2010/06/29

A boa notícia futebolística do dia


A dentição mais fotografada em Portugal ao longo dos últimos três anos vai sair para o Real Madrid. Não me importa muito se é bem vendido ou não: nunca percebi a obsessão generalizada à volta desta dentição, bem como nunca percebi a incapacidade do rapaz em manter a boca fechada.
Quanto à outra notícia futebolística do dia, não é nada de inesperado. Qualquer sportinguista sabe a capacidade do Prof. Carlos Queirós em arruinar estratégias e "partir" equipas com substituições incompreensíveis (para a seguir inventar desculpas esfarrapadas). Desta vez não foram 6 por causa do Eduardo, que em conjunto com o Hugo Almeida era quem menos merecia ser eliminado.

2010/06/25

A falta de sentido de Estado de Cavaco

A ausência de Cavaco Silva do funeral de José Saramago só vem confirmar a sua gritante falta de sentido de Estado. Cavaco é o chefe de Estado e José Saramago era só o português mais conhecido no mundo. Basta comparar a ausência de Cavaco com a presença do governo espanhol (que enviou a vice-presidente) e com as reações do líder da direita espanhola, Mariano Rajoy, com quem Saramago teve grandes polémicas e divergências, para se confirmar mais uma vez que o presidente português é um homem mesquinho e rancoroso, que não prestigia o país.
É verdade que, se Cavaco tivesse ido ao funeral, poderia haver quem o acusasse de oportunismo eleitoral. A origem de todo este problema está na atitude do governo de Cavaco perante Saramago, de que Cavaco nunca se retratou (e oportunidades nunca lhe faltaram). A grandeza de um homem também se vê na capacidade de reconhecer os seus erros. Também aqui a grandeza de Cavaco nunca se viu.

A ler: José Vítor Malheiros, citado pela Shyznogud.

2010/06/23

O que vale um ex-diretor do Público

São várias as inconsistências e incorreções neste texto de José Manuel Fernandes. Do lado dos escritores que nunca ganharam o Nobel, para além de referir incorretamente um premiado (como recorda o Nuno Ramos de Almeida), inclui pelo menos dois escritores ainda vivos (Rushdie e Vargas Llosa), que nada garante que não o venham a ganhar.
Do lado dos que ganharam o Nobel da literatura sem grande mérito, esquece-se de mencionar o mais injustificado destes prémios: o atribuído a Winston Churchill. Deve ser por Churchill ser a sua grande inspiração ideológica.
Mas nem isso é o mais importante. O que conta, a meu ver, é esta realidade: JMF lamenta sempre a “falta de reconhecimento do mérito dos melhores” por parte da nossa sociedade – desde que sejam empresários, “empreendedores”. Na hora da morte do mais reconhecido escritor português, JMF prefere desvalorizar desta forma o prémio que o imortalizou, revelando assim a sua mesquinhez e pequenez.
É verdade que Saramago não teria todo o reconhecimento universal que teve se não tivesse ganho o Nobel da literatura (embora já fosse um escritor conhecidíssimo internacionalmente quando o ganhou). Mas também que reconhecimento teria José Manuel Fernandes se não tivesse sido diretor do Público?

2010/06/21

Discurso da Ministra da Cultura na Cerimónia de Homenagem a José Saramago

Um discurso notável, para recordar mais tarde.
Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra, um soldado maneta, uma mulher que tinha poderes, e um padre que queria voar numa Passarola e que morreu doido;

Era uma vez Jesus, que disse a Maria Magdalena - “quero estar onde a minha sombra estiver, se lá é que estiverem os teus olhos”;

Era uma vez um cão que lambeu as lágrimas a uma mulher desesperada num mundo de cegos, desejando também cegar para ser poupada aos horrores que a vista lhe trazia;

Era uma vez a morte, que tinha um plano e que o cumpriu – abraçou-se ao homem sem que ele compreendesse o que lhe estava a suceder, e ela, a morte, que nunca dormia, deixou descair suavemente as pálpebras enquanto adormecia; no dia seguinte, ninguém morreu;

Era uma vez um homem, que quando morreu, partiram 2 pessoas: saiu ele, de mão dada com a criança que foi – tal como o próprio José Saramago previu, nas suas próprias palavras.

