconhecia! O meu maior problema com as línguas estrangeiras (e mesmo a língua portuguesa) sempre foi o vocabulário, e não a gramática. Eu ainda aceitaria o ler as notas de Coleman e não perceber, se isso se devesse a não entender a Física nelas subjacente. Mas não entender umas notas por não perceber as palavras rebuscadas era um caso único (só me sucedeu com Coleman, e eu tenho muitos anos de estudo em inglês) e para mim muitíssimo irritante. O estilo literário rebuscado não é para as notas de Física, onde deve prevalecer a clareza! Coleman pode ter sido um excelente professor, mas para mim, de acordo com a minha experiência, era um escritor falhado. Lubos Motl e Sean Carroll não pensam assim, porém; eles conviveram de perto com ele e a sua opinião deve ser mais para levar a sério que a minha.
2007/12/07
O "Zandinga" ou o engraçadinho
No meio da maior crise do blogue onde é suposto escrever mas nunca escreve, a única coisa que lhe apraz comentar é chamar “chato” ao Tiago, como se estivesse a dar uma palmada no rabo de um miúdo. Pisca o olho ao director sem ficar conotado com o fanatismo beato. "A previsão está completamente provada", fónix! De homens destes é que a direita precisa!
O fanático
Da minha parte reconheço valor intelectual ao André Azevedo Alves (mesmo se ele um dia pôs em causa as minhas “capacidades cognitivas”), embora isso nunca tenha sido posto em causa, por um lado, e não possa ser usado para “apagar” ou atenuar os seus métodos, por outro. E é difícil aprender alguma coisa com ele, pois este autor é praticamente incapaz de escrever um texto com outra intenção que não seja a da pura propaganda. Há porém excepções, como este texto que ele me dedicou com referências que acredito que devam ser úteis para eu me informar sobre um assunto que me interessa e não domino profundamente (o conceito de democracia nos EUA). E, como esta, há outras. Não posso deixar, porém, de ver AAA como um evangelizador fanático.
O cavalheiro
Houve quem acusasse o Tiago Mendes de “falta de educação” por este seu texto. Onde alguém viu “má educação” (não sei onde), eu vi frontalidade e coragem ao traçar uma linha que se impunha, ao romper com uma condescendência perante o fanatismo, ao afrontar um colega de blogue que, conforme já se desconfiava e veio posteriormente a confirmar, é muito mais poderoso que ele. O André Azevedo Alves fica no blogue e no conselho editorial da revista; o Tiago Mendes sai.
Onde outros vêem má educação no Tiago, eu vejo frontalidade e cavalheirismo. Há muito aliás que identifico nele um fair play que, quando genuíno, corresponde ao melhor que a cultura britânica tem. Querem um exemplo de cavalheirismo? Vejam todo o último texto dele na Atlântico. Em particular esta passagem:
Onde outros vêem má educação no Tiago, eu vejo frontalidade e cavalheirismo. Há muito aliás que identifico nele um fair play que, quando genuíno, corresponde ao melhor que a cultura britânica tem. Querem um exemplo de cavalheirismo? Vejam todo o último texto dele na Atlântico. Em particular esta passagem:
Primeiro, sublinhando que existe muita gente à direita (que eu conheço alguma, acreditem que sim) que suporta as ideias do André Azevedo Alves tanto ou menos do que eu, só que não o diz. (Se eu revelasse alguns nomes publicamente, acreditem que a blogosfera de direita nunca mais seria a mesma).E o que eu e muito mais pessoas gostaríamos que o Tiago revelasse estes nomes! Não o faz porque é um cavalheiro. Tiago, não me queres vender um carro, pá?
2007/12/06
Gazeta de Física - novo ciclo editorial
Sou um dos membros do Corpo Editorial da Gazeta de Física, publicação regular da Sociedade Portuguesa de Física. Esta actividade tem-me permitido regressar a algo que me dá muito prazer, a divulgação da ciência (particularmente a Física) a quem não a faz (ou faz, mas noutras áreas) e por ela se interessa. É como um regressar aos meus tempos de jornalista científico do PÚBLICO, só que agora não é a minha actividade permanente. Faço-o com todo o gosto e por puro prazer.
