tag:blogger.com,1999:blog-18099498.post114311989235465627..comments2023-10-30T14:16:47.679+00:00Comments on o Avesso do Avesso: Utilitário... para BrechtFilipe Mourahttp://www.blogger.com/profile/02271995980543311487noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143541905425298112006-03-28T11:31:00.000+01:002006-03-28T11:31:00.000+01:00Outro exemplo para reabilitar o Brecht:Aos que vie...Outro exemplo para reabilitar o Brecht:<BR/><BR/><B>Aos que vierem depois de nós</B><BR/><BR/>1<BR/><BR/>Realmente, vivo em tempos sombrios!<BR/>A palavra inocente é tola. Uma testa sem rugas<BR/>Denota insensibilidade. Aquele que ri<BR/>Só ainda não recebeu<BR/>A terrível notícia.<BR/><BR/>Que tempos são estes, em que<BR/>Falar de árvores quase é um crime,<BR/>Porque implica silêncio sobre tantos horrores!<BR/>Aquele que ali cruza tranquilamente a rua<BR/>Já não está contactável pelos amigos<BR/>Que estão em apuros?<BR/><BR/>É verdade: ganho o meu pão ainda,<BR/>Mas acreditem: é puro acaso. Nada<BR/>Do que faço justifica que eu possa comer até fartar-me.<BR/>Por acaso estou poupado. (Se a sorte me abandonar estou perdido).<BR/><BR/>Dizem-me: "Tu come, bebe! Alegra-te, que tens!"<BR/>Mas como posso comer e beber, se<BR/>Ao faminto arranco o que como, e se<BR/>O copo de água falta ao sedento?<BR/>Mas apesar disso como e bebo.<BR/><BR/>Também gostaria de ser sábio.<BR/>Nos livros antigos diz como é ser sábio:<BR/>É manter-se afastado das lutas do mundo e passar o breve tempo<BR/>Sem medo.<BR/><BR/>Também dispensar da violência,<BR/>Retribuir o mal com o bem,<BR/>Não satisfazer os desejos, antes esquecê-los<BR/>Consta que é sábio.<BR/>Tudo disso não sou capaz.<BR/>Realmente, vivo em tempos sombrios.<BR/><BR/>2<BR/><BR/>Às cidades cheguei em tempos de desordem,<BR/>Quando reinava a fome.<BR/>Misturei-me aos homens em tempos de revolta<BR/>E indignei-me com eles.<BR/>Assim passou o tempo<BR/>Que me foi concedido na terra.<BR/><BR/>Comi o meu pão entre às batalhas.<BR/>Deitei-me para dormir entre os assassinos.<BR/>Do amor me encarreguei sem cuidado<BR/>E a natureza vi sem paciência.<BR/>Assim passou o tempo<BR/>Que me foi concedido na terra.<BR/><BR/>No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.<BR/>A palavra traiu-me ante o carrasco.<BR/>Era muito pouco o que eu podia.<BR/>Mas os governantes<BR/>Se sentavam, sem mim, mais seguros, — esperava eu.<BR/>Assim passou o tempo<BR/>Que me foi concedido na terra.<BR/><BR/>As forças eram escassas.<BR/>E o objectivo<BR/>Encontrava-se muito distante.<BR/>Via-se claramente,<BR/>Ainda que mal atingível, para mim.<BR/>Assim passou o tempo<BR/>Que me foi concedido na terra.<BR/><BR/>3<BR/><BR/>Vocês, que surgirão da maré<BR/>Em que perecemos,<BR/>Lembrar-se-ão também,<BR/>Quando falam das nossas fraquezas,<BR/>Dos tempos sombrios<BR/>De que puderam escapar.<BR/><BR/>Pois íamos, mudando mais frequentemente de país do que de sapatos,<BR/>Através das lutas de classes, desesperados,<BR/>Quando havia só injustiça e nenhuma revolta.<BR/><BR/>E, contudo, sabemos:<BR/>Também o ódio contra a baixeza<BR/>Distorce a cara.<BR/>Também a raiva sobre a injustiça<BR/>Torna a voz rouca. Ai nós,<BR/>Que quisemos preparar o terreno para a bondade<BR/>Não pudemos ser bons.<BR/><BR/>Vocês, porém, quando chegar o momento<BR/>Em que o homem seja do homem um amigo,<BR/>Lembram-se de nós<BR/>Com indulgência.lbhttps://www.blogger.com/profile/04185396247760107900noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143541839263451502006-03-28T11:30:00.000+01:002006-03-28T11:30:00.000+01:00Filipe, não julgue brecht com base do teu conhecim...Filipe, não julgue brecht com base do teu conhecimento fragmentário.<BR/>Quanto ao Galilei, o fragmento que pareces conhecer é a indignação do seu aluno sobre a revogação do mestre. Falhaste o final e a pointe da peça, Galileu revogou para poder concluir o seu trabalho e de enviá-lo clandestinamente para Holanda, onde acaba de ter efeito.