Era uma vez e tantas outras vezes, o respeito à terra e aos homens, a luta contra as injustiças, a defesa dos direitos humanos, a denúncia contra a guerra do Iraque ou contra a ocupação palestiniana, as causas dos Sem Terra, do movimento anti-globalizante, da preservação do ambiente, ou do anti-clericalismo desassombrado.

Estas e tantas outras, foram as histórias com que o ateu místico, religioso laico, interrogador de Deus e dos homens, José Saramago, “comunista hormonal” nas suas palavras, questionou Portugal e o mundo incessantemente, directa ou metaforicamente.
A liberdade do pensamento define o criador: Saramago foi voz lúcida, inconformada, firme, insubmissa na luta contra a desigualdade entre os homens – esta sim “a verdadeira miséria”, dizia.

Parte da imensa receptividade que as suas obras têm merecido em todo o mundo, e que a atribuição do Nobel cimentou e glorificou, deve-se a esse carácter humanista, à esperança que a sua obra impõe ao Homem.

Recebeu o Prémio Nobel da Literatura «... pela sua capacidade de tornar compreensível uma realidade fugidia, com parábolas sustentadas pela imaginação, pela compaixão e pela ironia», segundo a Academia Sueca.

Fiel ao seu compromisso com a consciência, usou a escrita para uma reflexão sobre as grandes causas da humanidade, edificando uma obra coerente, ousada, sólida, moldada pela ética, visando, sempre, a dignificação do Homem.

E fê-lo por vezes subvertendo normas - quer de narrativa (o seu estilo é inconfundível, nas suas frases longas e de pontuação singular), quer enfrentando dogmas - não tinha fé em Deus (mas certamente Deus teve fé nele).

Para ele a escrita, enquanto forma de expressão do pensamento e de intervenção intelectual, foi instrumento, foi arma, foi agente provocador e plataforma de interrogação permanente do indivíduo e da sociedade.

Com a sua actividade cívica aliada à criação literária, cumpriu aquilo que é mais caro aos criadores e aos artistas – conseguiu com a sua obra fazer pensar os destinatários, perturbar os conformados, incomodar as consciências e aguçar a lucidez.

Deixa a Fundação José Saramago, à qual se dedicará a companheira e musa da sua vida, Pilar Del Rio, força inabalável que foi determinante na sua alma e na sua obra, a quem também prestamos aqui homenagem. Fundação José Saramago que assume, entre os seus objectivos principais, a defesa e a divulgação da literatura contemporânea, a defesa e a exigência de cumprimento da Carta dos Direitos Humanos e o cuidado do meio ambiente.

Enquanto escritor português, José Saramago deu um incontestável contributo para a afirmação e difusão da Língua Portuguesa, para a divulgação da Literatura Portuguesa e para a união do mundo lusófono. Embaixador da cultura portuguesa no mundo, a influência da sua obra estendeu-se a um amplo espectro de outras expressões artísticas - na ópera, no cinema, nas artes visuais, sublinhando a universalidade da sua linguagem.

A Literatura Portuguesa, as Literaturas em Português, com Saramago, adquiriram ressonância internacional e prestígio global, pela universalidade das questões que o Escritor agarra e reflecte com tenacidade e vigor, e pelo génio sísmico com que as dá a ler, a pensar, através da sua escrita.

Portugal homenageia hoje o homem, simples, sensível e corajoso;
Portugal celebra em Saramago, a sua humanidade, grandeza e universalidade;
Portugal orgulha-se do Escritor e engrandece-se com a sua obra, poliédrica, ímpar e seminal.

Portugal agradece, sentida e sinceramente, o encontro mágico de Saramago com a Literatura, e o lugar único e perene que José Saramago ocupará para sempre na Literatura e na Cultura do mundo.

Como escreveu ontem um amigo a Pilar, - Não há palavras. Saramago levou-as todas…

Obrigado José Saramago.