A Gazeta de Física existe desde 1946; o primeiro volume impresso do seu novo ciclo editorial, com novos editores, novos colunistas e novas secções, bem como o sítio electrónico que inaugura a versão electrónica desta publicação, são apresentados hoje, pelas 18 horas, no Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica. Apareçam! E leiam e divulguem a revista. Temos articulistas convidados, notícias, entrevistas de todo o tipo, sempre relacionadas com física. Levantamos questões e esperamos participação dos leitores.
A Gazeta de Física existe desde 1946; o primeiro volume impresso do seu novo ciclo editorial, com novos editores, novos colunistas e novas secções, bem como o sítio electrónico que inaugura a versão electrónica desta publicação, são apresentados hoje, pelas 18 horas, no Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica. Apareçam! E leiam e divulguem a revista. Temos articulistas convidados, notícias, entrevistas de todo o tipo, sempre relacionadas com física. Levantamos questões e esperamos participação dos leitores.
2007/12/05
Petições, indignações e afirmações
Circula uma petição na rede a pedir à Câmara Municipal de Lisboa a edificação de um memorial às vítimas do massacre judaico de 1506. Pessoalmente apoio essa edificação (ou, mais genericamente, de um memorial às vítimas da Inquisição, que inclui os judeus), tal como defendo a edificação de um outro memorial que ninguém defende ou para o qual não se fazem petições: às vítimas da colonização portuguesa, em particular da escravatura. Não pretendo com estes memoriais fazer acertos de contas com a História, nem acho que de forma nenhuma Portugal se deva envergonhar do seu passado. Mas hoje deve recordar-se de alguns crimes trágicos (a inquisição e a escravatura à cabeça), e admitir que os cometeu. Esses memoriais servem para manter essa memória sempre viva.
Dito isto (e espero que tenha ficado bem claro), parece-me interessante averiguar a forma como episódios como o de 1506 em Lisboa são vistos, ainda nos dias de hoje, por quem certamente estaria na linha da frente da defesa da construção do memorial agora em questão. Um exemplo elucidativo é o de George Steiner, ensaísta, filho de judeus vienenses exilados nos EUA para escapar ao nazismo e ao Holocausto. Na recente conferência “A Ciência Terá Limites?”, realizada no final de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian, Steiner afirmou que “uma civilização que mata os seus judeus não recupera”. Eu sou o primeiro a defender que uma civilização que expulsa os seus judeus fica muitíssimo mais pobre (já nem falo em matá-los). Se os mata, então, comete um crime hediondo. Agora… não recupera? Não recupera porquê? Será alguma cabala? E será só com os judeus? Se matar os muçulmanos, os cristãos, os negros, os ciganos, os gays, já recupera? E se essa civilização, depois de matar os judeus, construir um memorial, já pode recuperar ou ainda não chega?
Esta extraordinária afirmação de George Steiner foi proferida na mesma semana em que se discutia a “teoria empírica” de James Watson, de que os negros são menos inteligentes que os brancos, baseada na observação dos seus empregados. Ninguém ficou indiferente às declarações de Watson: pessoas houve que, a meu ver bem, as condenaram como racistas e não-científicas; outras houve que (com alguns argumentos que reconheço serem válidos) defenderam a liberdade de expressão do cientista. Mas ninguém ousou sequer criticar esta afirmação (igualmente racista) de Steiner. Porquê?
Houve uma polémica esta semana no blogue da revista Atlântico, e no seu centro estava André Azevedo Alves. Tal como há uns meses houve outra grande polémica no Blasfémias, e no seu centro estavam os textos de Pedro Arroja. Do que conheço não vejo grande diferença entre as ideias de Azevedo Alves ou de Arroja (vejo uma grande diferença no estilo, e apesar de tudo prefiro de longe o deste último). Relativamente a Azevedo Alves as posições (particularmente na direita blogosférica) dividiram-se, mas os textos de Arroja foram condenados unanimemente. (Um bom exemplo desta dualidade de critérios é mesmo o director da Revista Atlântico.) Porquê?