<BR/>O que é paradigmático para a postura de Brecht. Brecht não defende o "antes quebrar do que vergar", é um advogado da "resilience":<BR/><BR/>"Sobre o porte:<BR/>A sabedoria é a uma consequência do porte. Como não é o objectivo do porte, a sabedoria não pode motivar ninguém para a imitação do porte.<BR/>Assim como eu como, não comerão. Mas se comem como eu, isso será vos útil.<BR/>O que digo aqui: que o porte cria os actos, assim poderá ser. Mas têm que ordenar as necessidades, para que assim seja.<BR/>Muitas vezes vejo, diz o pensador, tenho o porte do meu pai. Mas os actos do meu pai não cometo. Porque é que cometo outros actos? Porque há outras necessidades. Mas vejo que o porte dura mais do que a forma de agir: Ele resiste às necessidades.<BR/>Certas pessoas só podem fazer uma coisa, se não querem perder a face. Como não conseguem seguir às necessidades, perecem facilmente. Mas quem tem um porte, este pode fazer muitas coisas e não perde a sua face."<BR/><BR/>(Bertolt Brecht: Histórias do Sr. Keuner)lbhttps://www.blogger.com/profile/04185396247760107900noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143211510133695682006-03-24T14:45:00.000+00:002006-03-24T14:45:00.000+00:00o Brecht é um idiota.o Brecht é um idiota.Nelsonhttps://www.blogger.com/profile/00242876037613630220noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143207137188191212006-03-24T13:32:00.000+00:002006-03-24T13:32:00.000+00:00Eu leio o texto do Brecht exactamente ao contrário...Eu leio o texto do Brecht exactamente ao contrário de ti. Para mim aquele texto do Brecht é uma caricatura do uso de argumentos iniciáticos, ou de autoridade. E nós sabemos que estas coisas nunca acontecem na blogosfera ...<BR/><BR/>Em quem é que o NRA estava a pensar, para mim também não é muito relevante.Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/14082159805191545051noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143202397599130882006-03-24T12:13:00.000+00:002006-03-24T12:13:00.000+00:00Pelo texto no Aspirina B detecto tiques autoritári...Pelo texto no Aspirina B detecto tiques autoritários indesmentíveis. Ele não dá oportunidade ao acusado de se defender. O facto de ser "imaginário" não conta. Quem imagina uma cena assim tem tiques e apetites totalitários.<BR/>Livra, prefiro o velho Sartre, apesar de também o conhecer muito mal.Filipe Mourahttps://www.blogger.com/profile/02271995980543311487noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143164492647477682006-03-24T01:41:00.000+00:002006-03-24T01:41:00.000+00:00Quanto ao João Miranda estamos de acordo.A questão...Quanto ao João Miranda estamos de acordo.<BR/><BR/>A questão é que eu gosto do texto do Brecht, acho-o muito Schpenhaueriano.Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/14082159805191545051noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143149345666525292006-03-23T21:29:00.000+00:002006-03-23T21:29:00.000+00:00Não me interessa minimamente o destinatário do pos...Não me interessa minimamente o destinatário do post do Nuno; estou interessado no texto de Brecht. Mas é evidente que não pode ser uma "carta aberta". Sabes, geralmente as cartas abertas têm um destinatário...<BR/>Já agora: o João Miranda é um tipo muitíssimo inteligente. É demagógico até dizer chega, por vezes a roçar os limites da desonestidade intelectual, mas de idiota é que não tem nada. Mas de qualquer maneira não me parece que a pessoa ou pessoas em questão sejam "idiotas", para levarem com esta resposta.Filipe Mourahttps://www.blogger.com/profile/02271995980543311487noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-18099498.post-1143131049892363782006-03-23T16:24:00.000+00:002006-03-23T16:24:00.000+00:00Já pensaste na possibilidade do post do Nuno ser u...Já pensaste na possibilidade do post do Nuno ser uma carta aberta ao João Miranda?Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/14082159805191545051noreply@blogger.com