2010/06/20

Até sempre, Saramago

Fui apanhado (fomos todos) completamente de surpresa. Ainda me custa a acreditar. Faço minhas as palavras de Hélia Correia:
"Palavras e palavras vão cair com um grande barulho neste dia e todas elas ficarão aquém da grandeza deste homem".

2010/06/19

O fator Deus

Texto de José Saramago, Público, El Pais e Folha de São Paulo, 19/09/2001

Algures na Índia. Uma fila de peças de artilharia em posição. Atado à boca de cada uma delas há um homem. No primeiro plano da fotografia um oficial britânico ergue a espada e vai dar ordem de fogo. Não dispomos de imagens do efeito dos disparos, mas até a mais obtusa das imaginações poderá "ver" cabeças e troncos dispersos pelo campo de tiro, restos sanguinolentos, vísceras, membros amputados. Os homens eram rebeldes.

Algures em Angola. Dois soldados portugueses levantam pelos braços um
negro que talvez não esteja morto, outro soldado empunha um machete e prepara-se para lhe separar a cabeça do corpo. Esta é a primeira fotografia. Na segunda, desta vez há uma segunda fotografia, a cabeça já foi cortada, está espetada num pau, e os soldados riem. O negro era um guerrilheiro. Algures em Israel. Enquanto alguns soldados israelitas imobilizam um palestino, outro militar parte-lhe à martelada os ossos da mão direita. O palestino tinha atirado pedras. Estados Unidos da América do Norte, cidade de Nova York. Dois aviões comerciais norte-americanos, sequestrados por terroristas relacionados com o integrismo islâmico, lançam-se contra as torres do World Trade Center e deitam-nas abaixo.

2010/06/18

Obrigado, José Saramago



Obituário do The New York Times

José Saramago, Nobel Prize-Winning Writer, Dies
By FERNANDA EBERSTADT
José Saramago, the Portuguese writer who won the Nobel Prize in Literature in 1998 with novels that combine surrealist experimentation and a kind of sardonic peasant pragmatism, died Friday at his home in Lanzarote in the Canary Islands. He was 87. The cause was multiple organ failure after a long illness, the José Saramago Foundation said in an announcement on its Web site.

2010/06/15

"Padre João Resina: o engenheiro de Deus"

Por António Marujo, Público, 11.06.2010

Havia quem não gostasse das homilias do padre João Resina, que morreu no dia 3, em Lisboa. Quando passou pela paróquia de Santa Isabel, em Lisboa, era escutado por agentes da PIDE, polícia política do Estado Novo, que tentava apanhá-lo nas críticas ao regime.

Os agentes colocavam-se junto das colunas de som, com gravadores. O padre João decidiu fazer o mesmo, para que a PIDE não inventasse acusações: escondia um gravador sob o altar. Antes do fim da missa, tirava discretamente a cassete e guardava-a.

"Nunca em Santa Isabel houve tanta PIDE", recorda ao P2 José Maria Fontes, de 79 anos, sacristão durante 39 anos, até Janeiro de 2000. "Ficavam perto das colunas." Ainda assim, João Resina não foi molestado pela polícia política.

Vários amigos passaram a gravar as homilias. Já em democracia, alguém lhe pediu que escrevesse uma síntese. No final das missas, o padre passou então a dar, a quem pedia, a folha com o resumo. O hábito deu origem aos dois volumes de A Palavra no Tempo (ed. Multinova e Entrelinhas, respectivamente), que recolhem muitos desses textos.

João Manuel Resina Rodrigues nasceu a 5 de Outubro de 1930, em Carnaxide (Oeiras). Em 1953, licenciou-se em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico. Só depois decidiu ser padre: foi ordenado em 1959. O gosto pela ciência fê-lo regressar ao Técnico, onde deu aulas durante 30 anos e integrou o Centro de Física da Matéria Condensada. Publicou várias obras sobre Física e História e Filosofia das Ciências.

Augusto Moutinho, de 71 anos, professor da Universidade Nova, foi seu colega no Técnico entre 1974 e 1979. "Apaziguava muitas coisas que, nas universidades, são sempre difíceis de resolver", recorda. Mas era, sobretudo, um homem de ciência. E ultimamente, conta, andava "muito entusiasmado" a traduzir os Princípios, de Isaac Newton.