Nem toda a direita procedeu assim, no entanto: Carlos Abreu Amorim, no Blasfémias, distanciou-se tanto dos textos de Azevedo Alves como dos de Arroja. Deveremos portanto gabar a coerência do truculento blasfemo? Não esperem por isso. Ainda esta semana foi votado um empréstimo bancário na Câmara Municipal de Lisboa, que foi prontamente condenado no blogue onde Abreu Amorim escreve. E alguém duvida de que este ultraliberal (e “mata-mouros” ainda por cima) é contra tamanho empréstimo, preferindo antes dispensar pessoal, cortar despesas e privatizar? Pois, e voltando onde este já longo texto começou, este mesmo autor usou o seu espaço de opinião no “Correio da Manhã” para exigir a uma câmara sobreendividada que construa um memorial aos judeus assassinados em Lisboa em 1506, insurgindo-se contra o adiamento desta proposta (não se falou em recusa da proposta, mas sim em adiamento)! Independentemente do empréstimo, o memorial seria mais importante que as dívidas da câmara! Mais uma vez, porquê?
A chave para a resposta a todos estes “porquês” está, creio, na afirmação de Steiner. De todos aqueles a quem apontei incoerências, estou certo de que nenhum condenaria essa afirmação. Eu considero-a racista e condeno-a, como já referi. Sou a favor da humildade e do reconhecimento dos nossos erros; por isso sou favorável à construção dos memoriais que referi, haja dinheiro para isso. O que eu não posso aceitar – é frontalmente contra os meus princípios, causando-me reacções viscerais – é que alguém se considere naturalmente melhor do que os outros, sem nunca ter de o demonstrar.
Dito isto (e espero que tenha ficado bem claro), parece-me interessante averiguar a forma como episódios como o de 1506 em Lisboa são vistos, ainda nos dias de hoje, por quem certamente estaria na linha da frente da defesa da construção do memorial agora em questão. Um exemplo elucidativo é o de George Steiner, ensaísta, filho de judeus vienenses exilados nos EUA para escapar ao nazismo e ao Holocausto. Na recente conferência “A Ciência Terá Limites?”, realizada no final de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian, Steiner afirmou que “uma civilização que mata os seus judeus não recupera”. Eu sou o primeiro a defender que uma civilização que expulsa os seus judeus fica muitíssimo mais pobre (já nem falo em matá-los). Se os mata, então, comete um crime hediondo. Agora… não recupera? Não recupera porquê? Será alguma cabala? E será só com os judeus? Se matar os muçulmanos, os cristãos, os negros, os ciganos, os gays, já recupera? E se essa civilização, depois de matar os judeus, construir um memorial, já pode recuperar ou ainda não chega?
Esta extraordinária afirmação de George Steiner foi proferida na mesma semana em que se discutia a “teoria empírica” de James Watson, de que os negros são menos inteligentes que os brancos, baseada na observação dos seus empregados. Ninguém ficou indiferente às declarações de Watson: pessoas houve que, a meu ver bem, as condenaram como racistas e não-científicas; outras houve que (com alguns argumentos que reconheço serem válidos) defenderam a liberdade de expressão do cientista. Mas ninguém ousou sequer criticar esta afirmação (igualmente racista) de Steiner. Porquê?
Houve uma polémica esta semana no blogue da revista Atlântico, e no seu centro estava André Azevedo Alves. Tal como há uns meses houve outra grande polémica no Blasfémias, e no seu centro estavam os textos de Pedro Arroja. Do que conheço não vejo grande diferença entre as ideias de Azevedo Alves ou de Arroja (vejo uma grande diferença no estilo, e apesar de tudo prefiro de longe o deste último). Relativamente a Azevedo Alves as posições (particularmente na direita blogosférica) dividiram-se, mas os textos de Arroja foram condenados unanimemente. (Um bom exemplo desta dualidade de critérios é mesmo o director da Revista Atlântico.) Porquê?
Nem toda a direita procedeu assim, no entanto: Carlos Abreu Amorim, no Blasfémias, distanciou-se tanto dos textos de Azevedo Alves como dos de Arroja. Deveremos portanto gabar a coerência do truculento blasfemo? Não esperem por isso. Ainda esta semana foi votado um empréstimo bancário na Câmara Municipal de Lisboa, que foi prontamente condenado no blogue onde Abreu Amorim escreve. E alguém duvida de que este ultraliberal (e “mata-mouros” ainda por cima) é contra tamanho empréstimo, preferindo antes dispensar pessoal, cortar despesas e privatizar? Pois, e voltando onde este já longo texto começou, este mesmo autor usou o seu espaço de opinião no “Correio da Manhã” para exigir a uma câmara sobreendividada que construa um memorial aos judeus assassinados em Lisboa em 1506, insurgindo-se contra o adiamento desta proposta (não se falou em recusa da proposta, mas sim em adiamento)! Independentemente do empréstimo, o memorial seria mais importante que as dívidas da câmara! Mais uma vez, porquê?
A chave para a resposta a todos estes “porquês” está, creio, na afirmação de Steiner. De todos aqueles a quem apontei incoerências, estou certo de que nenhum condenaria essa afirmação. Eu considero-a racista e condeno-a, como já referi. Sou a favor da humildade e do reconhecimento dos nossos erros; por isso sou favorável à construção dos memoriais que referi, haja dinheiro para isso. O que eu não posso aceitar – é frontalmente contra os meus princípios, causando-me reacções viscerais – é que alguém se considere naturalmente melhor do que os outros, sem nunca ter de o demonstrar.
Por falar em petições
...recomendo a assinatura da petição "Por uma lei que garanta universalidade e igualdade no acesso ao subsídio de desemprego", para a criação de um subsídio de desemprego aos docentes do Ensino Superior (algo que, talvez não saibam, na prática não existe), lançada pela FENPROF e pelo SNESup.
2007/12/04
Dois exemplos de pseudociência
No De Rerum Natura: Grandes erros: o prémio Santilli-Galileu, Homeopatetices - as origens e Homeopatetices - a componente mística. Como o charlatanismo está no meio de nós, na farmácia ou no Jornal de Letras.
2007/12/03
Sobre a “crise no Sporting”
Perguntem “onde está um bom guarda redes?” Já se experimentaram os três, e o de ontem, apesar da inexperiência no golo sofrido, parece-me a menos má aposta.
Perguntem “onde está um marcador de penáltis?” Um que seja. Nenhuma equipa falha 60% dos penáltis de que dispõe, em nenhuma liga, seja para ser campeão ou para lutar contra a despromoção. Se o penálti de ontem tivesse sido convertido não se falava em “crise”.
Perguntem “onde estão os reforços?” De qualidade, só o Izmailov.
Depois, perguntem pelo Paulo Bento. Também tem responsabilidades, mas é o menos culpado.
Perguntem “onde está um marcador de penáltis?” Um que seja. Nenhuma equipa falha 60% dos penáltis de que dispõe, em nenhuma liga, seja para ser campeão ou para lutar contra a despromoção. Se o penálti de ontem tivesse sido convertido não se falava em “crise”.
Perguntem “onde estão os reforços?” De qualidade, só o Izmailov.
Depois, perguntem pelo Paulo Bento. Também tem responsabilidades, mas é o menos culpado.
Sobre a “crise na direita”
Não quero juntar-me ao coro, porque não é o meu hábito dar pontapés em quem está no chão. Mas é de “estar no chão” que se trata. O Tiago Mendes, literalmente, deitou o André Azevedo Alves ao tapete neste texto. Disse tudo. Sinceramente, não posso deixar de lhe dar os parabéns.
São desonestas, porque parciais, as acusações do João Miranda: quem pratica sistematicamente ataques ad hominem é o André Azevedo Alves (eu mesmo já fui vítima desses ataques algumas vezes). Se o Tiago Mendes praticou um ataque ad hominem, isolado, foi porque não se identificava com tais práticas. Foi um ataque contra toda uma carreira na blogosfera baseada nesses ataques. Atacar o Tiago Mendes por um ataque ad hominem e ignorar os do outro lado é no mínimo hipócrita.
Voltarei a este assunto.
São desonestas, porque parciais, as acusações do João Miranda: quem pratica sistematicamente ataques ad hominem é o André Azevedo Alves (eu mesmo já fui vítima desses ataques algumas vezes). Se o Tiago Mendes praticou um ataque ad hominem, isolado, foi porque não se identificava com tais práticas. Foi um ataque contra toda uma carreira na blogosfera baseada nesses ataques. Atacar o Tiago Mendes por um ataque ad hominem e ignorar os do outro lado é no mínimo hipócrita.
Voltarei a este assunto.
2007/12/02
Subscrever:
Mensagens (Atom)