2010/06/14

As escalas das escolas

Existem escalas para diversas grandezas, graças às quais nem todos os valores dessas grandezas são fisicamente equivalentes, podendo mesmo determinar valores críticos, abaixo ou acima dos quais certas aproximações podem ou não ser válidas. Por exemplo, a velocidade da luz representa uma dessas escalas (que determina se é válida a aproximação newtoniana ou se se tem de considerar a teoria relativista). A constante de Planck é outra (e determina se um sistema é quântico ou se é bem aproximado pela física clássica). Por que têm estas grandezas os valores que têm e não outros é algo que a física ainda não sabe explicar, mas seguramente as nossas vidas seriam bem diferentes se esses valores não fossem estes. (Quem quiser “imaginar” como tal seria pode ler “As Aventuras do Sr. Tompkins” de George Gamow.) Estes valores possuem, assim, um significado físico bem claro.
Menos claro é o significado da escala que o governo decidiu fixar para o tamanho mínimo (em número de alunos) para uma escola poder funcionar - 20. Mesmo assim, apraz-me perguntar aos opositores desta medida se concordam que tal escala deve existir, mesmo que eventualmente tivesse outro valor, ou acham que tal escala não deveria existir? A segunda hipótese corresponde a uma teoria sem escalas fixas. Para além de tal não existir na natureza ao nível fundamental, tal hipótese equivale a uma escola só com um aluno representar o mesmo que uma escola com cinco mil alunos. É isto mesmo que defendem?
Na primeira hipótese, a de concordarem com a fixação da escala mas não com o valor proposto pelo governo, podem propor outro valor e justificá-lo? Ainda não vi nada nesse sentido.

2010/06/11

João Resina Rodrigues (1930-2010)

Estudante de Engenharia Química no Instituto Superior Técnico, tendo sido colega de curso de Maria de Lurdes Pintasilgo, viria posteriormente a ordenar-se sacerdote, tendo-se doutorado em Filosofia na Universidade de Lovaina. Regressou ao Instituto Superior Técnico como docente de História da Ciência, tendo testemunhado de perto as convulsões e crises académicas da escola antes de 1974. Ao mesmo tempo manteve sempre a atividade de sacerdote, sendo prior da Capela do Rato, que funcionava como lugar de reunião de católicos antisalazaristas. Por estas razões era elemento suspeito para o regime fascista, tendo sido vigiado pela PIDE durante as suas homilias e mesmo fora da igreja.
Já depois do 25 de Abril continuou como sacerdote e a dar aulas de física (História das Ideias e Mecânica Analítica) no Instituto Superior Técnico, tendo sido professor de grande parte dos elementos deste blogue. Das suas aulas recordo o profundo respeito pela diversidade de opiniões. Resina era um homem que sabia ouvir, e respeitava quem pensasse de forma diferente da sua. Nas suas aulas falava-nos do valor inquestionável da ciência (ele próprio foi cientista) e jamais se serviu da sua posição de docente no ensino superior público para qualquer tipo de proselitismo. Fazia questão de frisar que não estava interessado ali em saber se éramos crentes ou não.
A sua posição sobre o aborto, que podemos ler nesta entrevista a António Marujo, e que podemos sumarizar como “as leis do Estado não têm que traduzir a posição da Igreja Católica”, demonstram como um sacerdote católico pode entender o que é a laicidade. É pena que haja tão poucos assim.

2010/06/08

Polícia: basta de abusos!

Já aqui escrevi que entendo que uma polícia bem preparada e ao serviço dos cidadãos é essencial num estado de direito, pelo que não alinho facilmente em críticas demagógicas, que partem quase sempre de setores que defendem que não deveria haver polícia nem estado.
No entanto, tudo tem um limite. Num estado de direito democrático, nada está acima da lei e ninguém está isento de críticas. A recente sucessão de maus tratos, violência e coação a cidadãos indefesos, portugueses e estrangeiros, é indefensável, e demonstra inequivocamente que algo está muito mal na nossa polícia, por muito más, difíceis e humilhantes que sejam as suas condições de trabalho. É a legitimidade da polícia que está a ser posta em causa, e a seguir será o estado de direito. Os sucessivos abusos de violência por parte da polícia são inaceitáveis. Está mais do que na altura de exigir responsabilidades ao ministro da Administração Interna. A bem da polícia!

A este respeito recomendo a leitura do editorial do Público que aqui disponibiliza a Shyznogud.

2010/06/04

Israel: traçar uma linha

Embora fosse sempre de uma brutalidade descabida, o ataque desta segunda feira até teria legitimidade se fosse perpetrado em águas de Israel. Mas foi-o em águas internacionais (e mesmo que fosse nas águas de Gaza, estas pertencem à Autoridade Palestiniana, sujeita a um bloqueio ilegal por parte de Israel). O governo israelita mostrou toda a sua crueldade, e mostrou também que não tem limites na sua atuação. Age sempre em total impunidade. Talvez isso esteja finalmente para acabar.
Se os atentados de 11 de Setembro de 2001 permitiram traçar uma linha entre os antiamericanos primários, para quem tudo vale desde que seja contra os EUA, e o resto das pessoas, proporcionando uma (creio que saudável) demarcação, o ataque ao navio turco permite fazer o mesmo em relação aos apoiantes incondicionais de Israel. Quem apoiar, entender, justificar uma atitude destas deixou de distinguir o bem do mal. Está totalmente cego pelo ódio. É isso que se passa com o governo israelita e, receio, com uma boa parte do povo que o elegeu. É isso que os torna perigosos para o mundo.
A diferença (bastante significativa, porém) entre os antiamericanos lunáticos e os pró-israelitas igualmente lunáticos é que nenhum dos primeiros pode escrever um pequeno naco de prosa como este e ser levado a sério. Os segundos podem. Podem repetir esta chantagem até à náusea porque ela até hoje, podem crer, faz efeito.
Dada a crueldade do mais recente ato de Israel, condenado mesmo por muitos dos seus tradicionais apoiantes (que felizmente não perderam totalmente a capacidade de discernimento), pode ser que essa velha chantagem deixe de fazer efeito. E pode ser que, graças a isso, Israel possa finalmente ser tratado como os outros países.

Adenda: o Arrastão tem coligido documentos interessantes. Destaco este muito interessante texto do Bruno Sena Martins.

Também publicado no Esquerda Republicana

2010/06/03

Sócrates: malandro ou trapalhão?



Começo por admitir: também eu era capaz de fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para conhecer o Chico Buarque. Compreendo por isso a vontade de José Sócrates. Só que depois não diria que foi o Chico que me quis conhecer...
Este tipo de trapalhadas, esta má relação com a verdade, já se tornaram uma imagem de marca do primeiro ministro. Desta vez foi a nível internacional. Sócrates não se pode queixar assim da comunicação social: tem que se queixar de quem partiu a ideia de usar Chico Buarque para se autopromover.
Se foi dos seus assessores, sem lhe darem conhecimento, está na altura de arranjar novos (ter assessores tão caninamente fiéis nunca é muito bom - a este respeito, leia-se Ferreira Fernandes: "Ora aí está uma dessas coisas que podemos tirar a limpo sem precisar de uma comissão parlamentar. Os jornalistas que acompanham a viagem não são tantos assim (cinco?, dez?) que não possam explicar a história comum. Um deles até escreveu "segundo fonte do Gabinete de Sócrates". Agora que há um desmentido rotundo à versão que essa fonte deu, o jornalista pode chegar ao pé dela e exigir uma explicação que deve ser pública. E se a fonte não quiser explicar- -se, o jornalista, como houve mentira deliberada, está desobrigado do sigilo e pode contar a história toda. Fico à espera, confiante - o caso é simples e os intervenientes poucos.").
Se foi realmente de Sócrates que partiu tal ideia (ou teve o seu beneplácito), então Chico bem poderia ter-lhe cantado a Homenagem ao Malandro.

Também publicado no Esquerda Republicana

2010/06/02

Um autor de telenovelas ganhou o Prémio Camões

Só foi o primeiro a conseguir tal prémio porque Dias Gomes morreu precocemente. Mas nem só poemas escreveu Ferreira Gullar...